capítulo 4

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O barulho da chave girando na porta fez Sunisa saltar de cima do sofá e esconder seus seios e seu sexo com almofadas. A Loira ao seu lado fez exatamente a mesma coisa, no entanto, Simone ainda assim foi capaz de ver algo antes do total cobrimento dos corpos.

- Sunisa, de novo? - Simone reclamou chateada.

- Eu pensei que você não viria mais, já viu que horas são? Quase oito da manhã. Achei que finalmente tivesse aceitado sair com a Chloe e que dormiria com ela lá.

- O quê? - Simone perguntou inconformada. - Eu nem vi aquela garota. Onde estão os garotos, afinal?

- Ricardo já foi para a faculdade e o Diego foi fumar maconha com alguma garota que não me lembro o nome. - Simone assentiu e coçou os olhos.

- Certo. Podem continuar então, vou subir, tomar um banho e dormir umas duas horas. - Ela disse, indo rumo às escadas de madeira invernizada.

- Onde estava, afinal, se não estava com a Chloe? - Flávia perguntou não se aguentando de curiosidade.

- Aconteceu algo bizarro ontem e por alguma razão uma garota que estava em coma havia quatorze anos respondeu à minha voz.

- Quatorze anos? Ela está bem? Fala ou anda? Tudo isso de tempo não era para ter comprometido seu cérebro? - Sunisa perguntou surpresa.

- Como chegou a encontrar um caso assim? Pensei que fosse da fisioterapia. - Flávia concluiu.

- E sou. - Simone respondeu. - E sobre as perguntas da Suni... Bem, ela fala normalmente, o resto ainda não sabemos. Ela deve passar por uma bateria de exames exaustivos, coitada. - Simone disse em um suspiro. - De qualquer forma, vou sair uns trinta minutos mais cedo para ir visitá-la. - Disse, dando de ombros. - Bom sexo para vocês.

- Obrigada. - Disseram em uníssono e Simone subiu as escadas correndo.

Tomou um banho não tão demorado, pois sentia suas pálpebras pesarem, no entanto, quando finalmente se deitou em sua cama seus olhos não se fecharam. Seu cérebro não permitia; ele ficava enviando imagens do sorriso de Rebeca e lembranças do elogio sobre os olhos de Simone.

Ela não fez muita coisa após aquele elogio, pois o médico insistiu que ela saísse da sala junto com Rosa, pois precisava realizar uma série de exames.
Antes de sair, Rosa ouviu o "Mamãe?" E caiu em um choro intenso antes de abraçar sua filha e prometer voltar logo.

Simone se remexeu na cama e fechou os olhos forçadamente, porém aquele sorriso voltou a invadir seus pensamentos. Simone bufou irritada e se cobriu, mas, segundos antes de dormir, a rouquidão da voz de Rebeca voltou a pronunciar:

"𝘖𝘴 𝘴𝘦𝘶𝘴 𝘰𝘭𝘩𝘰𝘴 𝘵𝘢𝘮𝘣𝘦𝘮 𝘴𝘢𝘰 𝘭𝘪𝘯𝘥𝘰𝘴."

Esse era o maldito problema em nunca receber elogios de mulheres tão lindas: Quando recebia não era fácil esquecer. Tentou evitar, mas um sorrisinho bobo enfeitou seus lábios antes de finalmente conseguir pregar os olhos.

[...]

O corpo da garota estava quebrado; ela não deveria sequer ter dormido, pensou, pois se sentia muito pior. Nos olhos havia pingado colirio, já que ardiam intensamente. Seus pés correram o mais depressa possível para dar tempo de visitar Rebeca.

Assim que chegou na porta a qual tanto ansiava, deixou três batidas suaves na mesma, que logo foi aberta por Rosa. A mulher avançou em Simone assim que a viu, envolvendo suas mãos ao redor do pescoço da garota e a abraçando forte.

- Eu jamais serei capaz de agradecer o suficiente, querida. - Rosa disse emocionada, fazendo Simone sorrir.

- Não me agradeça, senhora Andrade, eu não fiz nada. Foi tudo mérito única e exclusivamente de Rebeca. - Simone disse sentindo a mulher lhe soltar e enxugar uma lágrima solitária. - Como ela está?

