| Denver, Colorado
27 de Novembro, 2021
Às 08h02.ㅗ
O cheiro delicioso dos bolos me atingiram assim que passei pela porta da cozinha da Confeitaria, notando minha mãe se inclinando para frente enquanto decorava os doces. Ária estava bem atrás dela, entretida demais na panela, balançando seu corpo em um ritmo sem som.
ㅡ Querem ajuda? ㅡ Sugeri, caminhando até a pia depois de puxar meu avental. Notei também o Wiley entrando pela porta dos fundos, junto com mais dois garçons, segurando grandes sacos. Provavelmente era nova encomenda de farinhas.
ㅡ Oi, Flor. Não deveria tá na floricultura?
ㅡ Combinei com o Ottis de ajudá-lo mais depois no almoço. ㅡ Afirmei, levando minhas mãos com cuidado. ㅡ E também gostaria de cozinhar com minha família.
ㅡ Que estranho... ㅡ Ária murmurou, desligando o fogo após terminar. Ela havia acabado de preparar uma geleia de cereja, que normalmente usava para rechear os cupcakes, que era a receita favorita dela. ㅡ Onde quer chegar com essa melação?
Soltei um resmungo, batendo com meu quadril no dela de brincadeira.
ㅡ Não posso cozinhar mais com minha família? ㅡ Fingi estar magoada, puxando a fornalha de cookies dentro do forno ao cheirá-los. Minha mãe gostava de fazer cookies, mas depois de provar e ver cookies coloridos, tinha adotado a ideia de fazer aquela receita com recheio. ㅡ Eu posso ser florista, mas também amo a gastronomia.
Ária me olhou com uma expressão desconfiada, enquanto minha mãe se animou com a ideia de me ter ali na cozinha e logo disse o que eu precisava fazer. Comecei a ajudá-la a decorar os bolinhos, além das fatias de tortas e bolos, terminando também com a Ária ao rechear os bolos.
Claro que minha mãe passou aquele amor por doces até a mim, mesmo que minha vida mesmo seja as flores. Por mim, eu conseguia conciliar aquelas duas paixões, porque era bom demais herdar aquele talento. Eu também tinha puxado aquele traço do meu pai, eu era ótima administrando e organizando certas coisas, assim também como conseguia me apaixonar por uma coisa e me dedicar.
ㅡ Eu não te vi hoje no café. ㅡ Meu pai comentou assim que me notou ao seu lado, enquanto eu terminava de fechar a vidraria no balcão ao colocar o bolo recém decorado ali dentro. Aquela altura da manhã o café já estava relativamente cheio e movimentado.
ㅡ Oh, pai, eu... ㅡ Desviei meus olhos quando me senti sem jeito, lembrando do que eu estava fazendo. Assim que terminei meu banho naquela manhã, voltei a minha cama com o notebook na mão, buscando por mais informações do Asafe. ㅡ Eu só acordei um pouco mais tarde.
Meu pai ergueu à sobrancelha, parecendo desconfiar que eu estava envergonhada e também escondendo qualquer que seja as coisas que eu estava tentando esconder. Aquele meu lado meio psicopata não era necessário ser exposto, principalmente a alguém da minha família que não seja a Ária.
ㅡ Alguma problema na floricultura?
ㅡ O que? Não, claro que não. ㅡ Neguei subitamente, umidecendo meus lábios com a língua ao perceber que estava inerte demais. ㅡ Está tudo ótimo, pai. Eu puxei ao senhor, lembra? Sou ótima com os negócios. ㅡ Cutuquei seu peito, o que arrancou uma risada dele.
ㅡ Concordo plenamente. ㅡ Nós dois olhamos na direção da porta da cozinha, notando minha mãe saindo de lá com duas sacolas de papel em mãos. ㅡ A Flor tinha que ser igual a você, né?
ㅡ É linda como a mãe, tem que ter um traço meu, pelo menos. ㅡ Meu pai abriu um sorriso convencido, piscando para mim enquanto ia abraçar minha mãe. ㅡ Eu só vim vê-las antes de ir para a academia. Eu e o Tarantino estamos cheios hoje.
ㅡ Isso é ótimo, amor. ㅡ Minha mãe deixou um selinho nos lábios do meu pai, em seguida estendeu as sacolas em minha direção. ㅡ Está tudo sob controle aqui, podem ir. Eu e a Ária estamos bem.
