Capítulo 14

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A notícia da revolta nas terras do norte caiu sobre o reino como um trovão. O castelo, que momentos antes estava envolto na tensão entre Jungkook, seu pai, e Jimin, agora fervilhava com a urgência de preparar o exército. Todos sabiam que aquela era uma ameaça real, e qualquer hesitação poderia significar a queda do reino.

Jungkook estava em seu quarto, olhando pela janela as tropas se mobilizando no pátio abaixo. A ansiedade apertava seu peito. Ele havia acabado de afirmar ao pai que estava preparado para o trono, mas agora, com uma guerra iminente, ele sentia o peso dessa responsabilidade se dobrar sobre ele.

— Você está bem? — perguntou Jimin, se aproximando de Jungkook e tocando levemente seu ombro.

Jungkook não respondeu de imediato. Ele olhou para o horizonte, onde o céu começava a se tingir com os tons alaranjados do pôr do sol, mas para ele, parecia mais como as chamas de uma guerra iminente.

— Estou tentando entender o que fazer a seguir — disse ele finalmente, com um suspiro pesado. — Tudo isso está acontecendo tão rápido. Eu sabia que meu pai um dia iria me forçar a aceitar o trono, mas não imaginava que teria que fazer isso em meio a uma guerra.

Jimin se aproximou ainda mais, ficando de frente para Jungkook e segurando suas mãos.

— Você não está sozinho nisso. Eu estou ao seu lado. Nós enfrentaremos isso juntos. — Ele olhou nos olhos de Jungkook, aqueles olhos escuros como a noite, que sempre o reconfortavam mesmo nos momentos mais difíceis. — E sei que, embora seu pai tenha escolhido o caminho da força, você fará diferente. Seu reinado será baseado na justiça, na sabedoria, e no respeito pelo povo.

As palavras de Jimin foram como um bálsamo para Jungkook. Ele sabia que a jornada seria longa e perigosa, mas ao lado de Jimin, tudo parecia mais suportável. Ele apertou as mãos de Jimin, agradecido pela força que ele sempre lhe transmitia.

— Eu só espero estar pronto — murmurou Jungkook, a incerteza ainda pairando sobre sua voz.

Na sala de guerra, o rei estava rodeado por seus conselheiros e generais. Mapa sobre mapa estava aberto na grande mesa de madeira, e o ambiente era preenchido por murmúrios tensos sobre estratégias e posições militares. Quando Jungkook entrou na sala, o silêncio tomou conta. Todos os olhos se voltaram para ele, muitos com dúvidas, outros com curiosidade sobre como o jovem príncipe lidaria com a situação.

— Você finalmente decidiu se juntar a nós? — perguntou o rei com um leve tom de provocação, sem sequer levantar o olhar dos mapas.

Jungkook sabia que aquele era mais um teste. Ele precisaria se posicionar, não apenas como príncipe, mas como líder.

— Estou aqui porque esta é minha responsabilidade agora — respondeu Jungkook, mantendo a calma. — O que sabemos sobre a revolta?

Um dos generais, um homem robusto e de barba espessa, tomou a palavra:

— Majestade, Príncipe Jungkook, ele começou, direcionando-se aos dois. — As terras do norte estão sendo tomadas por um grupo de dissidentes que rejeitam o governo atual. Eles são liderados por um homem chamado Kwon Yi-seul, um antigo comandante do nosso exército. Ele acredita que o reino se tornou fraco e corrupto, e está reunindo apoio de várias aldeias para lançar um ataque direto ao castelo.

Jungkook franziu a testa. Kwon Yi-seul era um nome que ele reconhecia vagamente, mas nunca imaginou que esse homem poderia se voltar contra a coroa.

— E qual é a força deles? — perguntou Jungkook, tentando entender o quão séria era a ameaça.

— Estão bem armados, e seu número cresce a cada dia. Estimamos que em breve terão um exército grande o suficiente para cercar o castelo e começar uma guerra longa e sangrenta, respondeu o general, a gravidade de suas palavras pesando sobre a sala.

O rei, impaciente, bateu a mão sobre a mesa.

— Então, o que estamos esperando? Devemos esmagá-los antes que ganhem ainda mais força! Não podemos mostrar fraqueza agora.

Jungkook, porém, tinha outra abordagem em mente. Ele sabia que a violência sempre fora a primeira resposta de seu pai, mas ele via as coisas de outra maneira.

— Se partirmos direto para a guerra, corremos o risco de perder mais do que apenas soldados. O povo já está insatisfeito, e uma batalha prolongada só vai agravar essa situação. — Jungkook olhou ao redor da sala, tentando medir as reações. — Precisamos de uma solução diferente. Talvez possamos negociar com eles, entender melhor suas queixas e, quem sabe, encontrar uma maneira de resolver isso sem derramar sangue.

O rei lançou um olhar fulminante para Jungkook.

— Negociar? Isso é fraqueza, garoto! Esses homens traíram a coroa, e traidores não merecem misericórdia.

Mas antes que o rei pudesse continuar com sua retórica de força, um dos conselheiros mais antigos, Lord Seung, um homem de cabelos grisalhos e sabedoria evidente nos olhos, falou:

— O Príncipe Jungkook pode estar certo, Majestade. Às vezes, a diplomacia é a melhor arma. Se pudermos evitar uma guerra, não estaríamos apenas salvando vidas, mas também mantendo a estabilidade do reino. Afinal, se o povo se voltar completamente contra nós, até mesmo uma vitória militar será uma derrota.

A sala ficou em silêncio, e o rei, embora claramente contrariado, parecia ponderar as palavras de Lord Seung. Jungkook sentiu uma pontada de esperança ao ver que, pela primeira vez, havia uma chance de seu plano ser considerado.

— E o que sugere, então? — perguntou o rei, relutante, mas disposto a ouvir.

Jungkook respirou fundo antes de responder:

— Eu sugiro que enviemos um mensageiro a Kwon Yi-seul com uma proposta de encontro. Vamos ouvir suas reivindicações e, se possível, tentar resolver isso sem violência. Se as negociações falharem, então nos prepararemos para a guerra, mas pelo menos teremos tentado um caminho pacífico primeiro.

O rei olhou para o filho por alguns longos momentos, o silêncio pairando pesado entre eles. Finalmente, ele assentiu, embora a contragosto.

— Faça como quiser, Jungkook. Mas lembre-se, se falhar, será você quem vai liderar nossos exércitos à batalha. E que o reino pague o preço de sua fraqueza, se for esse o caso.

Jungkook não respondeu. Ele sabia que esse era o único caminho que poderia seguir com a consciência limpa. E com Jimin ao seu lado, ele tinha a força de que precisava para enfrentar o que viesse a seguir.

Com as negociações agora em jogo, o destino do reino estava mais incerto do que nunca, e o peso da coroa começava a se fazer sentir sobre os ombros de Jungkook.

Azul como a cor dos seus olhosOnde histórias criam vida. Descubra agora