Jorge encontrou o filho no aeroporto de Uberlândia e Rodolffo estava claramente diferente. O semblante, o estado físico não lhe diziam que ele estava na melhor fase da vida.
- Meu pai... - ele buscou o abraço do pai e se abraçaram. - Sua benção?
- Deus abençoe. Veio sem nos avisar... Por que fez isso?
- Por que tem quase três dias que viajo e eu queria fazer surpresa. Aqui é o meu lugar. Eu fui reprovado no doutorado.
Jorge olhou para e ficou surpreso.
- Eu não estou triste por isso pai. Não houve um dia sequer que estive totalmente entregue a esse projeto. A fulga não funcionou dessa vez.
- Então voltou para lutar pelo seu maior projeto?
- Eu vou lutar para reconquistar a Juliette.
Jorge pensou e repensou, mas decidiu ser franco.
- Talvez não haja mais lugar para você na vida de Juliette. Ela já não está sozinha.
Rodolffo ficou desapontado.
- O senhor encontrou com ela?
- Sim. Foi um encontro por acaso.
- É... Não era isso que eu queria ouvir.
- Você a teve. Você a perdeu por ser um idiota e não pode se lamentar agora. A sua mãe errou muito com você e eu também errei. Te fizemos acreditar que o mundo era seu, mas não é. Se você fechar uma porta, ela pode nunca mais se abrir.
- Ela está casada? Se ela estiver, me conformo, mas se não, ainda irei atrás dela. Estou determinado.
- Rodolffo você acusou aquela garota de algo que magoa muito.
- Pai... Eu estava desapontado. Fiquei fora de mim.
- Desapontado? Não. Você estava a julgando de vadia mesmo. Tire a sua máscara Rodolffo por que não adianta parecer bom se no seu íntimo você não é nada disso. Talvez esse tenha sido um dos motivos que fizeram a sua namorada fazer o quê fez a 15 anos atrás.
Rodolffo deu dois passos para trás e ficou de olhos arregalados para o pai.
- Tá vendo? Isso magoa, não é? Você sempre quis ser perfeito e obviamente deve ter exercido as suas vontades sobre aquela garota. Ela não suportou toda a pressão e acabou fazendo o pior.
- Pai... O senhor nunca falou assim comigo. Isso não é justo.
- Não é justo, mas você também não foi justo com Juliette. Ela só queria o seu amparo e você a acusou de golpista e interesseira. Sinceramente, estou na torcida para que ela não fique com você nunca mais. Aquela garota merece alguém melhor.
- O senhor não me ama mais? Parece ser outra pessoa.
- Eu ando me questionando muito sobre o amor. Te amar, eu te amo. Assim como amo a sua irmã e também a sua mãe, mas não podemos fechar os olhos e fingir que somos perfeitos. Ultimamente sua mãe e eu estamos separados.
- Por que pai?
- Por que decidimos.
- Eu não acredito nisso. Vocês se amam.
- Amor não é suficiente. Você vem comigo? Eu te deixo em casa.
- Eu vou pai.
Rodolffo foi no banco traseiro e Jorge ouvia os soluços dele. Também chorou enquanto dirigia. Sua vida não estava fácil, passando por altos e baixos.
A descoberta da espera por Ana lhe trouxe bastante alegria em meio a tantos dias tristes. Mas se dependesse dele, Rodolffo não iria saber da chegada da filha tão cedo.
...