10 de março de 2015 🔪

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Diário do Monstro:10 de março de 2015

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Diário do Monstro:
10 de março de 2015

Às vezes, é necessário ir além dos limites, explorar o próprio corpo e a mente para descobrir o que realmente se esconde nas profundezas. Enquanto muitos preferem se proteger, viver confortavelmente, eu sempre fui atraído pela dor. Não no sentido romântico ou masoquista, mas como uma ferramenta de autoconhecimento e um teste de resistência.

A dor, meus amigos, é uma forma de libertação. Quando você a sente, cada fibra do seu ser é despertada. É quase como um rito de passagem, um convite para uma dança macabra onde apenas os mais audazes se atrevem a participar. É um convite à exploração de uma realidade que poucos se permitem tocar. E eu? Eu sempre aceitei o convite.

Minhas primeiras experiências com a dor começaram na adolescência, uma fase que a curiosidade estava em alta e a inocência era uma máscara que eu estava ansioso para rasgar. Foi nesse período que descobri que, para realmente entender o que é causar dor, eu precisava primeiro testá-la em mim mesmo. Era um conceito simples, mas revelador: para dominar a dor alheia, você deve primeiro conhecer a sua.

Certa vez, eu me lembro de estar em casa sozinho. Tinha acabado de assistir um filme de terror, e aquela atmosfera de medo ainda estava fresca na minha mente. Comprei um pequeno canivete, um objeto que não era mais do que uma extensão do meu próprio desejo de sentir. Sentei-me em frente ao espelho, curioso, e como um artista que se prepara para criar suas obra-prima, eu me aproximei da lâmina.

O primeiro corte foi hesitante, quase uma carícia. Eu fiz uma leve pressão contra minha pele, e quando vi o sangue começar a brotar, algo despertou dentro de mim. Era como um chamado ancestral, uma conexão com algo maior. A dor não era apenas física; era uma explosão de sentimentos reprimidos, um grito de libertação. Eu me sentia vivo.

No entanto, não era suficiente. Não poderia parar ali, não enquanto houvesse mais a ser descoberto. Com cada corte subsequente, a intensidade aumentava. Eu não apenas queria sentir dor, eu queria que ela se tornasse parte de mim. A cada nova cicatriz, uma nova camada da minha identidade se revelava. O corte mais profundo, o mais arriscado, me fazia sentir como um verdadeiro artista esculpindo sua obra, e eu era a tela.

O que eu não esperava era o prazer que acompanhava a dor. Era uma revelação perturbadora, mas, em essência, faz sentido. A linha entre prazer e dor é tênue, quase invisível. Às vezes, eu me perguntava se isso era uma anomalia, se existia algo de errado comigo. Mas porque se importar com a normalidade quando se pode flertar com a loucura?

Com o tempo, o ato de me ferir se tornou uma espécie de ritual. Eu tinha um pequeno caderno onde anotava cada experiência, detalhando como me sentia antes, durante e depois. E, para ser honesto, eu esperava que alguém, um dia, encontrasse aquelas páginas e percebesse que o verdadeiro tesouro não estava nas palavras, mas nas cicatrizes que as acompanhavam.

Depois de um tempo, o simples corte não era mais suficiente. Eu queria mais. Um dia, peguei uma garrafinha com uma solução de ácido. Eu sabia que aquilo poderia queimar, corroer, destruir. Com um toque metódico, comecei a aplicar o líquido em pequenas áreas da minha pele. A sensação era indescritível. Um choque de dor que se misturava com uma adrenalina pura. Ao olhar para minha pele em chamas, via mais do que a destruição; via a transformação. Eu não estava apenas testando meus limites, eu estava superando-os.

A dor se tornou um marcador de conquistas, um símbolo do que eu era capaz de suportar. Cada novo teste se tornava uma celebração da minha resistência, uma prova de que eu não era como os outros, que nao temia o sofrimento, mas o abraçava como um velho amigo.

Com essa perspectiva, comecei a aplicar os mesmos conceitos com os outros. Não me entendam mal, eu ainda era cuidadoso, evitando deixar qualquer vestígio que pudesse me ligar a esses atos. Era um jogo de xadrez, e eu sabia como mover minhas peças. Meus amigos, meus colegas, todos eles eram apenas alvos em potencial. Assim como eu testava a dor em mim mesmo, eu poderia testar nos outros. Mas isso, claro, viria depois. Primeiro, eu precisava entender o que a dor significava para mim.

Não demorou muito para que essas experiências se tornassem uma necessidade. E, como qualquer vício, se tornou progressivo. Cada vez que me machucava, algo dentro de mim se ascendia. O sangue, o cheiro de queimado, o calor da dor... tudo isso se misturava em uma dança delirante que eu não queria que terminasse.

Em um certo ponto, eu já não conseguia distinguir a linha entre a dor que buscava e a dor que desejava inflingir. Era um ciclo, uma espiral descendente onde cada ato de dor se tornava um impulso maior do que o anterior. O que começou como uma simples exploração pessoal se transformou em um desejo incontrolável de cruzar fronteiras que poucos ousariam atravessar. E assim eu continuei, entre a linha do autoexame e a sedução da crueldade.

E, assim, eu percebi que meu corpo e minha mente eram apenas ferramentas, um laboratório para a exploração das minhas mãos profundas inclinações. Era uma viagem de autodescoberta que poucos se atreveriam a fazer. E eu? Eu estava apenas começando. A dor não era o fim, mas o começo de algo muito maior. Algo que estava aguardando para ser revelado.

O limite, ao que parece, nunca é um obstáculo. É apenas uma questão de perspectiva, de ousadia. E, enquanto todos ao meu redor se prendem ao que é aceitável, eu mergulho no que é proibido. E assim, sem medo, eu continuo minha jornada. E se um dia o mundo descobrir o que sou, bem... isso só adicionaria mais um ponto de interesse à minha história.


Dentro da mente do Monstro ( Série Killer's, Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora