epígrafe

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“Me cala com tua solitude atroz, mas só eu desvendei todos os teus segredos
Desestrutura os entrelaços e destrói
a distância entre o nosso beijo.”
I V Y S O N - CONEXÃO


       Últimos seis parágrafos da quinta carta.

       “Dizem que demora apenas três segundos para se apaixonar. Três segundos até seus olhos cor castanho acharem os meus em um encontro íntimo, no nosso momento ínfimo. Tão profundo como se fôssemos conhecidos, como se não fosse a primeira vez que um encontro de almas acontecesse. Ali, diante da nossa pequena interação, me sinto imersa em todo sentimento desconhecido e estranho até então. Me estremeço com o seu toque, o seu sorriso me cala, e a vontade é de passar mais tempo observando-o em segredo, pedindo para que eu tenha mais alguns minutos antes que seu sorriso se desfaça por inteiro. Sempre dou um jeito de ser boba só para ver esse seu sorrisinho iluminar seu rosto e os seus olhos novamente. Eles ficam uma gracinha quando diminuem com o seu sorriso.

     Se eu soubesse que tudo aconteceria naquele dia, naquele mesmo baile, eu teria feito tudo de novo. O seu olhar em mim fez com que eu me sentisse, pela primeira vez em toda a minha existência, muito confortável em ser atentamente observada minuciosamente  por um homem um silêncio barulhento, mas agradável. Sua postura, diferente das suas piadas engraçadas, do seu olhar de criança, ou do seu sorriso que sempre chega aos seus olhos quando me vê. Você me proporcionou sentimentos bons e novos que jurei que só os veria em livros de romance.

     Você, Arthur, é todo o romance do mundo em um metro e oitenta e cinco, olhos escuros, sorriso de me desconcertar completamente, camisas pretas, cordões e anéis de prata. Você é toda conexão do mundo convertido em uma pessoa, meu pretinho. Você é todo sentimento interno guardado que esperei o momento certo para retribuir diante da pessoa certa, você é toda reciprocidade, companheirismo e amor. Você é um olhar apaixonado, um toque gentil e um sorriso bobo que escapa entre os lábios, seguida de uma gargalhada gostosa. Quero seus olhos em mim, pois existe um abismo neles que quero acompanhar, que me atrai, instiga, e traz um sentimento puro. Por alguns anos da sua vida, deixe que eu seja sua e, com certeza, seja meu por inteiro, retribua o que te ofereço em segredo.

    Em todos os livros de romance, filmes, grafites amorosos, desenhos tortos e engraçados, há você. Se tudo no mundo exala amor, em todo lugar há um pouco de você. Não demorou três segundos para que eu me apaixonasse por você. Demorou apenas um, pois, ali, se formou o nosso pequeno infinito. Em apenas três segundos tudo aconteceu, mas precisei apenas de um.

     Um segundo; seus olhos encontraram os meus, e em uma troca lenta, nos comunicamos, sabemos o que falar sem ao menos nos conhecermos. Toda energia que emanamos é palpável, exala por todo local. Dois segundos; eu sorrio e você também. Um sorriso cheio de significados, conversas e confissões silenciosas. Três segundos; você derruba bebida nos meus pés e eu me irrito, mas, ainda sim, não consigo desviar os olhos do seus e sentir a imensidão que há neles. Não consigo parar de olhar e reparar a sua beleza surreal e o jeito que você soube exatamente como tocar a minha pele. Eu não consigo me esquecer que, mesmo sem me conhecer, você falou com uma voz rouca, baixa e firme: “Você é exorbitante” sem ao menos saber meu nome.

    E só precisou de um segundo para que eu me apaixonasse por você.”

🌪️

Um mês qualquer, 2024.
Uma de dez cartas que Maria Alice
fez para Arthur  Almeida. Cartas essas que, por obra do destino, nunca foram enviadas.

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⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

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