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O corredor do colégio se encontrava cheio de alunos quando Ana Carolina passou por ele.
Eu a vi de relance, enquanto guardava meus livros no pequeno armário. Era difícil não reconhecer a garota que eu já estava acostumada a observar.
Enquanto meu olhar a seguia pelo caminho, subitamente o barulho que os estudantes faziam havia diminuído, dando lugar a diversos cochichos e olhares desaprovadores, até mesmo algumas risadas maldosas vindo de algumas garotas.
— Carolina é mesmo uma vadia. — Ouvi uma garota comentar ao meu lado.
— O que Pricila esperava? Não é como se fosse a primeira vez que isso acontece. — Um garoto respondeu.
— Já é uma surpresa que elas tenham ficado juntas por um tempo. Carolina troca de ficante a cada semana. — Uma terceira pessoa comentou.
— Como eu disse, uma vadia.
Mordi meu lábio enquanto via Carolina retrair-se cada vez mais, abaixando a cabeça e apertando os livros contra o peito. Tinha a certeza que seus olhos estariam marejados. Uma vez a segui até o banheiro depois de uma situação parecida e ouvi soluços abafados em uma das cabines. O coração doía ao vê-la assim, mas sempre faltava um pouquinho de coragem para chegar mais perto.
Como é que essas pessoas não percebiam que a estavam machucando? Será que não podiam deixá-la em paz nem por um instante?
— Acredita que ela rejeitou a Pricila? Elas já estavam se pegando há uns dois meses e assim que a Daroit fez o pedido de namoro, ela simplesmente negou. — Celeste, que possuía o título de minha melhor amiga, estava escorada no armário, analisando meu rosto. Eu sabia que ela estava esperando minha reação. — Carolina ainda disse que não queria mais nada com ela, como se não bastas-
— Eu sei, Celeste. É meio impossível não saber. — Murmuro a última parte para mim mesma, mas Celeste aparentemente havia escutado, percebi apenas pelo revirar de olhos que ganhei da mesma.
— Não é nossa culpa. Esse colégio precisa de algo para falar e, bom, ela está aí. — A mais nova dá de ombros, como se não fosse nada demais.
— Esse é o problema! Parece que todo mundo quer dar uma opinião sobre a vida dela. — Quase bufo de irritação. Aquele assunto sempre voltava entre nós duas e, como sempre, Celeste queria me fazer esquecer essa "paixonite" – como ela dizia – que eu tinha pela morena. — Vocês nem mesmo a conhecem e ficam dando palpite. Carolina pode fazer o que bem preten-
— Quer dizer que a senhorita agora conhece ela? — Celeste me interrompe de maneira sarcástica. Engulo em seco. Não, mas com certeza a conhecia melhor do que todos naquele lugar. Além do mais, toda história tem dois lados, e ninguém nunca parava para perguntar a Carolina o lado dela. Vendo que eu não iria responder, a mais nova continua. — Eu só não quero que você se machuque, Anne. Carolina nunca se envolveu com ninguém de verdade e você sempre está sonhando acordada por causa dela.
— Obrigada pela preocupação e, sem querer ser grossa, isso é problema meu. — Lanço um olhar de desculpas para ela. — Eu não escolhi me apaixonar por ela e não posso deixar de fazer isso de uma hora para outra. Eu nem me importo se meu coração for partido, eu só quero... ficar com ela.
Percebo uma leve preocupação no rosto de Celeste, mas ela mesma tenta disfarçar batendo em minha cabeça, o que me fez soltar um "Ai".
— No que você foi se meter, hein? — Ela coloca um braço por cima do meu ombro enquanto me guia para a porta de saída. — Eu me preocupo com você... se aquela garota te fizer mal, eu vou piorar a vida dela nesse colégio.
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Praia, vadia? - Buijrol
RomanceSe Anne falasse alto o quanto amava Carol, a garota sairia correndo. Não porque Carol era, na visão de todos, uma vadia, mas sim porque ela estava ocupada demais se apaixonando pelas ondas da praia para amar alguém que não fosse o mar. Adaptação :...