Vallentine
Eu ainda estava em choque, minhas mãos tremiam.
O toque de Damien ainda queimava na minha pele, mas infelizmente, éramos obrigados a sair daquilo.
Ai que vontade de queimar essa casa com todos aqueles desgraçados dentro!
Cada passo, cada respiração parecia mais difícil.
A escuridão do lado de fora nos envolvia, com apenas as luzes das sirenes iluminando o céu. A polícia estava aqui, sim, mas isso não me trazia conforto nenhum.
Eram um bando de corruptos, loucos por poder e do dinheiro. Esses homens jogavam sujo. Tinham poder para controlar quem quisessem. Eramos apenas peças descartáveis.
Damien puxava meu braço, por entre os arbustos enquanto nos afastávamos da casa. O som das folhas secas sendo esmagadas sob nossos pés se misturavam com nossa respiração ofegante, Damien estava impassível. Ele sabia o que estava fazendo, tinha feito isso muitas vezes com certeza.
- Vamos, mais rápido! – a voz de Damien era um sussurro, carregada de urgência. – Estão cercando o perímetro. Se não sairmos da floresta agora, seremos pegos. –
Eu queria exigir respostas. Por que tudo isso estava acontecendo? Como ele sabia tanto? Mas as perguntas ficaram presas na minha garganta. A única coisa que importava era sair viva dessa noite.
Damien
Eu podia sentir o pânico crescendo em Vallentine, seu corpo tenso, o medo irradiando como ondas. As sirenes não paravam, era um barulho incessante e irritante. Aqueles homens fariam de tudo para silenciá-la. E por tabela, a mim também.
A floresta nos cercava, as sombras cercado pelas árvores antigas. Eu conhecia esse terreno como a palma da minha mão, mas isso não tornava as coisas menos arriscadas. Um movimento errado, uma hesitação, e tudo estaria acabado.
Enquanto corríamos, eu analisava cada possível rota de fuga. Eu já havia previsto saídas, mas essa caçada estava se tornando mais perigosa do que eu esperava.
Mesmo que toda essa bagunça estivesse acontecendo, eu não podia ignorar o que senti quando quase a beijei. O toque dos lábios dela, a proximidade, o caos ao redor nos empurrando um para o outro, tive que me controlar para não a possuir ali mesmo.
Eu sempre mantive o controle, sempre. Mas com ela... era diferente. Vallentine não era como as outras. Ela me fazia querer perder o controle.
- Ali,–murmurei, indicando um caminho à esquerda que se abria para uma estrada lateral. – Se atravessarmos aquele campo, teremos cobertura até a cabana. É uma chance.–
Ela olhou para mim, os olhos arregalados, tentando entender. Ela estava exausta, tanto quanto eu.
- Confia em mim! – falei, mais firme desta vez.
Vallentine
As palavras dele ficaram ressoando na minha mente enquanto corríamos. Como eu podia confiar nele? Tudo o que eu sabia era que ele era perigoso, um assassino.
E ainda assim, meu corpo respondia ao comando dele.
Meus pés se moviam no ritmo. Eu confiava. Não gosto de admitir, mas confiava.
Enquanto corríamos pelo campo aberto, o som das sirenes parecia mais distante, mas isso não significava que estávamos seguros. Damien apertava minha mão, mantendo-me perto, quase como se tivesse medo de que eu sumisse.
A noite estava escura, e eu não conseguia enxergar muito à frente, mas o jeito como ele se movia, determinado e focado, me dava uma falsa sensação de segurança.
Falsa, porque, de repente, ouvimos um tiro.
O som cortou o ar, fazendo meu coração parar por um segundo.- Merda! – Damien puxou-me para o chão, e nós dois nos jogamos atrás de uma pilha de madeira velha.
Eu estava entrando em desespero, eles estavam nos cercando.
Outro tiro.
- Fique abaixada! – ele ordenou, sua voz grave, tensa. – Eles estão perto, mas não sabem onde estamos exatamente.–
Eu mal conseguia respirar. Meu corpo tremia de medo, mas eu não podia ceder. Não agora. Eles estavam nos caçando como animais, e eu era o prêmio.
– Por que eles querem tanto me matar?– perguntei em um sussurro desesperado.
Damien olhou para mim por um momento, seus olhos intensos, sombrios. Ele hesitou, mas então, sua voz saiu baixa, como um aviso.
– Porque você sabe demais! –
Eu ia responder, mas então ouvimos o som de passos se aproximando.
Eles estavam perto. Eu podia ouvir a respiração deles, quase sentir o cheiro do perigo no ar.
Damien ficou em silêncio, me puxando mais para perto. O calor de seu corpo ao lado do meu fez minha mente girar. Eu deveria estar aterrorizada, mas tudo o que conseguia pensar era no quanto estávamos perto, em como ele fazia tudo parecer menos assustador.
Mais tiros. O som me fez encolher, mas Damien não recuou. Ele olhou ao redor, procurando uma brecha, um caminho.
– Eu vou distrair eles! – ele sussurrou, sem me olhar. – Você corre na direção oposta, segue o rio até a cabana. Eu vou logo atrás de você.
– Não Damien você não-
Tentei protestar, mas ele já estava de pé, correndo na direção dos tiros. Meu coração parou por um segundo.
Ele... ele ia morrer? Não! Isso não podia acontecer!
Eu hesitei, mas então comecei a correr. Meu corpo inteiro doía, meus pulmões ardiam, mas eu continuei. Segui o som da água, o rio ao longe, cada passo mais difícil do que o anterior. Eu corria por minha vida...por Damien.
Por favor Damien, fique vivo!
Damien
Ouvi Vallentine correndo, enquanto eu ia de encontro ao perigo. Os homens estavam próximos, e eu sabia que, se quisesse tirá-la disso viva, teria que matar um por um..
O terreno me favorecia, e mesmo no meio da escuridão, eu conseguia me mover como um fantasma.
Dois deles estavam à frente, focados no campo aberto.Por sorte eles não me viram chegando. Com um movimento rápido, peguei o primeiro pela garganta, quebrando seu pescoço com um estalo seco antes que pudesse gritar.
O outro se virou, e veio pra cima de mim. Peguei uma faca que tinha comigo, e enfio na jugular, fazendo com que seu sangue jorre no meu rosto, e logo ele estava no chão, morto.
Minha mente estava focada em proteger Vallentine.
Ela era a chave de tudo. Ela poderia ser a resposta para eu me salvar, eu... eu não podia deixá-la morrer.Me afastei dos corpos, correndo na direção onde a deixei. O caminho para a cabana era longo, mas se ela tivesse seguido minhas instruções, estaria a salvo.
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Fique ao meu lado
FanfictionAo escapar de uma organização criminosa que a mantinha como refém, Vallentine acreditava ter deixado seu passado sombrio para trás. Mas quando ela se vê novamente na mira de seus antigos raptores, sua única chance de sobrevivência é aceitar a prote...