V

89 9 4
                                    

Depois de tanto tempo trabalhando, finalmente deu o horário de saída. Eu estava exausta, mas feliz, pois meu primeiro dia foi ótimo, embora um pouco esquisito.

Peguei o elevador e desci. No caminho para a saída, encontrei Angie, e fomos conversando até ela se despedir e ir embora com uma garota que eu não conhecia. Talvez fosse a namorada dela, quem sabe?

Agora, eu me encontrava na calçada, esperando o Uber que pedi. Para o meu azar, começou a chuviscar, e eu estava sem guarda-chuva. Coloquei meu celular dentro da bolsa e tentei proteger o máximo possível, afinal, era a minha única bolsa boa.

A verdade é que eu estava com medo. Já era quase meia-noite, e a chuva, embora fraca, só aumentava a sensação de insegurança. Se alguém quisesse me sequestrar, essa era a hora perfeita.

Foi quando ouvi passos. Ótimo! Só porque pensei nisso, alguém apareceu para me sequestrar.

Mas, para minha surpresa, não era um bandido ou alguém da máfia. Era apenas um homem com roupas largas e um boné para trás.

— Olá — disse ele, se aproximando e me encarando de cima a baixo.

Olhei para ele, avaliando sua presença.

— Oi — respondi de forma seca.

O homem parou a alguns passos de mim, ainda me observando com um olhar estranho. Eu estava desconfortável, mas tentei não demonstrar.

— Está sozinha, gata? — Sorriu para mim enquanto colocava suas mãos no meu ombro.

Meu corpo se retesou instantaneamente. Dei um passo para trás, tirando a mão dele do meu ombro de maneira firme.

— Não estou sozinha — menti, tentando manter minha voz firme. — Estou esperando minha namorada.

O sorriso do homem sumiu por um segundo, mas logo voltou, mais debochado.

— Ah, é? E onde ela está? — perguntou, dando outro passo em minha direção.

Meu coração começou a acelerar. Olhei para os lados, desesperada, tentando ver se alguém mais estava por perto, mas as ruas estavam praticamente desertas. Antes que eu pudesse responder, o homem havia se afastado e uma mulher loira, um pouco mais alta que ele entrou na minha frente, segurando um guarda-chuva.

Era... a minha chefe.

— Aqui — Disse, com um tom possessivo e amendrontador.

O homem hesitou por um momento, mas em vez de recuar, ele deu um sorriso ainda mais ameaçador.

— Ah, é? — disse, se aproximando novamente, e dessa vez com mais confiança. Ele estendeu a mão em minha direção, tentando tocar meu rosto. Meu coração disparou.

Antes que eu pudesse reagir, ele foi abruptamente afastado com força. Alondra tinha agarrado o braço dele com uma firmeza assustadora, seus olhos faiscando de raiva.

— Eu disse: aqui — ela repetiu, sua voz baixa e fria, como uma ameaça velada.

O homem tentou se livrar do aperto dela, mas ela não soltou. O sorriso arrogante dele desapareceu, substituído por uma expressão de surpresa e medo.

— Solta, porra! — ele rosnou, mas sua confiança havia sumido.

— Se você encostar nela de novo, eu garanto que vai se arrepender — Alondra sussurrou, inclinando-se para ele, o olhar dela perfurando o dele.

Finalmente, ela o soltou, empurrando-o para trás. O homem tropeçou, olhou para nós duas com raiva, mas decidiu não tentar a sorte. Ele se virou e saiu rapidamente, olhando por cima do ombro uma última vez antes de desaparecer na noite.

BOSS - Railo Onde histórias criam vida. Descubra agora