Hope observou o corpo sem vida de seu pai, a pele enrugada e sem cor, como se algo tivesse sugado toda sua essência. O ar ao redor parecia pesado, quase sufocante, e o silêncio da fazenda agora era ensurdecedor. As flores santas ao redor da propriedade tremulavam com a brisa suave, emitindo um leve brilho dourado. Elas eram a única barreira entre ela e os enfermos das trevas, aquelas criaturas abomináveis que rondavam as terras além das flores, sempre esperando por uma oportunidade para atacar.
Hope se ajoelhou ao lado do corpo do pai, o coração acelerado e a mente em desordem. A morte súbita dele era inexplicável, mas algo dentro dela sabia que isso tinha a ver com os enfermos. Seu pai sempre lhe dizia que as flores santas protegiam a fazenda, mas nunca explicara como ou por quê. Agora, sozinha, ela precisava descobrir a verdade.
Ela ergueu o olhar para a vasta extensão da fazenda. As colinas suaves, os campos dourados pelo sol, tudo parecia calmo, mas Hope sabia que, ao cair da noite, as coisas mudariam. Os enfermos sairiam de seus esconderijos, atraídos pela energia humana. Não apenas pelo corpo, mas pela alma.
De repente, Hope sentiu uma leve pulsação em seu peito. Uma sensação quente, como um brilho interior. Era uma força que ela havia sentido antes, mas nunca com tanta intensidade. Seu pai sempre falava que ela era especial, que ela tinha um poder antigo dentro de si, algo que nem ele compreendia completamente. Mas agora, ela sentia essa força como nunca antes, e sabia que poderia ser a única coisa que a manteria viva.
Determinação se firmou em seu coração. Ela não podia simplesmente sobreviver – ela precisava lutar. Hope se levantou, limpando as lágrimas do rosto. A fazenda, com suas flores santas, era um refúgio temporário, mas não seria o suficiente para protegê-la para sempre. Ela precisava entender como usar seu poder, e rápido.
No celeiro, onde seu pai guardava livros antigos e artefatos, Hope começou sua busca por respostas. Vasculhou prateleiras empoeiradas e abriu baús esquecidos até que, no fundo de um deles, encontrou um diário amarelado e uma chave prateada. O diário tinha o nome de sua mãe gravado na capa, alguém de quem seu pai raramente falava. Ao abrir o livro, suas mãos tremeram levemente.
As primeiras páginas falavam sobre a fazenda e as flores santas, explicando que elas eram cultivadas com o sangue de sua família por gerações, e que a proteção que ofereciam estava ligada à linhagem de Hope. No entanto, com o tempo, as flores começariam a enfraquecer. "Quando o último protetor cair", dizia a última anotação, "aquela com o poder dentro de si será a chave para acabar com os enfermos".
Hope soube naquele instante que o tempo estava se esgotando. Ela era a última protetora.
Agora, mais do que nunca, ela precisava entender seu poder e como usá-lo contra os enfermos. Pegando a chave prateada, ela sabia que sua próxima parada seria o porão, um lugar onde seu pai nunca a deixava entrar. O coração batia rápido de antecipação e medo. O que estaria escondido lá embaixo? E como aquilo a ajudaria a sobreviver à noite que se aproximava rapidamente?
Com um último olhar para o corpo de seu pai, Hope jurou que não deixaria que sua morte fosse em vão. Ela descobriria a verdade sobre os enfermos e, com seu poder, os derrotaria.
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Fazenda Maldita
HorrorVocê sabe quem é, ou onde está? A Hope precisa descobrir antes que isso custe tudo o que ela ama.