Em Mil Visões, Um Caminho

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Enquanto isso com o 688...

688 se posicionava dentro do estreito duto de ventilação, sua mente a mil enquanto observava os dois soldados conversando de maneira relaxada, como se a sala principal fosse apenas mais um turno monótono.

S1: Cara, esse lugar está me deixando doido... só gritos e silêncio. Não sei o que é pior-Dizia um dos soldados, ajustando o capacete branco

O outro riu baixinho, segurando o rifle com uma mão enquanto coçava a nuca.  

S2: É melhor que estar lá fora com aqueles... 'experimentos'- Ele fez aspas no ar com os dedos — Aqui pelo menos a gente sabe que nada vai nos pegar desprevenidos

688 sentiu o peso do sarcasmo naquela frase, e por um breve momento, uma onda de desprezo percorreu sua espinha. Eles não faziam ideia do que estava realmente em jogo. 

688: (Eles não sabem... não sabem o que estão fazendo, apenas seguindo ordens. Mas isso... isso que eles permitem, que eles protegem... é inaceitável)

Ele ajustou a postura, prendendo a respiração. Suas mãos tremiam levemente enquanto ele se preparava para o que viria a seguir. Formou o sinal em forma de diamante com os dedos, sentindo a energia se condensando ao seu redor. Não era algo que ele fazia com frequência. "Não faço isso desde a batalha contra Scar..." O nome ecoava em sua mente, trazendo lembranças de dor e confronto. E agora, estava prestes a usar essa habilidade de novo, sabendo o quão exaustivo seria.

Os soldados continuavam a conversa, completamente alheios ao que estava prestes a acontecer.

S1: Sério, se mandarem a gente lá pra baixo de novo, eu peço pra sair. Aqueles experimentos... Ele fez uma pausa, com um olhar desconfiado 

S1: Você já viu o que fazem com os bebês? Não dá pra continuar assim, cara."

S2: Nem me fala, mas quem somos nós pra questionar? Seguimos ordens e vivemos outro dia-  O outro respondeu, agora mais sério

688 ouviu cada palavra com um nó se formando em seu estômago. Bebês. Crianças. Isso o deixava nauseado. "Não... eles não merecem mais viver. Não depois disso."

Com os dedos agora formados no gesto ritual, ele liberou o poder que acumulava. O ar ao redor pareceu encolher, como se o próprio tempo estivesse se comprimindo. A sala escureceu por um breve segundo, e então... o vórtice negro surgiu no meio do ar, rápido e fatal. O portal se expandiu, cortando os dois soldados ao meio em um silêncio macabro. A parte superior de seus corpos foi engolida pela escuridão do portal, enquanto as pernas caíam no chão com um som surdo. Um breve estalo, como madeira seca partindo.

688 respirava com dificuldade, o suor escorrendo pela testa. "Merda..." Pensava, tentando regular a respiração. Sentiu o mundo girar por um instante, seu corpo exausto após o ataque. 

Ele se inclinou para frente, apoiando-se na parede da ventilação enquanto sentia o sangue pulsando em suas têmporas. Cada músculo protestava, como se estivesse prestes a falhar. Ainda assim, ele sabia que não tinha tempo para fraquezas. Ele precisava continuar. Precisava terminar o que havia começado.

O som da grade caindo ao chão quando ele a chutou ecoou pela sala, um ruído metálico que parecia acordar o ambiente ao seu redor. 688 caiu de pé, seus joelhos protestando com o impacto. 

Após o ApocalipseOnde histórias criam vida. Descubra agora