--- JEFF ---
Nós tínhamos passado praticamente 24 horas na casa dos meninos depois que tudo aconteceu, foi quase uma noite esperando Vegas e Pete, e depois todas as conversas, perdi a conta sobre as horas. Quando finalmente chego em casa com Alan ele me arrasta para o quarto, e sei que vai vir bronca por ai.
- O que tinha na cabeça em ir até lá, em? – Engulo em seco e lambo os lábios tentando organizar meus pensamentos.
- Eu fiz o que achava que deveria fazer. – Sussurro baixinho.
- Você sabia que ele estaria lá, não sabia? Como? – Eu coço a cabeça e pressiono os lábios.
- Eu... Não sei, tive uma sensação, uma espécie de memória de alguém me dizendo algo sobre estar lá no velório dele. – Alan solta uma risadinha, ele era sério e paciente a maior parte do tempo, a não ser quando estava sendo fofo comigo, sua risada de desgosto me fez encolher.
- Por que não me falou sobre isso? – Alan dá um passo em minha direção e eu dou um passo para trás.
- Porque eu fiquei com medo... – Respiro fundo.
- Até quando Jeff? Vai continuar se comportando assim e escondendo as coisas de mim? – Ele se senta na cama e suas mãos vão na cabeça.
- Daddy. – Dou um passo em sua direção e ele ergue a mão.
- Não, eu não estou falando com você como Daddy, hoje não. – Aquilo me abala, porque ele nunca tinha falado comigo antes, tento controlar minha respiração, não quero ficar tão chateado por uma frase.
- Mas... – Engulo em seco tentando controlar minhas linhas de pensamentos, eu sei que ele ficou chateado comigo, mas me punir não era mais fácil, gaguejo algumas palavras inelegíveis e ele se levanta.
- Você poderia ter falado comigo, poderíamos ter conversado sobre ir até lá, e faria isso com segurança. – Ele me encara e me encolho ainda mais, Alan se levanta e lambo os lábios. – Mas, não, roubou meu carro, fugiu, desligou o celular, arrastou Mitt que voltou mentalmente abalado. – Fungo ainda tentando controlar minhas emoções, abraço Alan pela cintura.
- Daddy, por favor. – Falo porque seu olhar de decepção está acabando comigo e o sinto respirar fundo e balançar a cabeça.
- Eu não sou um daqueles caras Jeff, não vou controlar sua vida te batendo cada vez que faz algo errado. Não se não estiver dentro das nossas regras, e isso não está, sei que pode parecer que alivia algo, mas não faz. – Ele me segura pelo pescoço me fazendo olhá-lo. – Você vai continuar alguém que se comporta como um menino birrento cada vez que é contrariado, onde está a confiança aqui? Mentir, fugir, é a segunda vez que rouba um carro meu, arrisca a vida com um cara que está tentando matar seu irmão, você ter voltado foi sorte.
- Alan. – Mal consigo falar e ele balança a cabeça.
- Fico realmente preocupado que esteja tentando se matar... Porque não consigo lidar com isso. – Empurro seu peito com força, porque também não preciso ficar lidando com essas acusações.
- Você quer falar de mentiras? Você sai enquanto eu durmo e volta todo ensanguentado, esconde suas armas, mas tem uma sala de tortura lá embaixo. As conversas do Mitt com o Lucas, ele é um profissional de tortura caramba. – Alan se afasta um pouco erguendo a sobrancelha.
- Eu estava tentando fazer um local que não parecesse aquele que você cresceu, tentando ser diferente dos homens que conviveu a vida toda Jeff, porque apesar de pensar diferente deles, meu trabalho é muito semelhante. – Ele dá um sorrisinho me fazendo ficar ainda mais chateado de ter tocado no assunto. – Na sua primeira noite aqui você me disse que eu não era tão diferente deles, desde lá eu estou tentando ser Jeff, mas por mais que eu tente, você não confia em mim, confia?
- Confio, confio sim. – Falo deixando algumas lágrimas caírem, e ele balança a cabeça em negação, depois caminha em direção a porta. – Onde você vai?
