Chanyeol apoiou as mãos na pia, sentindo a ânsia ameaçando subir pela garganta outra vez. Ele semicerrou os olhos, cuspindo o resto da pasta de dente com desgosto para que a torneira aberta a levasse pelo ralo.
Urgh. Ele tinha que parar com essa mania de escovar a língua até quase vomitar. Definitivamente Não era um jeito bom de começar o dia.
O garoto molhou uma das mãos na água, esfregando a parte de trás do pescoço e o início da coluna. Ele tinha acordado com uma coisa meio esquisita ao redor dos ossos naquele dia. Uma sensação gratuita de impaciência que pinicava seus poros e o fazia roer as unhas junto de uma pressão na parte de trás de sua nuca que fazia o mundo girar toda vez que fazia um movimento rápido demais. Ele lavou o rosto de novo, afastando os fios loiros dos olhos. Seus cabelos já estavam ficando grande demais e as raízes outrora loiras agora já estavam se tornando negras outra vez.
É. Se fosse ser sincero, talvez Chanyeol não sentiu aquela náusea só por escovar a língua.
Seus dedos ainda estavam molhados quando alcançou a xícara de café esquecida na bancada da cozinha.
No primeiro gole ele entortou o rosto pela a bebida já fria enquanto olhava seu reflexo. Os cabelos extremamente rebeldes delineavam o rosto com traços forte, as olheiras já estavam tanto tempo ali que nem lembrava mais como era seu rosto sem elas. Era um puta exemplo de self care. E caso não tenha percebido a ironia, auto cuidado não fazia parte da rotina de Chanyeol há muito tempo.
Ele colocou agora a xícara vazia em cima da mesinha de centro, puxando a jaqueta desbotada da cadeira quando saiu do banheiro e passou pela cozinha. Não se preocupou em comer nada antes de sair de casa. Além de ser uma antiguidade, sua geladeira estava vazia de qualquer forma. A madeira rangeu quando passou pela varanda, tremendo as bitucas de cigarro e folhas secas que se acumulavam no chão.
Chanyeol morava em uma casa móvel localizada no extremo sul da cidade. Na orla entre o civilizado e a floresta, se fosse falar do jeito bonito. Ele não tinha vizinhos. Podia se dizer que a primeira indicação de vida humana mais próxima era um posto de gasolina independente na beira da estrada chamado Sinclair Opaline que parecia ter saído direto de um filme de suspense. Ele ficava mais ou menos há uns 4 km e meio de distância, trinta minutos de caminhada; se você mantivesse a respiração e as pernas no mesmo ritmo.
Era lá que Chanyeol trabalhava.
Com um bufo ele puxou o último maço de chesterfield do bolso antes de começar a andar, o tempo nublado fazia o céu parecer um lençol branco e enrugado sobre sua cabeça. Chanyeol fumou pra afastar o gosto amargo e frio do café da língua. E Milagrosamente estava adiantado naquele dia.
Ele sempre fazia o mesmo caminho até o trabalho todos os dias. Seguia o asfalto até um canal cheio de folhas secas no lado direito da autoestrada, quando as árvores viravam campos de grama amarela e ranchos caindo aos pedaços. Era lá que cruzava um enorme celeiro abandonado que só ficava há uns quinze minutos do posto de gasolina.
O lado bom de morar no bairro menos capitalizado do município, era que Chanyeol não precisava passar pela área de Incheon que era conhecida pelas Mercedes, não pelos Mazdas. Pelas casas de cercas brancas e prédios bonitos. Não pelo barulho de estrada e mercados autônomos. Sim, incrivelmente ele já tinha vivido do outro lado.
Mas isso também já fazia tempo.
Chanyeol chegou no Sinclair Opaline primeiro que o velho não tão velho Jongdae e começou a adiantar seu serviço antes que os caminhões chegassem. O lugar não era tão pequeno quanto aparentava ser de longe. Tinham dois banheiros nos fundos e uma loja de presentes acoplada a lanchonete na parte esquerda. Chanyeol comia ali às vezes, quando o seu bolso colaborava.
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incógnita
أدب الهواة[Chanbaek] Chanyeol é um adolescente com fama de rebelde, que trabalha num posto à beira da estrada e não tem uma perspectiva de vida. Quando se envolve num esquema de luta clandestina afim de ganhar mais dinheiro pra pagar aluguel acaba conhecendo...