A Stranger Korean Woman

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Felix correu bastante apesar de suas pernas pesarem o dobro, ele não viu exatamente como chegou a um beco escuro e úmido, pois sua cabeça pensava em como tinha chegado a aquele ponto, ou melhor, como tinha se permitido chegar.

Ele sempre foi alguém bom, alguém que tentava ser sua melhor versão todos os dias. Mas a vida parecia não lhe recompensar com nada que não fosse dor e sofrimento, seguido por algumas migalhas de prazer. O Felix de antes jamais desistiria de viver, mas essa versão que se encontrava agora sentado no chão, se agarrando unicamente ao pouco tecido que lhe cobria, via as coisas de forma diferente. Sua pouca esperança de que pudesse viver bem, ter uma família e um lar, havia sido trancafiada. Tudo o que lhe restava, era o ódio, a magoa, o desespero, e mesmo que não parecesse, esses sentimentos eram combustíveis para que ele permanecesse em pé, mas não para buscar paz e felicidade.

Ele se negava a lamentar, não estava em uma situação em que pudesse fazer isso. O que ele podia e devia fazer, era procurar meios de se reerguer, por mais difícil que fosse, por mais dolorido que fosse, ele tinha uma razão para isso, e ela não saia de sua mente.

Uma garoa fina começou a cair, aumentando o frio cortante e consequentemente piorando suas dores. Felix se encolheu o máximo que pode perto de algumas caixas, tentando se aquecer, uma sensação de peso sobressaiu seus ombros, e ele logo sentiu sono, fechando brevemente os olhos e ouvindo de longe, o tilintar de moedas sendo jogadas em sua direção, algo como uma "ajuda" que ele não se negou a aceitar.

(...)

— Mingyu? — Disse Hyunjin, observando a chuva que caia do lado de fora de sua janela — Tem certeza disso?

— Tenho, pelo histórico que descobri, ele tem mortes nas costas, todas de garotos jovens e bonitos, que por coincidência ou não, estavam no ramo da musica. Tem alguma duvida que seu garoto se encaixa nesse padrão?

O velhote era esperto e ágil apesar da idade, ele tinha correspondentes fieis por todo lugar, ou seja, com contatos e dinheiro, ninguém se esconde por muito tempo.

— Você não acha que... — O maior tinha hesitação na voz, um medo crescente que Felix fosse mais uma das vitimas.

— Se fosse esse o caso, eu já saberia, todos os jovens foram identificados, nenhum parecido com o que você descreveu ou com as fotos estava entre eles — Assegurou o grisalho, recebendo um aceno de cabeça do sobrinho.

— Ele foi ingênuo o suficiente para acreditar em estranhos, o quão desesperado ele devia estar?

— O bastante, mas não é hora para isso, vamos focar no que realmente importa. E dizendo isso, faça suas malas, temos um lugar para ir.

(...)

Felix abriu os olhos com dificuldade, a luz das frestas invadindo seus olhos claros como agulhas. Logo ele se levantou abruptamente, percebendo que não estava mais no beco, e sim em uma casa. As janelas estavam fechadas com tábuas, havia mofo em algumas partes, ele estava sob um colchão no chão, e em todo lugar que olhava ele podia ver teias de aranha.

— Onde porra eu estou — Resmungou, notando em seu corpo faixas com algum tipo de medicamento, em sua boca um curativo e suas roupas haviam sido trocadas por secas e limpas.

— Você acordou — Uma mulher entrou no quarto com uma tijela de sopa.

O garoto ainda assustado, procurou automaticamente a faca que havia pegado da casa de Mingyu, mas sua calça havia sido trocada. Ele pressionou os lábios juntos, procurando rapidamente qualquer coisa que servisse para se defender mas sem sucesso.

— Descansar soldado, não lhe farei mal nenhum, sou só uma sobrevivente assim como você.

— Não tenho razão alguma para confiar em uma estranha, e como sabe que não sou perigoso? Nem me conhece.

De repente a mulher pôs a mão no bolso, tirando de lá a faca que Felix procurava.

— Isso é seu, tirei enquanto lavava sua roupa, agora podemos conversar?

Embora ainda estivesse desconfiado, o garoto assentiu.

— Tome — Esticou a tijela na direção do moreno que encarou o prato que tinha um cheiro maravilhoso, era sopa de ervilhas. Seus olhos intercalaram entre a sopa e a mulher alguns segundos, o suficiente para ela respirar fundo e pegar uma colherada do alimento, enfiando na boca. — Sem veneno e deliciosa, aceite.

Felix pegou a comida, não demorando a começar a comer, se deliciando com o sabor quentinho. A mulher se sentou no colchão, encarando a parede antes de começar.

— Alguém em uma situação tão vulnerável como a sua é simplesmente um imã para pervertidos e ladroes, e eu aprendi com a vida que os mais fracos devem se ajudar, então.

— Isso não justifica me trazer para sua casa, ainda mais eu sendo homem.

— Me poupe, você não é uma ameaça para mim, acredite.

— Porquê diz isso? Eu poderia ser um assassino — Desdenhou, erguendo uma sobrancelha.

— Eu vi o que fizeram com você enquanto lhe vestia, não era minha intenção obviamente, mas se você permanecesse vestido em roupas molhadas iria adoecer.

Felix se viu sem palavras, realmente, ele não era o perigo ali, e por alguma razão, aquela mulher parecia também não ser, mas ele não apostaria todas as suas fichas nisso.

— Qual o seu nome? — Ela perguntou, virando-se para encarar o moreno.

— Yongbok.

— Nome de velho — Disse, atraindo um riso do mais novo — Meu nome é Soyeon, prazer — Ergueu a mão para cumprimentar e Felix a apertou — É bom encontrar outro coreano nesse país.

— Porque vive em um lugar tão isolado? — Tomou mais algumas colheradas de sopa.

— Não posso ter vizinhos com meu tipo de trabalho, eles fofocam demais.

Felix de repente parou, analisando a situação.

— Não sou prostituta moleque — Deu um peteleco na testa do garoto.

— Eu não quis insinuar isso, só achei suspeito — Voltou a beber a sopa.

— Bom, eu não passo muito do meu dia nessa casa, e desde que não a destrua ou a transforme num ponto de drogas, pode ficar aqui até arranjar algum lugar.

Soyeon se levantou, indo até a janela e espiando pelas frestas.

— Só mantenha as portas bem fechadas — Disse antes de sair do quarto, ao que o moreno concordou, terminando de comer e se levantando.

Continua...

🍒 Com o que será que ela trabalha hein? Palpites? 🍒

He's My Alibi                                                          [Hyunlix]Onde histórias criam vida. Descubra agora