O amor dos contrários

Elliot Lockhart 12

(Obs: capítulo com gatilhos)

Nós conseguimos pegar um dos guarda-costas do Vicente Vogel, infelizmente pegar o próprio é muito difícil, mas não impossível para nós. Estamos no nosso quintal, só que debaixo da terra, onde temos um local que usamos para matar e torturar os traficantes.

Nesse momento, o desgraçado está ajoelhado no chão, despido. Pernas e mãos amarradas, um balde de água para podermos afogar sua cabeça, até ele dizer como podemos pegar o Vicente, quais lugares podemos pegá-lo mais facilmente. Nós sabemos que esse guarda ajuda a pegar as meninas leiloadas, então hoje ele sentirá o gostinho de como é arruinar a vida das pessoas. Liam fez uma investigação mais profunda sobre o Vicente e descobrimos o que ele faz com as meninas compradas no leilão. Eles estão drogando mulheres, principalmente menores de idade, e traficando. Algumas são vendidas, outras são estupradas e mortas e outras estão presas em casas de prostituição. Quando elas já não servem para mais nada, eles vendem seus órgãos, e como todos os outros homens que participam dessa nojeira, ele usa a sua empresa para lavar o dinheiro ganho com as meninas.

— Eu não sei tudo sobre ele, eu falo a verdade — o guarda falou, se contorcendo de dor.

Pois eu não acredito e nunca acreditei em nada que esses merdas me falam durante as torturas, eles tendem a mentir mais ainda durante a aproximação da sua morte. Esse aí, então, mente na cara de pau, nós já sabemos de vários crimes que ele mesmo cometeu.

— Afoga a porra da cabeça dele até perder completamente os sentidos — falei, observando o maldito.

Elijah o afogou, escutamos o barulho da sua voz borbulhando na água. Quando suas pernas começaram a ficar moles, ele levantou sua cabeça para fora. Ele saiu puxando o ar de volta para o corpo, tentando respirar.

— Eu confesso, eu ajudava no tráfico e na compra de drogas, mas eu juro que não fiz nada, além disso, não fiz maldades com as meninas com as minhas próprias mãos, eu só estava trabalhando — o homem falou ofegante.

— Nós soubemos de duas mulheres que foram abusadas e drogadas por você — olhei para o fundo dos seus olhos.

— Elas queriam droga e uma boa foda — sua voz saiu tremula.

— Mentiroso, eram menores de idade — retruquei.

Dei um soco no seu rosto, odeio mais ainda quando eles tentam colocar a culpa na vítima, eles sempre fazem isso e eu adoro responder socando seus rostos.

— Não me machuquem de novo, eu imploro, olha, eu tenho informações importantes.

— Vicente fará uma festa na sua mansão para participantes do leilão, a festa será à fantasia, vocês podem se infiltrar e pegá-lo lá. Agora, por favor, não me matem — ele suplicou.

Estalei o meu pescoço, eu estava com raiva e nunca deixei ninguém sair daqui de dentro desse buraco vivo, e olha que tem pouco tempo que estamos aqui. Peguei uma faca na mesa, fui em sua direção, virei indo para as suas costas e cravei a faca na sua cervical. Ele gritou, e o som do grito dele estava aterrorizando a minha cabeça. Alguém bateu na porta do nosso galpão subterrâneo, será que é Tracy? Vou até a porta e abro só uma fresta. Amy está em pé, olhando o pouco que consegue ver de mim, seus olhos estão atemorizados, ela morde o canto da boca várias vezes, mostrando ansiedade.

— Vai embora, Amy — minha voz saiu grossa.

O homem ainda estava gritando, e eu podia ver seu medo e desespero escutando os gemidos do homem. Eu estou todo ensanguentado, no chão tem sangue escorrendo que sai pelos buracos da porta.

— O que vocês estão fazendo? — ela perguntou, trêmula.

— Você já sabe o que estamos fazendo, agora saí daqui, espera lá em cima, Amy, eu suplico — falei envergonhado por ela me ver naquela situação.

Ela saiu, andando para trás, ela subiu as escadas correndo. Bufei, Liam arrancou a faca das suas costas e cravou no seu olho. Elijah pegou a pistola e deu um tiro na sua barriga, o que silenciou seus gritos de dores aterrorizantes.

— Não aguentava mais os seus gritos — Elijah disse, colocando a pistola de volta na mesa.

