O sol se levantava lentamente, banhando o palácio dos Desajustados em uma luz dourada e suave. Eu ainda estava em meus sonhos, perdida entre as memórias do passado e a nova vida que começava a se formar ao meu redor, quando uma sensação estranha de frio percorreu meu corpo.
Senti uma onda de inquietação. Algo não estava certo. O ambiente ao meu redor parecia diferente, e uma sombra se aproximava.
Levantei-me rapidamente, espreguiçando-me e tentando sacudir a sonolência. O dia estava claro, mas uma tensão no ar me fez ficar alerta. Foi então que ouvi vozes do lado de fora, uma mistura de murmúrios ansiosos e ecos de preocupação.
Sai do meu aposento e me deparei com Jonathan, que conversava com outros membros do clã, a expressão tensa.
— O que está acontecendo? — perguntei, a preocupação apertando meu peito.
— Lucien está aqui — Jonathan respondeu, a voz carregada de um peso sinistro.
Meu coração disparou. O pensamento de que ele havia conseguido me encontrar novamente era aterrador.
— O que ele quer? — indaguei, o medo tomando conta de mim.
— Não temos certeza, mas ele está furioso e parece determinado a acabar com você de uma vez por todas — Jonathan disse, seu olhar fixo na entrada do palácio.
Um silêncio pesado se instalou. Eu sabia que Lucien não era apenas um criador, mas um predador implacável. Se ele estava aqui, não era para fazer amigos.
— Precisamos nos preparar — eu disse, a adrenalina começando a correr por minhas veias. — Não posso deixá-lo me pegar novamente.
Jonathan assentiu, e um grupo de vampiros começou a se reunir, formando um círculo protetor em torno de mim. O ambiente estava tenso, e a expectativa era palpável.
Então, a porta do palácio se abriu com um estrondo, e Lucien entrou, sua presença sombria preenchendo o espaço. Ele era a personificação do terror, sua aparência imutável e arrogante. Seus olhos brilhavam com uma intensidade que gelava o sangue.
— Ah, Aria — ele chamou, a voz profunda ecoando como um trovão. — Que prazer encontrá-la aqui, cercada por esses tolos.
— O que você quer, Lucien? — perguntei, tentando esconder o tremor na minha voz.
— Você sabe muito bem o que eu quero. Sempre soube — ele disse, com um sorriso malicioso nos lábios. — Você é minha, e eu não deixarei que você escape.
Jonathan deu um passo à frente, sua postura defensiva.
— Você não a tocará, Lucien. Este clã a protege agora — disse ele, a bravura em sua voz.
Lucien riu, um som cruel que parecia ecoar nas paredes.
— Protegê-la? Eles são fracos, e você é um tolo por tentar se opor a mim. Aria é minha criação, e sempre será — disse ele, a voz cheia de desprezo.
O clima tornou-se eletrizante. Eu podia sentir a tensão crescendo, a batalha prestes a se desenrolar. Lucien avançou, e eu sabia que era hora de agir.
— Jonathan, fique atrás de mim! — gritei, enquanto uma onda de poder começou a fluir através de mim. A magia pulsava em minhas veias, pronta para ser liberada.
No momento em que Lucien se lançou na nossa direção, eu conjurei uma barreira mágica, uma explosão de energia que parou seu avanço. Ele parou, surpreso, os olhos arregalados ao perceber que eu havia me tornado mais forte.
— O que você fez? — ele exclamou, a raiva em sua voz ecoando.
— Eu não sou mais a mesma Aria que você conheceu — eu disse, determinada. — Eu não sou sua propriedade!
Com um movimento rápido, canalizei minha energia e lancei um feitiço poderoso, envolvendo Lucien em correntes de luz que o prenderam. Ele lutou e gritou, mas a força da minha magia o mantinha imobilizado.
— Isso é impossível! — ele gritou, sua fúria transformando-se em desespero. — Você não pode fazer isso!
Mas eu poderia. A energia crescia dentro de mim, e eu sabia que tinha a oportunidade de acabar com isso de uma vez por todas. Com um gesto final, concentrei toda a minha força, e as correntes se apertaram em torno dele, a luz ofuscante cercando-o.
E então, em um último grito de desespero, Lucien desapareceu em uma explosão de luz, deixando apenas o eco de sua voz para trás. O clã ficou em silêncio, a tensão se dissipando lentamente.
Jonathan se aproximou de mim, o olhar cheio de admiração e surpresa.
— Você... você realmente fez isso — ele murmurou, incapaz de esconder o quanto estava impressionado.
A adrenalina ainda corria por minhas veias, mas um sentimento de alívio e libertação começou a tomar conta de mim. Eu não estava mais presa ao passado.
— Estou livre — disse, quase para mim mesma, enquanto um sorriso começava a se formar em meus lábios.
Naquele momento, compreendi que a batalha ainda não havia terminado, mas a sombra de Lucien finalmente havia sido dissipada. A liberdade estava ao meu alcance, e, juntos, Jonathan e eu poderíamos enfrentar o que viesse a seguir.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Beijo de Veludo
LosoweEm Beijo de Veludo, Aria é uma vampira assombrada por seu passado, sempre fugindo dos fantasmas de suas memórias e dos perigos de um mundo sombrio e implacável. Após acordar em um misterioso laboratório, sem lembrar como chegou ali, ela é forçada a...