Capítulo 14

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-Só tenho duas palavras: Costa Rica. É para lá que eu vou viajar todas as férias, para o resto da minha vida! – Baby dizia durante o almoço. – Olha o bronzeado. Olha bem esse bronzeado. Não sou linda desse jeito desde que eu era uma vagabunda que não fazia nada da vida.

-Loira, você não precisava de lua de mel. Você só precisava de férias – Tommy falou.

Jo ouvia a conversa, mas não conseguia absorver nada do que diziam. Ela era um trapo de culpa e remorso. Por ter ido à farmácia, por ter entrado em contato com a Poppy, por ter conseguido mais Ritalina. Ela achava que o frasco de remédios ia queimar a sua bolsa até furá-la e cair no chão, momento em que todos iam descobrir o que ela havia feito. Morria de medo que eles soubessem.

-Dias lindos! A gente acordava, tomava café da manhã com a vista mais linda, ia fazer um esporte radical e depois ficava igual uns lagartos debaixo do sol.

-Pensei que lua de mel fosse sobre sexo – Ella riu.

-Eu falei, ela não precisava de sexo...

-Argh, Tommy, eu sei, eu sei, eu precisava de férias. Quer saber? Precisava mesmo. Nunca mais passo tanto tempo trabalhando. A Millie vai adorar a Costa Rica. Vou comprar uma casa na Costa Rica. Vou me mudar para a Costa Rica.

Jo havia encontrado Poppy um pouco antes de ir almoçar com seus amigos, na dúvida se estava indo ver uma traficante ou não. Claro que não. Traficantes vendiam drogas, ela estava simplesmente comprando remédios, e um remédio tão inofensivo que o médico indicava para uma criança. Ela não permitiria que seu filho tomasse nada que fizesse mal. E, se era bom para ele, certamente seria bom para ela. Foi com isso em mente que encontrou Poppy, uma estudante de farmácia que, por isso, tinha mais acesso a medicamentos. Não a drogas. E ela vendeu um frasco por um preço bastante acima do que Jo costumava comprar, mas ela não estava em condições de reclamar.

"Se fosse tão inofensivo assim, você compraria na farmácia com a mesma facilidade com que adquiriu aquela caixa de remédio para dor de cabeça".

-E os estudos? Já passou aqueles safados para trás? – Baby perguntou.

-Que safados?

-Aqueles trouxas que acham que podem disputar uma vaga com você.

Jo sorriu, sem saber o que dizer. Na verdade, não deveria estar ali. Devia estar em casa, estudando, aproveitando que as crianças estavam na escola ou na creche. Na semana que vem estaria nos Estados Unidos e só Deus sabia como seria.

-É só isso o que ela faz – Tommy disse. – Sim, estou ressentido, cunhada. Levamos tanto tempo para te tirar da casca e você entrou de novo.

-Eu entendo – Ella saiu em sua defesa. – Agora já peguei o ritmo, mas quando comecei o curso de gestão empresarial dava até desespero. É horrível achar que não vai dar conta. Mas você vai, Jo.

-Com certeza, Jo – Mia concordou. – Você quer que eu estude com você?

-Como assim? – Jo perguntou, espantada.

-Ah, não sei, sente do seu lado, tome a matéria. Eu costumava fazer isso com a minha irmã. Verdade seja dita, agora que sabemos o que aconteceu com a ela, sabemos que não deu muito certo. Mas a gente pode tentar.

-Ah – Ela disse, emocionada. – Isso é muito legal. Mas não precisa. Estou indo passar duas semanas nos Estados Unidos e em janeiro já é a prova.

-Ok, mas se precisar, pode falar. Vou ficar feliz em ajudar – Mia sorriu.

-A Mia sempre fica feliz em fazer o bem – Baby brincou.

Quando A Vida Acontece - Volume 6Onde histórias criam vida. Descubra agora