❝Sei que me odeia e, honestamente, não me importo. Você só seria mais uma na multidão em frente ao pódio cujo primeiro lugar sempre será meu.❞
Max Verstappen destruira sua própria reputação, e ele sabia muito bem disso. Noites em clubes noturnos, fo...
"Palavras proferidas por dois apaixonados, promessas profundas como oceanos. Mas nunca para serem mantidas."
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M A X V E R S T A P P E N
DEZ MESES ANTES
A ALIANÇA BATE em meu rosto antes de cair no chão.
Por um momento, nenhum de nós diz coisa alguma, e acho que prefiro isso às brigas. Não me lembro de um instante de silêncio que tenha durado mais de um minuto entre nós nas últimas semanas, que se tornaram meses arrastados. Kelly me encara como se estivesse pronta a desmaiar a qualquer instante, e mesmo que seu rosto esteja corado e que haja caminhos de lágrimas secas por suas bochechas, tudo o que ela faz é suspirar antes de passar as mãos por seus cabelos em um gesto apressado. Não sinto parte alguma do meu corpo enquanto me deixo cair na cama atrás de mim, sentando-me na borda do colchão como se uma bomba pudesse explodir ao mínimo movimento.
E talvez exploda, na verdade.
Apoio os cotovelos nos joelhos, e passo as mãos pelo meu rosto, abafando uma respiração entrecortada.
Que situação de merda do caralho.
— Acabou, Max — Kelly diz, e puxo meus cabelos curtos entre meus dedos. — Eu não aguento mais nadar contra a correnteza sozinha.
Preciso de algum esforço até que eu volte a encará-la. A mulher coloca as mãos em sua cintura, andando de um lado para o outro em um gesto nervoso, sacudindo a cabeça vez ou outra. Ela não sabe como reagir a isso, e não posso culpá-la, porque, por mais que o relacionamento entre nós esteja andando aos tropeços há muito tempo, nunca imaginei, em momento algum, que chegaríamos ao fim. Eu fui um filho da puta mais uma vez, é óbvio, mas tudo se consertaria com o tempo, porque sempre foi assim: Kelly dizia algo estúpido, eu dizia algo estúpido, ficávamos semanas sem conversar um com o outro e depois voltávamos a falar como se nada houvesse acontecido. De uma forma muito particular, essa dinâmica entre nós ficou ainda mais intensa depois que a pedi em noivado.
E, mesmo assim, era natural.
Éramos loucos juntos. E loucos um pelo outro.
E, agora, não nos resta nada.
— Kelly, você precisa ser mais racional... — Eu sou um patético. Ela havia sido muito direta há instantes antes e, mesmo assim, meu péssimo hábito de contradizer a tudo e a todos ainda persiste. Persiste, porque dois anos não podem acabar em dois minutos; onde está a parte onde voltamos a conversar como se nada houvesse acontecido?
— Eu? Racional? — ela rebate, sua voz beirando ao sarcasmo. — Eu cansei, Max. Cansei de esperar para que você resolvesse as merdas que você e o seu pai têm; cansei de esperar que você resolva a porra do problema que você tem consigo mesmo! — Quando abro os olhos, vejo-a parada a alguns metros à minha frente, suas mãos apontando para si mesma, sua feição beirando à raiva. Seus cabelos, sempre tão lisos e nem cuidados, estão uma bagunça completa agora, alguns fios caindo sobre suas bochechas. Por um instante, não tenho argumentos. Estou sem palavras, e todo o sentimento de frustração some de minha mente em menos de um segundo.
