BLOOD SAMPLE | JK + Tae + S/N

chapter 28 ✔

Kim Taehyung

O som suave do motor do meu avião particular ressoa de maneira ritmada, quase como uma melodia distante. Olho para o lado, prendendo a minha atenção nela. S/N dorme tranquila ao meu lado, a respiração dela é calma, estável, como se o peso do mundo tivesse momentaneamente se dissipado enquanto ela se rende ao sono profundo. O contorno do rosto dela é suavizado pela luz baixa do avião, e eu não consigo evitar.

Meus olhos percorrem cada detalhe, cada traço que me parece mais fascinante a cada segundo que passa. O jeito como os cílios descansam sobre a pele, as leves curvas dos lábios entreabertos em um descanso sereno. Estou absorto, completamente imerso nessa quietude que ela carrega, em como a presença dela me parece, mesmo em silêncio, preenchida de vida. Meu peito se aperta com uma sensação que há tempos não tento sufocar, porque me parece inevitável: o amor que sinto por ela.

Cada vez que a vejo, parece crescer, como se o simples ato de observá-la adormecida fosse o suficiente para fortalecer tudo o que sinto. E então, sem aviso, ela começa a se mexer. As pálpebras dela tremulam levemente, e seus olhos se abrem aos poucos, lentamente, despertando para me encontrar. Ela me encara, um sorriso suave brincando em seus lábios, antes de murmurar com uma voz ainda sonolenta.

— Me olhe com menos amor, por favor. Seus olhos brilham demais quando me encara.

As palavras dela fazem meu coração saltar de leve, e um sorriso se forma nos meus lábios, suave e carinhoso. Não respondo de imediato, mas meus olhos, que ela havia notado, seguem brilhando com a mesma intensidade. Há algo nesse momento que parece eterno, algo silencioso que diz mais do que qualquer resposta que eu pudesse formular.

Sinto o interfone do avião vibrar levemente ao lado, e a voz do piloto ecoa pela cabine.

— Senhor Kim, estamos nos aproximando de Pyeongchang. O pouso será em cerca de vinte minutos.

Ela franze o cenho levemente, confusa, e seu olhar percorre rapidamente a janela ao seu lado, observando as montanhas cobertas por uma fina camada de neve que começam a surgir abaixo de nós. O cenário é magnífico, as vastas cordilheiras se estendem como um tapete branco, quebrando a monotonia do céu cinzento com a pureza da neve.

Ela me encara novamente, os olhos interrogando-me, buscando entender o motivo de estarmos longe de onde, inicialmente, devíamos ir. Sem me mover, sem deixar que a tranquilidade que sinto desapareça, murmuro para ela:

— Mudei de ideia. Achei que seria bom aproveitarmos a semana em um lugar mais calmo. Sem distrações, sem interferências. Apenas nós.

Ela não responde de imediato, mas posso ver que está processando a mudança inesperada de planos. Seus olhos se voltam novamente para a janela, e o cenário do lado de fora parece capturá-la por alguns segundos. As montanhas são de uma imponência tranquila, e o silêncio ao nosso redor somente reforça a serenidade da escolha que fiz. Eu queria isso.

Precisava disso.

O avião pousa suavemente no aeroporto, e o ruído dos motores diminuindo lentamente é o único som que acompanha o processo. Ao sair do avião, o vento gélido da montanha nos envolve. O ar é puro, quase cortante, uma mudança completa do ambiente confortável e fechado do avião. Ao lado da pista, meu comboio de carros já nos espera, uma fileira impecável de veículos pretos, prontos para nos levar mais fundo nas montanhas.

Ofereço a minha mão para S/N, ajudando-a a descer as escadas. Ela aceita o gesto, a pele dela está quente contra a minha, mesmo nesse clima frio. Entramos no carro que nos aguarda, e enquanto seguimos o caminho sinuoso que nos levará ao refúgio nas montanhas, observo o perfil dela mais uma vez. O olhar dela está fixo na estrada à frente, mas a serenidade em sua expressão me faz acreditar que essa foi a escolha certa.