Jogo das Manipulações

Capítulo 17: Evento

Rafael hesitou por um momento antes de entrar no carro, ainda processando o que poderia ser aquele "evento" e o que mais Melissa estava escondendo. No fundo, Rafael sabia que estava sendo jogado em algo muito maior do que ele havia imaginado ao aceitar o Vínculo de Sangue. Mas agora não havia como voltar atrás.

Dentro do carro, Melissa parecia relaxada, como se o que acabara de acontecer no Conselho fosse apenas um detalhe em uma noite agitada. Ela dirigia com confiança pelas ruas da cidade, o brilho das luzes passando pelos vidros do carro enquanto eles seguiam para um destino desconhecido.

— Então, esse "evento" — começou Rafael, tentando entender mais —, o que é exatamente?

Melissa deu um pequeno sorriso, o canto de seus lábios levantando-se com um toque de ironia.

— Ah, você vai descobrir em breve. Mas, por agora, digamos que é uma oportunidade para você conhecer melhor o nosso mundo. — Ela olhou para ele rapidamente, seus olhos brilhando com uma mistura de diversão e mistério. — Você ainda é novo nisso tudo, mas eu estou aqui para garantir que você sobreviva e, quem sabe, até prospere.

Rafael não sabia se confiava completamente em Melissa, mas, de certa forma, ele se sentia grato por não estar completamente sozinho naquele novo universo. Mesmo que suas intenções fossem duvidosas, ela parecia ter algum tipo de interesse em mantê-lo por perto. E isso, por enquanto, era o suficiente.

Enquanto dirigiam, Rafael olhou pela janela e tentou absorver o máximo de informações possível. Ele precisava estar preparado, precisava entender o que estava por vir. A Camarilla era um mundo de intrigas, alianças frágeis e traições constantes. Qualquer passo em falso poderia ser fatal.

— Sabe, Rafael, — disse Melissa, quebrando o silêncio — a Camarilla é mais do que uma simples organização. É uma rede complexa de interesses, e cada pessoa tem seu papel a desempenhar. — Ela fez uma pausa, como se pensasse nas palavras certas. — Você, agora, tem um papel importante. E, se fizer tudo certo, poderá até mesmo alcançar a liberdade que tanto deseja.

Rafael estreitou os olhos, cético. Aquela palavra, "liberdade", parecia cada vez mais ilusória quanto mais ele se aprofundava naquele novo mundo.

— Liberdade, é? — ele perguntou, com um toque de sarcasmo. — Não parece que estou no caminho da liberdade no momento.

— Ah, querido, liberdade é relativa. Depende de como você a enxerga e como joga suas cartas. Você pode estar preso a certas regras, mas isso não significa que não possa encontrar uma forma de se mover entre as linhas, de torcer as regras a seu favor.

Rafael ficou em silêncio, ponderando sobre as palavras dela. Ele sabia que a Camarilla tinha suas regras rígidas, mas também sabia que, como em qualquer sistema, havia brechas. O desafio seria descobrir como navegar por esse terreno sem se perder no processo.

O carro de Melissa parou em frente a um prédio antigo, um tanto desgastado pelo tempo, mas que ainda mantinha uma beleza discreta em sua arquitetura clássica. As janelas de moldura de madeira e a fachada de tijolos expostos conferiam um ar de sofisticação histórica, como se aquele local já tivesse testemunhado inúmeros acontecimentos importantes. Era um contraste gritante com a agitação urbana ao redor, como se o prédio estivesse congelado no tempo.

Rafael olhou em volta, tentando entender onde estava e por que Melissa o havia levado até ali. Sua mente estava repleta de perguntas, mas a mais imediata escapou de seus lábios antes que ele pudesse contê-la.

— É aqui o local do evento? — perguntou ele, ainda um pouco desorientado pela sequência frenética de acontecimentos daquela noite.

Melissa, com seu característico ar de superioridade, balançou a cabeça negativamente, como se ele tivesse feito a pergunta mais óbvia e tola possível. Seu olhar carregava uma mistura de impaciência e condescendência, mas também algo de divertido, como se ela estivesse gostando de ver Rafael perdido em suas tentativas de compreender o que estava acontecendo.