Capítulo 96 - Curva perigosa

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POV Luiza Campos

(V) – Lu, eu esqueci de perguntar se você tem coturno.

(L) – Tenho!

(V) – Então pega ele, tá? Eu trouxe um macacão pra mim e outro pra você. Se você não quiser, tudo bem! Você pode ir de jeans. Mas a jaqueta que você vai usar não será a que te dei, porque na estrada temos que nos proteger mais...é Serra...o vento é muito gelado. Eu trouxe outra jaqueta pra você também.

(L) – Primeira viagem como namoradas e você já quer mandar em mim, Valentina?

(V) – Desculp...

(L) – Tô brincando, linda. Estou te achando muito tensa. Acordou toda agitada. Tomou banho e sequer me chamou. O que está acontecendo?

(V) – Ontem você disse que eu poderia ficar à vontade, eu quis agilizar só.

(L) – Você está com uma carinha estranha.

(V) – Impressão, Lu.

(L) -Vem cá vem! – Puxo o braço dela para chegar pertinho de mim e me abraçar. – Fala comigo, meu amor.

(V) – Não é nada. Só estou cuidando de você, como prometi aos seus pais ontem.

(L) – Aqueles sermões sobre a moto que te deixaram assim, né?

(V) – A preocupação deles é legítima, Lu. Quem nunca andou ou teve moto na vida, vai sempre pesar para a questão: "que é perigoso...etc." Meus pais até hoje me enchem o saco, enfim já me acostumei. Eu só quero garantir que estaremos vestidas adequadamente pra nossa segurança. Tá? E não quero que você fique doente, afinal segunda você vai voltar com a rotina de espetáculos.

(L) – Mas eu já te falei que não tenho mais medo. E que confio em você. Não gosto de te ver desse jeito com essa carinha tensa. Cadê o macacão? Quero ver!

(V) – Tá no meu bagageiro lá na moto. Vou descer pra pegar e aí você escolhe se quer macacão ou só a jaqueta. O que não quiser, a gente deixa aqui pra não fazer volume no bagageiro.

(L) – Tá bom. Eu vou tomar um banho muito rápido.

(V) – Será que eles me liberam lá na portaria pra voltar ou você precisa avisar?

(L) – Eu vou avisar, por garantia, para não terem que interfonar porque estarei no banho.

...

Entro no banho pensando em como a opinião dos nossos pais às vezes pesa tanto, a ponto de nos inibir de experimentar coisas novas. O discurso aqui em casa sempre foi contra motos, então eu sequer cogitei andar até o momento em que a morena dos olhos verdes me fez subir na sua garupa. Achei bonitinho o jeito fofo com que ela falou sobre querer me proteger e me deixar com a máxima segurança. Esse cuidado é lindo.

Tento desfocar desse assunto e logo me pego rindo sozinha, lembrando de toda a nossa provocação ontem antes de dormir. A Valentina tem um lado "sapeca" que me encanta, e parece que estou começando a aderir ao jeitinho dela. A gente já fazia isso desde sempre, ainda lá na Itália, mas agora parece que está tomando outra proporção, e eu confesso que amo essa leveza com que nos relacionamos. E, para variar, ela me fez desmanchar nos seus dedos com toda a maestria e jeitinho que só ela sabe fazer.

Saio do banho com o cabelo seco, não quis lavar para não ter que usar secador e fazer barulho a essa hora da manhã. Olho no espelho com cara de boba apaixonada e sinto um frio na barriga que vem me acompanhando desde que me acertei com a Valentina lá na casa da Giovana. Essa sensação de felicidade que não passa tem nome e sobrenome: Valentina Albuquerque. A presença dela na minha vida me preenche de um jeito que jamais imaginei ser possível.

Será amor? (VALU)Onde histórias criam vida. Descubra agora