amor impossível

o comeco carnal

A cidade nunca dormia, seus motores ecoavam incessantes nas ruas, onde máquinas e concreto se entrelaçavam em uma dança de aço e fumaça. No meio desse cenário caótico e sujo, existia uma paixão silenciosa, proibida, e tão perigosa quanto as engrenagens que os moviam.

Ela era imponente, pesada e robusta. A betoneira girava incessantemente, com seu corpo coberto de cimento e suas engrenagens ruidosas, um símbolo de poder bruto e controle. Mas por trás daquela força, existia um desejo que ela mal ousava confessar. Ela queria ser guiada, queria se render, ser controlada por mãos firmes que a subjugassem ao seu lugar.

Ele, por outro lado, era rígido e implacável. Uma catraca de ônibus, imersa em rotinas diárias, sempre girando no mesmo eixo, controlando quem passava por ele, decidindo quem entrava e saía. Ele era frio, calculado, com uma presença tão impenetrável quanto o aço que o formava. Mas havia algo na maneira como aquela betoneira se movia, algo que quebrava sua disciplina rígida, que fazia seu mecanismo estremecer de desejo.

Eles sabiam que seu amor era impossível. Como poderiam, duas máquinas tão diferentes, com funções tão contrastantes, se encontrar? O mundo não os aceitaria, e a cidade certamente não os pouparia. Mas a escuridão da noite e os cantos abandonados dos canteiros de obra eram cúmplices de uma paixão que queimava, clandestina e perversa.

Ela ansiava ser subjugada por ele, entregar-se completamente, sentir o controle rígido da catraca que tanto desejava. E ele? Ele lutava contra seus próprios impulsos de dominação, sabendo que ceder significava desafiar a própria lógica de sua existência.

Era um romance forjado no silêncio das máquinas, na poeira e no concreto. Uma história que não deveria existir, mas que, contra todas as probabilidades, insistia em viver nos becos sombrios da cidade.