-Eu preciso estudar – Jo disse, irritada.
-Ok, você vai estudar – Victor falou, na defensiva. – Mas pô, é domingo. Você estuda o dia inteiro, todos os dias. Vamos fazer alguma coisa diferente? Os moleques estão sentindo a sua falta, Jo. Daqui a uma semana a gente vai viajar e...
-Exatamente, daqui a uma semana a gente vai viajar. Não vai dar tempo, e aí eu vou ficar com as crianças o tempo inteiro, eu vou recompensá-las.
-Cara, mas hoje é o último dia da Millie com a gente.
-A Millie é sua filha, Victor.
Victor ficou chocado. Até Jo estava incrédula com o que havia dito. Na casa deles, não havia filho de um ou de outro. Bella a chamava de mãe, Danny o chamava de pai e todos eram tratados absolutamente da mesma forma.
-Desculpe, eu não quis... – Ela falou, mas nem sabia como continuar.
-Eu não sei o que está havendo com você, Jo, mas não está bacana. Todo mundo aqui te apoia para caramba, principalmente eu. Olha as merdas que você está falando.
Ela não disse mais nada, pois não havia como se justificar. Victor, bravo, disse que faria um programa sozinho com eles e Jo não insistiu para acompanhá-lo. Jo estava agindo de forma tão diferente que ele tinha certeza de que era apenas uma fase por causa de todo o estresse, mas isso não a tornava menos insuportável. Ele vestiu todo mundo, colocou todos no carro, ligou para o George para avisar que ele estava convocado a ir junto para ajudá-lo e foram todos parar em um parque infantil.
Bom, já que havia enfurecido seu marido e desertado sua família, era melhor que Jo estudasse. Foi até o banheiro e pegou dois comprimidos de Ritalina. Ficou parada com o remédio na mão, olhando para o frasco que já estava esvaziando. Somando-se ao comprimido que o Danny tomava, ela havia triplicado o consumo. E não podia dizer novamente para o médico que tinha perdido outro vidro do remédio. Ela podia, claro, parar.
Mas se concentrava muito melhor assim.
Ou melhor, ela precisava da Ritalina para se concentrar.
Essa palavra, "precisar", veio com tanta força à sua mente que ela colocou os comprimidos novamente no frasco e guardou-o no armário. Tentou estudar. Foi um fiasco.
-Onde vocês estão? – Ela perguntou quando Victor atendeu o telefone.
-Desistiu de estudar? – Ele quis saber, ainda um pouco zangado. E, deixando para lá: - A gente está no Oxygen.
-Eu estou indo para aí.
Ela desligou o telefone e trocou de roupa. Quando chegou lá, Bella e Danny pulavam no pula-pula, Millie e Viv se divertiam nos brinquedões do parquinho para crianças pequenas e Victor e George tomavam café. Sua própria família enorme que ela amava.
Enquanto isso, Sophia acordava com uma bigorna no lugar da cabeça. Sentiu o enjoo subir pela garganta e mal teve tempo de chegar ao banheiro antes de vomitar. Ficou sentada no azulejo frio, lentamente se dando conta que estava usando o top da noite anterior, calcinha e mais nada. Que vergonha. Ela havia:
Bebido demais;
Bebido demais na festa de alguém que ela sequer conhecia;
Bebido demais na festa de alguém que ela sequer conhecia, e que ainda por cima era uma cliente;
Se declarado (de uma forma um pouco meia-boca, mas não havia deixado de ser uma declaração) para o Will;
Levado um fora do acima-mencionado Will.
Não conseguia se lembrar se Will havia ido embora antes ou depois da bebedeira. Só faltava ele pensar que ela havia bebido por causa dele, quando na verdade ela havia bebido para esquecer dele e do mico que ela havia pagado.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Quando A Vida Acontece - Volume 6
RomanceNovas histórias e, dessa vez, um mistério. Enquanto Sophia tenta encontrar o próprio caminho e provar que pode mandar em seu destino, Will, um rapaz com rosto de poeta, chega a Londres em busca de uma nova vida. George retoma seu caminho em uma famí...