36. Lily

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Estou encolhida no sofá de Atlas, exausta da mudança.

No nosso sofá.

Ainda preciso me acostumar.

Pedi para Theo e Josh me ajudarem a desempacotar o resto das minhas coisas e das coisas de Emerson, pois Atlas trabalha até tarde esta noite. Eu acordo cedo, ele chega tarde, mas é incrível que agora teremos mais um do outro, mesmo que seja só de passagem.

E temos os domingos juntos.

Mas hoje é sexta e amanhã e sábado, os dois dias mais ocupados de Atlas, então estou entretendo Josh e Theo até minha mãe voltar com Emerson. Nós três estamos assistindo a Procurando Nemo, que já está quase no fim.

Sinceramente, não achei que eles fossem aguentar ver tudo, pois estão na idade em que os pré-adolescentes tendem a fugir dos desenhos da Disney. Mas estou aprendendo que a geração Z é uma espécie diferente. Quanto mais tempo passo com esses dois, mais acho que eles se distinguem de todas as gerações que os antecederam. São menos suscetíveis à pressão dos outros e apoiam mais a individualidade. Tenho um pouquinho de inveja deles.

Josh se levanta quando os créditos começam a subir na tela.

- Gostou?

Ele dá de ombros.

- Foi bem engraçado, considerando que começou com o massacre brutal de todo aquele caviar. 

Josh leva o saco vazio de pipoca para a cozinha, mas Theo ainda está encarando a televisão. Ele balança a cabeça devagar.

Ainda não superei a descrição de Josh do início do filme...

- Eu não entendi - Theo comenta.

- O comentário sobre o caviar?

Ele olha da televisão para mim.

- Não. Não entendi por que Atlas te disse aquilo de finalmente chegar à costa. Não foi nem uma frase do filme. Ele me disse que foi por causa de Procurando Nemo. Passei o filme inteiro esperando alguém falar essa frase.

Tenho certeza de que terei de me acostumar a muitas coisas agora que moro com Atlas, mas o fato de que ele conversa com esse menino sobre o nosso relacionamento provavelmente vai ser uma das coisas às quais nunca vou me acostumar.

A confusão nos olhos de Theo desaparece de repente. - Ah. Ah. É porque quando a vida fica difícil, eles continuam a nadar, então Atlas estava dizendo que a vida não vai mais... saquei. Sua mente ainda está a mil por hora atrás de seus olhos. Ele começa a balançar a cabeça enquanto se levanta do chão. - Ainda acho que foi brega murmura. Seu celular vibra na hora em que ele fica de pé. - Preciso ir, meu pai chegou.

Josh volta para a sala de estar.

- Não vai dormir aqui?

- Hoje não posso, tenho uma coisa pra fazer amanhã de manhã.

- Também quero fazer uma coisa amanhã - diz Josh.

Theo está se calçando e hesita:

- É, não sei.

- Aonde você vai?

Os olhos de Theo se voltam para mim rapidamente, depois para Josh de novo. 

- A uma parada - diz ele baixinho, mas também como se fosse um alerta.

- Uma parada? - Josh inclina a cabeça.

- Por que está todo estranho? Que tipo de parada vai ser? Uma parada LGBTQIA+?

Theo engole em seco como se talvez ele e Josh não tivessem conversado sobre isso, então fico nervosa por ele. Mas depois do tempo que passei com Josh nos últimos meses, sei que ele valoriza sua amizade com Theo.

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