Ouvimos um grito dentro da cozinha, o que me arrancou uma risada.
ㅡ Até mais tarde, mãe. ㅡ Deixei um beijo em sua bochecha, segurando as sacolas entre meus dedos antes de puxar o avental e entregá-la.
Corri para fora da Confeitaria depois de me despedir do Wiley, correndo em direção a floricultura em seguida. O céu azul iluminava bem Denver, assim também como a alegria das pessoas que restavam ali nas férias ㅡ como Denver não era uma cidade grande, boa parte das pessoas gostam dali apenas nos feriados de fim de ano. Até porque no final de ano sempre neva, então na visão da maioria das pessoas, Denver no verão costuma ser "sem graça".
O que, para mim, é uma grande besteira. Não verão eu costumo vender mais e é ótimo ver as flores nascendo e sendo vendidas para cada sorriso diferente.
ㅡ Florence? ㅡ Parei de andar quando ouvi meu nome sendo chamado. ㅡ Oi, Florence!
Era a Ally. Uma cópia fiel do Asafe, já que são gêmeos. Só em vê-la me fez lembrar dele rapidamente, ainda tentando entender como ele ficou me observando daquele jeito explicito no dia anterior, antes de disfarçar e fingir que nada aconteceu. Foi até engraçado vê-lo tímido.
ㅡ Oi, Ally. Passeando?
ㅡ Um pouco. ㅡ Sorriu de um jeito sem graça, encolhendo os ombros. ㅡ Denver é bem mais bonita pessoalmente.
ㅡ Concordo com você. ㅡ Lancei uma piscadela. ㅡ Quer entrar e conhecer a floricultura?
ㅡ Só se me disser que tem cactos.
ㅡ Gosta de cactos?
ㅡ Gosto. São um pouco peculiares e espinhosos, mas carregam dentro de si uma beleza estonteante capaz de florescer uma flor. ㅡ Explicou-se, com os olhos brilhando. Abri minha boca em choque, surpreendida com a explicação da Ally, sem imaginar que ela entendia aquilo. Não era nada comum. ㅡ O que foi?
ㅡ Fui positivamente surpreendida por você. ㅡ Inclinei minha cabeça para o lado, tentando achar o melhor jeito de dizê-la que tinha certas intenções nada convencionais com o irmão dela. ㅡ Pode me chamar de Flor.
ㅡ Obrigada, Flor.
Sorri.
ㅡ Qual seu favorito?
ㅡ Hm... Essa é fácil. Mammillaria. ㅡ Afirmou, juntando às mãos em frente ao corpo, parecendo envergonhada.
ㅡ Ok... Isso me surpreendeu ainda mais. ㅡ Acabei rindo, balançando minha cabeça negativamente. ㅡ Posso te fazer uma pergunta, Ally? ㅡ Dei um passo em sua direção, sentindo meu coração acelerando pela adrenalina que me atingiu em cheio.
ㅡ Claro. O que é?
ㅡ O Asafe tem namorada?
Ally me encarou por longos segundos quando minha pergunta atingiu ela, piscando repetidamente os olhos ao ser surpreendida.
ㅡ O As? Não... Por que?
ㅡ Porque eu quero conhecê-lo. ㅡ Afirmei, sentindo um rubor subir diretamente das minhas coxas até minhas bochechas, que tenho certeza que ficaram vermelhas pelo tom claro da minha pele. ㅡ E eu não posso fazer isso se ele tiver alguém e...
Ally me interrompeu.
ㅡ Ele não tem namorada nenhuma, pode ficar tranquila. ㅡ Ally garantiu, com seus lábios se abrindo em um sorriso bonito no segundo seguinte. Seu sorriso era tão bonito quanto o do irmão, o que me deixava em uma confusão, porque eu temia caso ficasse observando ela como se não fosse ela, mas sim o Asafe. ㅡ Em que sentindo você quer conhecê-lo, Flor?
ㅡ Em todos.
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Coração Rebelde | Vol.3
RomanceAsafe estava completamente ansioso para suas férias de fim de ano, pronto para descansar depois do último ano exaustivo que enfrentou. Ainda indeciso sobre seus próximos passos no mundo acadêmico, tudo que o Asafe queria era descansar tranquilamente...