- Organizar umas coisas e deixar você pensar um pouco. – Ando até ele e pego em sua mão, mas Alan se afasta levemente. – Acho que minhas palavras foram suficientes Jeff, o que fez hoje foi muito arriscado, e sabe que não sou de perder a paciência, mas foi por um pouco que não te arrastei da asa dos meninos. – Ele sai do quarto e bate a porta com força, nunca tinha visto Alan se comportar daquela maneira, o que me deixou extremamente confuso, irritado e todas as emoções juntas comigo mesmo.
Me jogo na cama e deixo as lágrimas fluírem, soluço agarrado no travesseiro e perco a noção de quanto tempo passa, até sentir as mãos de Alan me cercando e sou puxado para o seu colo. Me ergo me sentando com suas pernas entre meus joelhos e abraço seu pescoço. – Desculpa Daddy... Alan... – Falo soluçando e ele acaricia meu cabelo.
- Tudo bem, tudo bem. – Ele desliza os dedos pelas minhas costas daquele jeito que me acalmava e respiro fundo. – Vamos tomar um banho, eu preparei a banheira com as coisas que gosta e trouxe jantar. – Eu respiro fundo tentando controlar minha respiração.
- Eu... Vou passar a fazer terapia mais vezes para entender o que está acontecendo Alan, eu realmente confio em você, só não achei que era seguro. – Me afasto olhando em seus olhos e Alan acaricia meu rosto, ele parecia mais calmo.
- Eu sinto muito se te abalei mais cedo, mas não pode dar uma birra sempre que precisa de algo, pegar o carro e sumir, arriscar sua vida, você se comporta como um adolescente, comunicação é o ponto principal. – Assinto e ele me ergue, me enrolo nele, abraçando seu pescoço e nós vamos em direção ao banheiro, Alan me ajuda a tirar a roupa e nos enfiamos na banheira. – Quer saber mais dos meus negócios...? – Estou sentada em se colo enquanto ele lava minha cabeça.
- Não tudo, mas seria interessante. – Alan concorda e beija meu pescoço, parece que seu estado calmo voltou.
- Você ainda está bravo comigo? – Pergunto me virando para ele.
- Um pouquinho chateado. – Sua testa se encosta na minha. – Queria ser a primeira a contar as coisas.
- Desculpe. – Encosto minha cabeça em seu peito e ele acaricia minha cabeça.
- Nós chegamos lá, é um processo, vamos sair para comer antes que esfrie. – Alan se ergue e veste um roupão e eu estendo os braços para ele, recebo um sorriso de volta, saio da banheira, me enxugo e depois visto um pijama.
Nós comemos na cama e Alan coloca algumas coisas na minha boca. – Eu já posso te chamar de Daddy de novo? – Sua cabeça se inclina para a minha e ele beija minha bochecha.
- Certo, mio piccolo monello, come potrei dire di no a questo? – Sorrio e subo em seu colo. – Como poderia me recusar?
- Eu te amo Alan. – Sussurro acariciando seu cabelo e ele estava tão distraído com a comida e sorrindo depois de falar comigo que demora a entender, e ai arregala os olhos e me encara.
- Não... – Eu tapo sua boca.
- Shiu, não foi por causa de nada, eu só percebi... – Ele me abraça pela cintura e distribui beijos pelo meu pescoço me fazendo sorrir, me enrosco nele mais forte.
- Também te amo, little. – Beija minha testa.
- Eu quero sobremesa. – Sussurro e ele semicerra os olhos, sorrio grande. – Eu te amo muitão.
- Engraçadinho, vou buscar – Ele trás um bolo de chocolate e nós comemos juntos enroscados na cama, adormeço um pouco mais leve.
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Sob Minha Autoridade (AlanJeff)
RomanceÉ engraçado como confio nele agora, o modo como me sinto confortável e o deixo ver meu estado mais indefeso, isso não era assim antes, eu o odiava, achava ele tão perigoso quanto o pai de Vegas. Perigoso ele ainda é, assustador também, às vezes, só...