— E aí, o que vamos fazer? Vamos invadir a porra dessa festa ou vamos entrar infiltrados mesmo? — Liam perguntou.

— Vamos entrar infiltrados, somos poucos para tentar acabar com o local. Tracy já tinha falado algo sobre isso, ele só confirmou que realmente terá a festa — respondi.

— Mas quem vai entrar, não dá para ser os três e eu não tenho interesse. Pelo que a Tracy tinha me dito, seria uma festa de gala e precisaria até ter parceiros — Elijah disse, tirando sua blusa que estava ensanguentada.

— Eu vou ir, estou pensando em fazer isso com a Amy, não teria outra parceira melhor que ela, a festa ainda vai acontecer daqui a um tempo, então posso tentar falar com ela depois sobre isso.

— Serio, Elliot? Uma policial? Ela não pode participar disso, ela não faz parte dos inimigos — Elijah falou irritado.

— Vocês tinham que ver ela dirigindo, ela é perfeita, não tem escolha melhor. Se a gente for pega, se eu estiver com ela, nós escaparemos — falei.

— Mas você não acha perigoso envolver ela nisso, não tem medo de perdê-la? — Liam perguntou.

— É claro que tenho porra, e é por isso que estarei lá junto dela, vou protegê-la sempre, e se algo grave acontecer, vocês levam ela que eu enfrento tudo sozinho, eu sempre enfrentei e não tenho medo — respondi.

— É isso que te torna idiota e o que me faz ter raiva de você às vezes, quando as coisas ficam piores, você sempre tenta carregar tudo sozinho e não fala nada, só para todo mundo sair livre — Elijah disse, tragando o cigarro que ele acendeu.

Ele não está errado nisso, eu sou assim mesmo e não consigo mudar esse meu jeito, eu quero deixar as pessoas que eu amo livres de encrencas, nunca me importei com o que aconteceria comigo no final das contas. Colocamos o corpo do homem no forno crematório que temos aqui embaixo. Depois, eu fui atrás da Amy, na sala eu encontrei a Tracy sentada.

— Como ela descobriu o nosso porão subterrâneo? — perguntei, olhando nos seus olhos.

— Ela chegou aqui querendo saber onde você estava e eu apenas mostrei o caminho — ela falou enquanto mexia no notebook.

— Serio? Você fez isso de propósito — bufei. — Nós não precisamos mais de você aqui, pode ir embora e voltar para a empresa — falei com os ombros tensos.

— Mas e o dia da festa de gala? Eu preciso confeccionar as roupas — ela se levantou, irritada.

— Foda-se, a gente dá um jeito — respondi e fui subindo as escadas.

Antes de entrar no quarto, eu suspirei, bati na porta para ver se Amy estava lá dentro.

— Você está aí? — perguntei.

— Estou — ela falou baixinho.

— Vira-se, não quero que me veja do jeito que estou — falei.

— Estou de costas agora — ela respondeu.

Eu entrei envergonhado, estou todo sujo, minha roupa social está toda ensanguentada. Ela está na cama, de costas, entro direto no banheiro para tomar um banho. Jogo as roupas no chão, entro na água quente e deixo-a cair, vejo o sangue indo junto para dentro do ralo, continuo escutando os gritos aterrorizantes do homem dentro da minha cabeça, coloco uma roupa e saio do banheiro. Amy está agora sentada de frente e na sua mão tem um gatinho filhote da cor preta. Aproximei-me dela, sentei-me no chão no meio das suas pernas e deitei minha cabeça sentindo o seu cheiro, principalmente o cheiro da sua boceta, tem cheiro doce, talvez ela passe algum perfume que me faz ficar louco toda vez que estou perto.

— Que gatinho lindo — falei pegando ele na mão. — Mas dizem que gato preto dá azar, o que eu não acredito, é lógico.

— Eu adotei para você, tem até coleira — ela alisou o gato.

Na coleira está escrito my enemy, como nos nossos cordões. Coloco o gatinho no meu braço e me viro, fitando os seus olhos que estão arregalados.

— Eu adorei o gatinho, mas sinto que você está com medo de mim — me afundei mais na sua coxa.

Ela colocou a mão no meu cabelo, alisando-o, fazendo carinho, fechei os meus olhos e parei de escutar o som aterrorizante que estava sobre a minha cabeça. Agora eu sinto paz, é ela que me dá isso. Abri os meus olhos novamente e vi os dela, saindo lágrimas. Eu não estava entendendo por que ela estava daquele jeito.

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Capítulo único.

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