Entre escombros

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Sem uma alma, meu espírito repousa em algum lugar frio
Até você encontrá-lo e guiá-lo de volta para casa

(Me acorde) acorde o meu interior

(Me salve) chame o meu nome e me salve da escuridão

(Me acorde) faça meu sangue correr

(Não consigo acordar) antes que eu desapareça

(Me salve) me salve do nada que eu me tornei

(Bring me to life - Evanescence)

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Eles subiam em silêncio as escadarias das doze casas, cada qual absorto em seus próprios pensamentos. Haviam enterrado cerca de 30 corpos no vilarejo de Rodório, entre crianças e adultos. Agathia conseguira fugir e se sentiam derrotados. E ainda havia a situação de Alexia, em coma na casa de Peixes.

— Foi ela quem atacou o vilarejo. — murmura Manigold — Atacou e fugiu. Riu de nossa cara.

— Pior ainda é não saber que tipo de veneno ela usou. — comenta Selinsa.

Albafica mantinha uma expressão severa e gélida no rosto, que escondia sob aparente frieza o amontoado de sentimentos e pensamentos em seu interior. Sentia ódio de Agathia e estava triste por Marina. Não havia sido fácil consolar Jan, enterrar sua mulher tão querida, nem os demais moradores que foram vítimas, tendo crianças entre eles. Como aquela garota tivera coragem de cometer tamanha atrocidade contra inocentes? Qual seria a punição suficiente para isso?

Na casa de Peixes, Degél os esperava no quarto de Albafica, onde Alexia descansava. O quarto parecia um consultório, com a escrivaninha instalada ali, abarrotada com papéis e outras coisas que Degél usava para estudar e analisar o caso. Também havia remédios, emplastros, algodão e éter.

— Estava esperando vocês chegarem. Soube o que houve, sinto muito. — diz o cavaleiro de aquário, em seu habitual estoicismo.

— Como estão as coisas por aqui? — pergunta Albafica, se aproximando do leito de Alexia. Ela estava gelada, e enquanto observava seu rosto, viu sangue começando a escorrer por seu nariz.

— Não vão bem. — suspira o médico — Eu tenho uma hipótese, mas acho que você não irá gostar.

Albafica pega um tufo de algodão e limpa o sangue do rosto da aprendiz. Pede para que Degél explique.

— Observei amostras de sangue enquanto vocês estavam fora. Há três substâncias diferentes: uma ataca, outras duas defendem. A substância mais resistente está em menor quantidade.

— Fale de forma mais clara. — pede Manigold, ninguém ali entendia bem aquela linguagem médica.

— Eu diria que o veneno que Agathia aplicou está atacando o corpo de Alexia, e ela só sobreviveu até agora devido ao sangue de Albafica em sua corrente sanguínea. É o seu sangue que neutraliza o veneno, Albafica. Porém, como vocês interromperam a troca sanguínea, ela está ficando sem defesas.

— Então você está sugerindo... — o atordoamento começava a nublar os pensamentos dele mais uma vez. Encostou-se na parede ao lado da cabeceira da cama.

— Que você deve passar seu sangue à ela. Deve continuar o Elo Carmesim.

— Não. — afirma ele, escondendo por trás do tom firme o medo que sentia — Não posso fazer isso. O que prova que meu sangue ajudaria? Meu sangue sempre matou pessoas, não o contrário!

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