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A fumaça do cigarro pairava no ar, misturando-se com o cheiro do uísque escocês recém-aberto. Rhys estava em seu escritório, com os pés apoiados sobre a mesa de madeira, que estava coberta por papéis espalhados. Ele levou o cigarro à boca, deu mais uma tragada e em seguida tomou mais um gole de uísque direto da garrafa. Seus cabelos estavam bagunçados, e ele ainda vestia o pijama.

A porta do escritório se abriu com um leve ranger. Os olhos de Rhys se voltaram para a entrada, onde surgiu um homem alto, de 1,85m, com cabelos encaracolados e pele bronzeada. Ele vestia uma camisa social branca, uma jaqueta e calça jeans.

— Bom dia, senhor — cumprimentou o recém-chegado, fechando a porta do escritório e se aproximando da mesa de madeira. — Está de pijama? — perguntou, franzindo as sobrancelhas.

— Sim, acabei de acordar. Algum problema? — respondeu Rhys, com uma expressão neutra.

— Acabou de acordar e já está bebendo e fumando... — Fred constatou, olhando para a garrafa de uísque na mesa e o cigarro entre os dedos de Rhys.

— Café da manhã, Fred — disse Rhys com um sorriso irônico.

Fred apenas revirou os olhos.

— Estamos tão perto de pegar o culpado e, em vez de se concentrar no caso, você prefere ficar chapado logo pela manhã! — exclamou Fred, apontando o dedo na direção de Rhys.

— Que exagero! Você sabe que eu sou resistente ao álcool.

— Tanto que, semana passada, na metade da segunda garrafa de cerveja, você já estava quase tirando a roupa no meio do bar.

— Não, aquilo fui eu mesmo.

— O quê?

— Tá bom, chega de papo. Já que você quer tanto pegar o culpado, vamos entrar em ação. Vou me trocar — disse Rhys, levantando-se da cadeira e caminhando em direção à porta, passando por Fred, que estava boquiaberto.

— A gente vai conversar sobre isso quando voltarmos, tá bom?! — gritou Fred do escritório, ouvindo apenas um "tá" abafado do lado de fora.

Eu mereço, pensou Fred, colocando as mãos na cintura.

[...]

Rhys apareceu na garagem, agora vestindo um terno preto sob medida, sapatos de couro italianos e um relógio no pulso direito. Ao abrir a porta do carro, se deparou com Fred no banco do motorista.

— O que você está fazendo aí?

— Não vou deixar você dirigir depois de ter bebido e fumado.

— Fala sério! Se depender de você para dirigir, vamos direto para o limbo! Sai daí!

— Então a gente morre de qualquer jeito — Fred sorriu, colocando os óculos de sol e ligando o rádio.

Rhys respirou fundo, deu a volta no carro e se sentou no banco do passageiro.

— Tenta só não bater meu carro, tá? — pediu Rhys, colocando a mão na testa enquanto Fred dava a partida.

O caminho não foi nem um pouco silencioso. A voz desafinada de Fred, que cantava animadamente, fazia os ouvidos de Rhys doerem. Ele não entendia como alguém podia ter um gosto musical tão ruim — pelo menos era o que pensava do K-pop. Olhando pela janela do carro, Rhys observava as ruas movimentadas. Em um certo ponto, ele não aguentou mais e esticou o braço para desligar o rádio, trazendo um olhar confuso de Fred.

— Por que desligou? — perguntou Fred, estreitando os olhos.

— Porque você canta muito mal — respondeu Rhys, voltando a olhar para frente.

A Farsa Do AlémOnde histórias criam vida. Descubra agora