Ainda na madrugada, enquanto o silêncio reinava no clã, ouço batidas suaves na porta. A luz tênue que entrava pela janela não me permitia adormecer completamente, e a sensação de estar em território desconhecido me mantinha alerta.
— Aria, está acordada? — a voz de Jonathan vinha do outro lado, baixa, quase como um sussurro.
— Sim, pode entrar — respondi, sentando-me na cama.
A porta se abriu, revelando Jonathan com um cantil de sangue nas mãos. Ele entrou com passos leves, como se não quisesse perturbar o ambiente ao redor.
— Trouxe mais sangue para você — disse ele, me entregando o cantil. — Mas preciso de respostas sobre Lucien... e sobre sua conexão com ele.
Aceitei o cantil e bebi, o gosto metálico familiar me trazendo de volta à vida. O silêncio entre nós era pesado, e sabia que ele aguardava respostas.
— Lucien é meu criador — comecei, ainda hesitante. — Ele me transformou séculos atrás. Desde então, sempre que tem a chance, ele me persegue. Para ele, é como um jogo. Mas para mim... é um pesadelo.
Jonathan me observava com atenção, cada palavra parecendo ressoar nele.
— E por que ele te persegue tanto? — ele questionou.
Suspirei, os velhos sentimentos de revolta e raiva borbulhando dentro de mim.
— Porque eu recusei seguir suas ordens. Ele achava que, por ter me criado, tinha o direito de me controlar. Eu não quis ser mais uma peça no tabuleiro dele. E Lucien odeia perder o controle.
Jonathan assentiu, como se finalmente começasse a entender a profundidade da minha situação.
— Seu criador é perigoso, Aria — ele disse, sério. — E qualquer conexão com ele pode ser vista como uma ameaça aqui. Precisamos ter cuidado.
— E seu clã? — perguntei, curiosa para mudar o foco da conversa. — Por que você foi aceito aqui? Quem são os líderes?
Jonathan relaxou um pouco, cruzando os braços enquanto se encostava na porta.
— Meu clã se chama "Os Desajustados" — começou ele, um sorriso quase nostálgico surgindo em seus lábios. — Somos vampiros que não se encaixam nos moldes da cúpula. Os líderes, Iris e Malachai, são um casal. Eles acreditam na liberdade, na escolha. Não somos como os outros clãs que seguem cegamente as tradições.
— Parece que eles me entenderiam — murmurei. — Mas por que você me aceitou aqui?
Jonathan deu de ombros.
— Porque você é como eu. Não quer seguir ordens, quer ser livre.
Seus olhos se fixaram nos meus, e um fio de compreensão passou entre nós.
— E como você imobilizou Lucien? — perguntou ele, mudando de assunto. — Não é todo dia que alguém consegue fazer isso.
Antes que eu pudesse responder, batidas fortes na porta nos interromperam. O som era diferente, mais urgente.
Jonathan se virou rapidamente, sua expressão ficando tensa.
— Fique aqui, vou ver o que é — disse ele.
Com um movimento cauteloso, abriu a porta
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Beijo de Veludo
De TodoEm Beijo de Veludo, Aria é uma vampira assombrada por seu passado, sempre fugindo dos fantasmas de suas memórias e dos perigos de um mundo sombrio e implacável. Após acordar em um misterioso laboratório, sem lembrar como chegou ali, ela é forçada a...