- Perfeita. - A mulher disse, dando espaço para Simone entrar no quarto. - O médico disse que ela terá que ficar uns dias em observação e terá que passar por fisioterapia, pois ela está há muito tempo em desuso dos músculos e dos ossos. - Rosa explicou, vendo Simone sorrir e acenar para Rebeca, que sorriu de volta. - O cérebro dela também é acostumado a carregar um corpo de seis anos, então ele mesmo pregará peças nela até entender que seu corpo já é adulto.

- Mamãe... - Rebeca fala fazendo a mulher se calar e pôr atenção em sua filha. - Ela voltou mesmo. - Rebeca disse sorrindo e se ajeitando mais na cama.

- Sim, querida. Eu disse que ela voltaria. - Rosa disse rindo de uma forma calorosa.

- Olá, Rebeca, sabe quem eu sou? - Simone perguntou, se aproximando da cama e, consequentemente, de Rebeca.

- A moça dos olhos de chocolate. - Simone enrubesceu ante ao elogio. - Eu gosto de chocolate.

- Bem, eu te trouxe caramelos, mas eu conversei com seu médico antes de entrar aqui e, infelizmente, ele disse que você terá que passar por uma dieta rigorosa por alguns dias, sinto muito. - Rebeca fez uma careta antes de olhar seriamente para Simone. -

- Nem escondido? - Ela sussurrou após tampar sua boca com uma das mãos para sua mãe não ver, fazendo Simone rir a plenos pulmões.

- Não seja assim, mocinha. Não é legal trapacear nas regras quando se trata de nossa saúde, tudo bem? - Simone disse e Rebeca assentiu um pouco contrariada.

- Simone, posso aproveitar que está aqui para ir ao banheiro? - Rosa perguntou, vendo a moça assentir.

Pobre Rosa, deve estar exausta, pensou Simone. Se ela não tivesse que ir para suas aulas práticas ela ficaria com Rebeca para a mulher tirar algumas horas para descansar.

- Mamãe me disse que eu não sou neném. Que agora eu já tenho vinte anos. - Rebeca disse fitando com atenção as expressões de Simone.

- Ela disse isso?

- Disse também que eu sempre serei o neném dela, mas me explicou o que aconteceu. - Rebeca disse. - Parece o desenho do jacaré que queria comer o pica-pau.

- Ah, sim? - Simone perguntou rindo. Ela adorava aquele desenho em sua infância.

- Sim, só que ao invés de dormir por todo o inverno eu dormi por vários. - Simone assentiu, orgulhosa por Rebeca ter entendido.

- E suponho que sua fome esteja igual ao do jacaré, hm? - Simone perguntou rindo ao ouvir o estômago de Rebeca roncar.

A maior acenou um pouco envergonhada e Simone sorriu.

- Já está quase na hora de sua refeição. Vai comer tudo?

- Siiiiim. - Rebeca disse animada e Simone riu.

- Voltei, crianças. - Rosa disse, sorrindo abertamente.

Rápida! Pensou Simone. A garota se permitiu fitá-la: Ainda aparentava cansada, porém aquela grande tristeza e falta de brilho em seus olhos já não existiam.

- Eu adoraria ficar mais, mas o dever me chama. - Simone disse entortando a boca e Rebeca cruzou os braços.

- Ah não! - Protestou emburrada.

- Simone tem coisas para fazer, meu amor. Lembra-se do que conversamos? - Rebeca assentiu ainda emburrada.

- No meu intervalo eu prometo passar aqui, tudo bem?

- Falta muito para isso? - Rebeca perguntou.

- Umas quatro horas. - Simone informou.

- Mamãe, quanto é isso? - Rosa entortou a boca, como explicaria isso?

- São o mesmo que dois filmes da Disney, mais ou menos. - Simone se apressou em dizer.

- Jura que vem?

- Juro. - Simone respondeu.

- De dedinho? - Rebeca questionou, esticando seu dedo mindinho. Simone o olhou e sorriu genuinamente.

- De dedinho.


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me desculpem qualquer erro, não esqueçam de deixar a estrelinha e seu comentário <3

Em um piscar de olhos - REBILESOnde histórias criam vida. Descubra agora