| Denver, Colorado
26 de Novembro, 2021
Às 09h50.ㅗ
Eu ainda estava terrivelmente espantado pela sensação gritante que encontrava meu estômago. Parecia que eu ainda podia ouvi-la falando meu nome, soando como se fosse uma brisa suave, piscando seus olhos brilhantes na minha direção.
Aquela garota era surreal.
Segurei firme a barca entre meus dedos enquanto entrava no apartamento piscando repetidamente meus olhos, ainda sem entender que raios aconteceu comigo ao ficar tão perto dela. Florence tinha o poder de me deixar, definitivamente, paralisado demais com apenas um olhar.
Eu nunca tinha sentido aquilo perto de nenhuma garota. Nenhuma. Desde que entrei no ensino médio e percebi que garotas eram complicadas demais, eu tentava entender o porquê de nenhuma delas parecer certa pra mim. Claro que todas elas eram lindas, tinha qualidades, defeitos, alguns eram nerds e fazia parte do meu "ciclo" social, mas parecia que nada daquilo era pra mim. Foi então que percebi que precisava deixar aquele desejo de encontrar a mulher da minha vida de lado, porque eu nunca a encontraria no colégio.
E, de repente, Florence surge na minha vida em uma viagem de última hora causando sensações em mim. Ela me olhava de um jeito intenso também, como se quisesse me ver por dentro, causando uma dança de borboletas no meu estômago. Meu coração parecia que iria explodir apenas em olhá-la, além de minhas mãos soando e minhas bochechas quentes, porque Florence tinha um olhar penetrante e único.
ㅡ Por que está com essa cara? ㅡ Rapha questionou, entrando na cozinha, torcendo seus lábios quando notou minha expressão de resignação.
Deixei a barca em cima da mesa, podendo notar o Rapha se aproximando com um sorriso nos lábios ao ver o café da manhã.
ㅡ Nada. ㅡ Neguei prontamente, puxando meu telefone de dentro do bolso da minha calça. ㅡ Só estava pensando.
ㅡ Na Florence?
ㅡ O que? ㅡ Soltei o ar com força, tentando entender onde ele queria chegar com aquele questionamento.
ㅡ Ué, você foi buscar o nosso café da manhã e pedir pra ela nos guiar. ㅡ Rapha deu com os ombros, puxando sua quantidade de cupcakes da barca. ㅡ O que ela disse?
ㅡ Ah... Disse que tudo bem. Que vai adorar nos guiar. ㅡ Afirmei, tentando disfarçar meu nervosismo, puxando meu telefone do bolso. ㅡ Até pediu meu número para confirmar o dia.
Assim que terminei de falar, Rapha parou de morder o cupcake ㅡ que deixou um bigode ridículo de glacer em cima dos lábios ㅡ virando seu rosto para me olhar.
ㅡ Deu seu número para dela?
ㅡ Está sujo aí. ㅡ Apontei, revirando meus olhos quando ele passou a língua pelos lábios de forma provocativa. Eca. ㅡ E sim, ela me pediu o meu número.
Um sorriso malicioso curvou-se no canto dos lábios do meu amigo, o que me fez olhá-lo.
ㅡ Saquei, mas vou fingir que não.
ㅡ O que? Como assim?
ㅡ Esse seu lance com a Florence, cara. ㅡ Rapha soltou uma risada, balançando a cabeça. ㅡ Percebemos que ela tem mais atitude que você.
ㅡ Do que você tá falando, Raphael?
ㅡ Eu? ㅡ Apontou para si próprio, puxando com ele o prato que havia colado os cupcakes. ㅡ Nada, ué. Esse cupcake está delicioso, né? Prova.
Apertei meus olhos na direção dele, vendo-o disfarçar descaradamente antes de sair da cozinha me deixando sozinho. É claro que eu tinha entendido as intenções do Raphael lançando aquelas provocações, ao mesmo tempo que eu fingia demência, tentando não admitir para mim mesmo que aquele assunto me afetava. E sim, afetava.
Busquei pela minha quantidade de cupcakes, saindo da cozinha para assistir em seguida.
... ... ...
As- Eu estou bem, mãe, já disse. Ainda nem saímos de casa, só pra constar. Não tem perigo algum dentro de casa, né?
Acabei rindo, esfregando minha mão nos meus cabelos úmidos. Eu tinha acabado de sair do banho, finalizando aquela sexta tão fria. Eu ainda precisava tirar mais algumas longas horas de sono, porém, sabia que aquele trio chato não me deixaria em paz até que saíssemos para conhecer a cidade. E aquilo não estava longe de acontecer.
Mãe- Você tem certeza, né? Não quero ficar preocupada.
As- Tá tudo bem, mãe, eu prometo. Já conheci a "tia" do Rapha... Até me apresentou a filha dela.
Mãe- Filha, é?
Mordi meu lábio inferior quando lembrei instantaneamente da Florence, sabendo que a qualquer momento ela poderia abrir mandar mensagem para mim perguntando que dia poderíamos sair com ela. Aquela lembrança fez meu estômago se revirar, me sentindo ansioso para ter a presença dela.
As- Sim, o nome dela é Florence.
Mãe- Florence? Eu sempre amei esse nome. E ela é bonita?
Minhas bochechas ficaram quentes ao lembrar.
As- Eu... Eu não reparei.
Mãe- Você mente tão mau. Chamou ela pra sair?
Torci os lábios.
As- Até você, mãe?
Mãe- O que? Eu só quero ver o bem do meu filho, o que tem de errado nisso? Tá na hora de me dar uma nora.
As- Você já tem noras demais, Sra Josephine. Quer que a família cresça mais?
Mãe- É claro. Quero ver minis As antes de eu ir embora.
As- Você ainda vai viver muito, mãe, pare com isso.
Mãe- Então... Trate de chamá-la para sair logo.
As- Pelo amor de Deus, mãe, eu acabei de conhecê-la! Tenho certeza que ela vai achar estranho um garoto chamando aleatoriamente sem conhecer ela. Eu não vou chamá-la para sair... Nunca.
Mãe- Eu vou repetir isso na sua cara quando estiver casando com ela.
As- Mãe...
Choraminguei, esfregando minha nuca.
As- A senhora sabe que eu não levo o maior jeito para garotas, principalmente quando não conheço. Minha vida amorosa não é a questão.
Mãe- Esse é o problema, As, você não tem vida amorosa!
Soltei uma risada.
As- Wow, mãe, me sinto melhor.
Ela acabou rindo do outro lado da linha também.
Mãe- Você entendeu o que eu quis dizer, filho. Não quero da uma de mãe casamenteira, mas eu quero tanto te ver com uma garota... Quero que seja feliz. Amar alguém não é tão ruim assim.
As- Eu sei, mãe, tenho os melhores exemplos. Mas eu ainda não a conheço. A Florence é...
Fiquei sem palavras quando olhei para o lado de fora, com a imagem daquela bela garota atravessando minhas pálpebras, como se fosse capaz de tirar meu fôlego mesmo de longe.
Mãe- Tudo no seu tempo, As, mas não nego que já estou ansiosa para conhecê-la.
As- A senhora fala como se ela já fosse minha namorada.
Mãe- Pode até não ser ainda, mas sei que não vai demorar muito.
Mãe- Intuição de mãe.
•••
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Coração Rebelde | Vol.3
RomanceAsafe estava completamente ansioso para suas férias de fim de ano, pronto para descansar depois do último ano exaustivo que enfrentou. Ainda indeciso sobre seus próximos passos no mundo acadêmico, tudo que o Asafe queria era descansar tranquilamente...