JAKE
Eu odeio caçar.
Exige a paciência que não tenho.
Me aprofundei na floresta perto da fronteira por ser onde mais enchia de animais selvagens durante o inverno para achar alguma coisa que servisse de refeição. Quase pensei em desistir, dar meia volta e roubar alguma barraca, até qe vi uma garota passando por mim.
Não fui visto porque eu estava escondido atrás de um tronco grosso de uma árvore. Pelas roupas, zero armamentos e forma desastrosa que andava deixando rastros, não devia ser uma caçadora.
Com cautela e por estar entediado, a segui em silêncio, apontando o arco pro baixo. Cada vez mais, nos aproximando da Muralha.
Ela vai cruzar a linha?
De repente, se escondeu em arbustos e tudo aconteceu muito rápido. Um lobo imenso, maior que qualquer um que eu já tinha visto, apareceu do completo nada. A criatura não havia nos notado e pensei em atrair a atenção da garota para que ela se afastasse, porém meu queixo quase caiu no chão assim que ela saiu do esconderijo e se colocou diante a besta de pelagem branca.
Meio escondido atrás da árvore, levantei o arco, o lobo na mira. Pronto para atirar nele caso ousasse atacar a garota.
─ Finalmente te encontrei, Andras maldito!
Estreitei os olhos, aguçando os ouvidos.
Ela 'tá falando com o bicho?
O lobo paralisou ao escutar sua voz, como se de fato a entendesse. A garota continuou insistindo em "conversar" com ele, até que a besta partiu numa velocidade incomum. Eu devia ter suspeitado pelo tamanho surreal, um feérico.
Uma Filha dos Abençoados?
Sorri de orelha a orelha, pensando em formas de tirar proveito para ter uma grana fácil.
A garota deu meia volta, se aproximando do caminho que fez. Estando próxima o suficiente, me revelei, lhe apontando uma flecha que se eu soltasse aceitaria sua testa.
─ Você... é simpatizante deles?
A observei tombar a cabeça, fazendo algumas mechas de seu cabelo preto caírem diante seus olhos amarelos, os quais ela colocou através da orelha para não nublar sua visão. Lhe avaliando da cabeça aos pés, a julguei ser familiar aos meus olhos, além de ser claramente pertencente a uma família de boa condição.
Talvez tivéssemos nos esbarrados e eu não lembro.
─ Deles quem?
─ Eu vi ─ sinalizei com a flecha para atrás de si e voltei a usá-la como alvo em potencial ─ e ouvi. Tudo.
─ Não deveria me ameaçar, moleque.
Arqueei a sobrancelha.
─ Não sou "moleque", já sou de maior!
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Clare Beddor - ACOTAR
FantasyReencarnei como Clare Beddor. Dentre tantos personagens fodas pra virar, me transformei logo numa humana meia boca que vai morrer no primeiro livro no lugar da protagonista. Seja lá que divindade decidiu fazer chacota da minha cara, eu que n...