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**Yoongi**

Cheguei ao galpão onde Namjoon e Jin me esperavam. O ar parecia pesado, e o som do metal rangendo enquanto a porta se fechava ecoava no espaço vazio. Namjoon estava de pé, com os braços cruzados, me observando com aquele olhar atento que parecia ver além do óbvio. Jin, sempre calculista, estava concentrado em uma prancheta, mas eu sabia que ele estava atento a cada detalhe. Eu tentei controlar minha expressão, manter o rosto impassível, mas estava cada vez mais difícil.

Os pensamentos sobre Safira com Jimin estavam me corroendo por dentro. O ciúme e a raiva que eu sentia por não poder estar ao lado dela eram como uma corrente constante, uma voz sussurrando o tempo todo. Mesmo confiando em Jimin, a ideia de Safira morando com ele... isso me tirava do sério. E agora, aqui, com Namjoon e Jin, eu precisava disfarçar.

— Yoongi — Namjoon falou primeiro, me observando com aqueles olhos penetrantes. — Você parece diferente. Algo está te incomodando?

Minha mandíbula travou por um segundo. Eu sabia que Namjoon era bom em ler as pessoas, mas agora não era o momento para mostrar fraqueza. Eu balancei a cabeça, tentando parecer despreocupado.

— Nada que não possamos resolver — respondi, com a voz firme. — Só o trabalho de sempre.

Mas eu sabia que ele não estava convencido. Namjoon me observava como se estivesse esperando por algo, uma rachadura na minha fachada. Ele era astuto, e qualquer deslize meu poderia fazer com que ele começasse a questionar demais.

— Hm, certo... — Namjoon disse lentamente, como se ainda estivesse ponderando. — Bem, conseguimos pegar um dos que estavam envolvidos no roubo das armas e do dinheiro da organização. Está lá no porão. — Ele deu um leve sorriso, o tipo de sorriso que nunca chegava aos olhos. — Pensei que você quisesse cuidar disso pessoalmente.

Eu sabia o que ele estava oferecendo. Uma forma de extravasar. Uma chance de descontar toda a raiva que eu estava reprimindo. E a verdade era que eu precisava disso mais do que nunca.

Jin olhou brevemente para mim, com aquele jeito frio de sempre, mas sem dizer uma palavra. Ele sabia que eu lidava com as coisas à minha maneira.

— Vamos acabar com isso, então — respondi, tentando manter o controle.

Descemos para o porão. O som dos meus passos ecoava pelo espaço vazio, misturado com o zumbido das luzes fluorescentes. Lá embaixo, a figura acorrentada à cadeira ergueu a cabeça. Era um dos ladrões, alguém que achou que poderia roubar da organização e sair impune. Ele já parecia em frangalhos, suando e tremendo, sabendo o que viria a seguir.

Minha raiva já estava no limite. E enquanto olhava para o homem na cadeira, algo dentro de mim começou a ferver. Não era só sobre ele, ou sobre o que ele tinha feito. Era sobre tudo o que eu estava sentindo. A frustração de não poder proteger Safira da maneira que eu queria. O ciúme que me corroía cada vez que eu pensava nela com Jimin, mesmo sabendo que nada aconteceria. Eu confiava em Jimin, mas não conseguia afastar as imagens que minha mente insistia em criar.

— Você sabe por que está aqui, não é? — minha voz saiu calma, mas havia algo afiado nela. O homem acenou com a cabeça, mas não falou nada. Ele sabia que qualquer palavra agora não faria diferença.

Segurei sua mão com força e comecei com os dedos. Um por um, fui arrancando as unhas, lentamente, enquanto ele gritava. O som era quase ensurdecedor, ecoando pelas paredes de concreto, mas para mim, era como uma sinfonia distante. Cada grito dele me fazia pensar em Jimin e Safira. Pensar neles juntos, no plano. Mesmo sabendo que era uma farsa, isso me corroía por dentro. Eu confiava em Jimin, mas o que eu não conseguia controlar era o que estava acontecendo dentro de mim.

Set Me FreeOnde histórias criam vida. Descubra agora