Entre Ruínas (Vol. 2)

Capítulo 48

Stella Lancellotti

Me sento na cama com a respiração desregulada. Com os olhos perdidos procuro por Seth e o encontro ao meu lado com a mão em minha coxa e um olhar preocupado. Pisco fortemente voltando a raciocinar de maneira clara.

Eu tive um pesadelo, eu acho. Não me recordo o que foi, mas sinto meu corpo dolorido e suado demais. A mão quente apertou de leve minha coxa, eu o olhei por alguns segundos buscando um pouco de calma para o meu coração acelerado. Me deito em seu ombro e fico ali, sentindo seu cheiro gostoso em mim.

— Está se sentindo melhor? — pergunta ainda acariciando minha coxa.

— Sim, Principe. Acho que foi um pesadelo. Não me lembro.

Seth assentiu beijando o topo da minha cabeça antes de voltar a ler seu livro comigo apoiada em seu corpo grande voltando ao meu sono. 

Assim que acordei, dessa vez sem pesadelos, me direcionei para a cozinha junto do príncipe procurando por algo para comer. Abri um sorriso assim que me deparei com o loiro do outro lado da cozinha. O senhor Evans me olhou assim que percebeu nossa presença.

— Bom dia, querida. Dormiu bem? — questiona abrindo seus braços, mesmo tímida me joguei contra seu corpo aceitando o abraço forte dele.

— Eu até que dormi bem, sim. — respondo, ocultando meu pesadelo esquecido. — E o senhor, o que faz aqui?

— Uma visita rápida. — da de ombros abrindo um leve sorriso. — Meu marido já está a caminho da Bloomwood Manor com a Lobinha, meu filho está ocupado com a Supernova e eu decidi vir aqui com o Ryan visitar a matilha.

— Bem-vindo, tio. — cumprimenta Seth o abraçando de maneira rápida antes de se sentar na mesa e começar a servir nossos pratos.

— Soube que veio treinar os outros na floresta. Como vai o treinamento?

— Lento, como sempre. São uns desastres, mas estão melhores do que quando eu os encontrei.

Benjamin sorri balançando a cabeça. Nos sentamos com Seth que me entregou meu café da manhã, logo Joseph se juntou a nós com sua companheira, Camila e um pestinha bagunceiro que logo correu para os braços do pai.

Como todo dia de treino, eu os levo ao seu limite total, mantendo-os lúcidos. Kimbroug é o mais instável deles. Sua cabeça quente o faz um guerreiro forte, mas também burro no mesmo nível. Ele precisa ser moldado ainda mais, preciso trabalhar esta brutalidade para que ela seja útil quando as sombras.

Sui He já é o oposto dele. Mesmo que não seja uma das lobas mais fortes, ela compensa pensando rápido e atacando com firmeza. Parece que nem mesmo precisa usar seu lado loba para lutar contra Kimbroug ou as sombras, ela luta como se fosse treinada por humanos a vida toda. Inteligência ao invés de força, um compensa o outro.

— Eles parecem mais ágeis do que da última vez que os vi. — elogia Benjamin ao meu lado observando-os lutar usando apenas a luz da lua para identificar a sombra do outro.

— Obrigada. — gracejo olhando-o com um sorriso orgulhoso, recebendo um aperto no nariz do homem que ri baixo. Seus olhos se encontram com o homem sentado em uma árvore um pouco distante de nós com um outro livro em mãos. — Vocês parecem distantes. Está tudo bem?

— Estamos bem... — murmurei engolindo em seco levando meus olhos para o deus sol por alguns instantes. — Ele só não está aceitando bem a minha morte, ainda.

— Mas você está viva.

— Sim, eu sei. — respondo rindo fraco. — Kimbroug, Ryan consegue acertar esse golpe melhor que você e ele é um bebê. Comece de novo. — grito ouvindo o lobo rosnar e girar a espada na mão voltando a se concentrar no golpe que estou ensinando.