The Cooper's

Relacionamentos

  

Narradora

  Marco continuava sentado em sua cadeira, com o celular ainda vibrando em sua mão. Ele olhou para a mensagem de Jess novamente e, mesmo sabendo que ela só queria o seu bem, não conseguia deixar de sentir o peso daquela pergunta simples: "Você está bem?".  As palavras ressoavam em sua cabeça, como se fosse uma provocação, pois ele não sabia mais como responder algo tão básico. Estava acostumado a mentir para os outros -e para si mesmo- que estava bem, mas, no fundo, as cicatrizes que carregava estavam longe de serem apenas físicas.

  Depois de alguns minutos quieto, ele finalmente digitou: "Tô dboa, conversamos mais tarde", e enviou. A mensagem saiu rápida, mas o incômodo que a acompanhava ainda estava ali. O que ele não disse era que as lembranças do passado e os conflitos com o pai ainda pesavam muito em seus pensamentos. Ele sentia que nunca poderia ser totalmente sincero com Jess, pelo menos não agora. Afinal, como explicar algo que nem ele mesmo entendia completamente?

  Enquanto andava pelos corredores da escola, rumo ao vestiário para poder se trocar, marco permitiu-se relaxar. As pessoas falavam alto e se empurravam, mas a mente de Marco estava em outro lugar. Ele pensava em Jess, na segurança que sentia ao estar com ela. Quando estavam juntos, tudo parecia menos complicado. Ele não precisava ser o Marco quebrado da família, não precisava ser aquele que sempre cometia erros. Com Jess, ele podia ser simplesmente... Ele.

  Então, o garoto rapidamente trocou de roupa, vestiu uma camisa preta básica é um shorts da Nike, preto também. Nos pés tinha um air force branco, é uma corrente de prata no pescoço. Era inegável que era um garoto padrão, bem padrão...

  Chegando ao local combinado, viu Jess já esperando, encostada em um muro com o celular nas mãos. Quando ela o viu, sorriu, e Marco sentiu seu coração acelerar. Era como se aquele sorriso fosse a luz no fim do túnel que ele tanto procurava.

  -Demorou, hein? -Jess brincou, guardando o celular no bolso. 

  -Tive que passar pela muralha de estudantes. -Ele brinca.

-Uma merda, né? -Jess revirou os olhos.  -Vamos dar uma volta, preciso te contar umas coisas. 

-Beleza, eu pensei em almoçarmos naquele restaurante novo do shopping, o que você acha? -Ele fala seguindo ela.

-Tô pobre, papai cortou o cartão. -Ela revira os olhos novamente.

-Tá achando que eu tô liso, é? O pai banca! -Ele ri.

-Sendo assim, então vamos. -Ela sorri.

Eles começaram a caminhar juntos em direção ao shopping, que não ficava tão longe dali. Era um ritual que haviam estabelecido: Ir para o shopping, conversar sobre a semana, compartilhar seus problemas, sempre tentando esquecer o que os esperava em casa, enquanto comiam sempre em um restaurante diferente. Jess, assim como Marco, também tinha seus fantasmas. A diferença era que ela não os escondia tão bem quanto ele.

Chagando no shopping, os dois foram abraçados em direção ao novo restaurante italiano que tinha inaugurado recentemente. Marco já havia feito uma reserva, sem que Jess soubesse. Isso esquentou o coração dela...

Eles sentaram a mesa perto da janela e fizeram seus pedidos. Marco pediu um Tortelloni de ricota e espinafre, enquanto Jess optou por uma massa ao molho pesto.

-Meu pai vai ter que viajar de novo semana que vem. -ela começou, parecendo distante. — E eu vou ficar sozinha com a minha mãe. Odeio quando isso acontece, não que eu goste do meu pai, mas ela sempre me pressiona demais... quer que eu seja perfeita em tudo. 

Marco assentiu, entendendo perfeitamente. Eles compartilhavam esse fardo de expectativas familiares. Durante o passeio, Jess continuou falando, mas Marco, por mais que tentasse, não conseguia se concentrar completamente. Seus pensamentos sempre voltavam para casa, para o peso da última discussão com o pai, e para a sensação constante de que nunca seria bom o suficiente.