Minhas pálpebras se abrem lentamente, O primeiro senso que me invade é o frio do chão áspero, pressionado contra o lado do meu rosto. Há um cheiro peculiar no ar, algo que eu não consigo identificar completamente... mas que parece mágico misturado com um odor forte que incomoda o meu nariz, quase sobrenatural. Ao tentar me levantar, apoio as mãos no chão, que está gelado e úmido. Um arrepio percorre minha espinha enquanto meus olhos, ainda confusos, começam a captar detalhes ao redor
O ambiente está envolto em sombras, mas consigo ver o suficiente para perceber que estou em um lugar estranho, um quarto que emana uma atmosfera de terror. As paredes e o chão estão manchados de sangue. Símbolos enigmáticos estão pintados por toda parte, desenhos que não consigo entender, mas que provocam um mal-estar imediato. É um cenário de pesadelo, e, instintivamente, solto um suspiro, tentando reprimir o medo que cresce em mim.
Minha mente está em branco. Tento forçar lembranças de momentos anteriores, de como vim parar aqui... mas não há nada. Um grande vazio. A sensação de não me lembrar de quem sou ou o que aconteceu antes me causa pânico. Por que não consigo lembrar de nada? Onde estou?
Ainda tonto e desorientado, me levanto devagar, meus pés cambaleando um pouco sobre o chão manchado. Apesar disso, consigo me manter de pé. Olho ao redor, procurando uma saída, até que meus olhos encontram uma porta. Com passos vacilantes, me aproximo e estendo a mão até a maçaneta fria. Puxo a porta com uma certa hesitação e dou de cara com um cenário completamente diferente.
Estou do lado de fora. Uma floresta densa me envolve. O céu noturno está coberto de nuvens, O vento gelado corta minha pele. Está frio. Tento processar a mudança repentina de ambiente, mas minha mente ainda está embaralhada por tantas perguntas.
Enquanto meus olhos ajustam-se à escuridão, vejo algo entre as árvores. No meio da floresta, avisto uma casa. Suas luzes estão acesas, uma pequena faísca de esperança em meio à escuridão que me cerca, e sem pensar duas vezes, corro em direção a ela. Com passos rápidos mas desesperado por respostas. Talvez alguém naquela casa possa me ajudar... talvez alguém tenha respostas.
Não demora muito até eu estar de frente com a porta da casa. Eu não tenho para onde ir, talvez esse lugar me dê as respostas que eu preciso. Eu respiro fundo e com os olhos fechados, eu abro a porta lentamente. Adentro a residência. Um local confortável comparado com o quarto em que eu estava. A fogueira está acesa e eu consigo ouvir vozes vindo em outro cômodo. Com passos calmos, eu me aproximo.
Logo, vejo uma mesa de jantar, com um homem e uma mulher, ambos parecem tristes e abatidos, em quanto conversam sobre algo que eu não consigo entender
A mulher é loira, com o cabelo preso em um coque simples, suas vestes humildes, próprias de uma aldeã. Seu rosto está marcado pela exaustão e tristeza, e suas mãos trêmulas repousam sobre a mesa. O homem ao seu lado, que deve ser seu marido, veste uma armadura gasta, com um manto de pele por cima. Seu cabelo claro é cortado rente nas laterais, e sua barba cheia dá a ele uma aura de força, mas seu olhar transparece uma sabedoria amarga, como alguém que já viu demais. Ele mantém uma das mãos no ombro da esposa, tentando confortá-la em meio ao silêncio pesado que preenche o espaço.
Eu estou parado na soleira da porta, sem entender o que está acontecendo, mas o impulso de dizer algo me domina. Com uma voz trêmula, e inocente, murmuro:
— O-olá?
As palavras saem hesitantes, quebrando o silêncio da sala. Ambos os rostos se viram em minha direção. A mulher, ao me ver, se levanta num salto da cadeira, o pavor estampado em seu rosto. Seus olhos se arregalam em desespero, e sua voz sai num grito desesperado:
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Histórias De Inverno (A Chapeuzinho Vermelho e o Lobo)
WerewolfBaseada no conto da Chapeuzinho vermelho... Astrid é uma jovem garota que viaja pelas frias terras nórdicas a caminho da casa de sua avó, Porém o caminho é traiçoeiro há perigos no fundo Da floresta e o lobo mau passeia aqui por perto...