Namjin - Harvard - parte 1

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Todo filho quer orgulhar seus pais, mas, na cultura coreana isso não é um desejo é um propósito na vida. Os pais tradicionalmente planejam um futuro para seus filhos e os Kim viveram 18 anos se preparando para que Seokjin e Hyejin tivessem uma boa perspectiva.


O menino seria médico e a menina faria um bom casamento. Hyejin vivia contente com seu destino predeterminado. Estudou o suficiente e cuidou da aparência ao extremo para ser uma esposa desejável. Mas, algo deu errado.


Para a família de Seokjin foi um evento importante enviá-lo aos Estados Unidos da América para a faculdade de medicina. Foi o que deu certo alívio depois de um ano onde uma tragédia aconteceu com sua irmã.


Hyejin estava viva, mas, não era a mesma. Depois de ser vítima de um estupro que virou notícia nas cidades vizinhas, não via como cumprir seu destino, então, vivia reclusa em seu quarto onde recebia algumas poucas visitas, mas, passava cada vez mais dias sozinha conforme suas amigas foram se ocupando com suas próprias vidas.


Enquanto isso seu irmão tinha um grande propósito mas totalmente contrário ao seu real desejo. Iria estudar em Harvard e tinha total noção do quanto era difícil ter esta oportunidade. Precisava ser grato.


Mais que gratidão aos pais, Seokjin sentia um senso maior de dever por se sentir tão culpado pelo infortúnio que sucedeu com sua irmã. Ele sentia que precisava cumprir seu destino para trazer alguma felicidade aos Kim.


Seu pai trabalhou a vida toda guardando dinheiro e ainda se endividou para pagar pela faculdade. O custo anual para estudar em Harvard é de quarenta e seis mil dólares, mais quatro mil em taxas e de oitocentos a mil e duzentos dólares em livros. Além disso, o seguro de saúde é exigido a um custo de três mil dólares. Mais nove mil dólares para morar em um apartamento no campus, fora a alimentação.


Apesar de não compartilhar o sonho de tornar-se médico, Jin sempre esteve animado com o fato de morar nos Estados Unidos. Em estar na faculdade mais famosa do mundo, conhecer gente moderna, outras culturas e principalmente ser livre para expressar sua sexualidade.


Fazia parte de seu roteiro mental elaborado por anos, chegar assumido como homossexual. Afinal a América é a terra da liberdade. 


Diante disso, estaria tudo bem, ele aguentaria se formar em uma profissão que não amava se não fosse o fato de ter um coração partido em seu peito.


Por mais que tentasse se animar com as possibilidades, era difícil sorrir com tanta vontade de chorar. Ainda sentia as rachaduras em seu coração com a lembrança sensorial dos lábios firmes de Namjoon afundando na maciez dos seus, sendo que na sequência ouvia as palmas e revia a cena de seu amor se declarando para uma mulher.


Balançou a cabeça para focar no que estava prestes a fazer. Apertou a alça da mochila nas costas e se abaixou um pouco para alcançar a mala com rodinhas. Daí, entrou no pequeno hotel já que ainda não tinha as chaves de seu apartamento no campus da universidade. Nem sabia ainda qual era porque precisava comparecer ao "housing day".

Housing Day é uma das datas mais tradicionais de Harvard. É nesse dia que os "freshmen", alunos do primeiro ano, descobrem em qual casa vão morar durante sua vida acadêmica.


Meses atrás Jin andou entusiasmado com isso, a escolha da casa. Harvard possui doze casas, nove são chamadas de "river houses" porque ficam perto do rio Charles e três no Quad que são os apartamentos mais modernos mas onde ninguém quer morar porque não tem a história que as river houses que por serem mais antigas, têm.


Uma river house muito famosa é a Eliot, historicamente conhecida como a casa mais rica e tradicional. Nela moraram Barack Obama e Mark Zuckerberg, então é o típico sonho de consumo de todo estudante. A possibilidade de dormir no mesmo quarto de pessoas tão bem sucedidas é o que acaba fazendo o Housing Day ganhar uma proporção tão grande.


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