Exatamente às 9 horas da manhã, eu já estava de pé com uma xícara de chocolate quente nas mãos. Choveu a noite toda e estava fazendo bastante frio. Eu havia recusado o café da manhã no hotel, então eu escolhi ir ao café rainbow, onde me sentei de frente a grande janela. Estava usando um sobretudo cinza escuro, junto com botinhas de salto, uma meia calça preta e um vestido preto de tubinho simples.
Me sentei diante da grande janela onde o frio parecia formar uma leve camada de gelo no vidro, os pingos do telhado escorriam fazendo uma passarela até o chão. Respirei fundo quando ouvi a porta do estabelecimento tintilar alertando um novo cliente, que não o conhecia, assim como todos os rostos deste lugar.
Alcancei meu telefone na bolsa notando ter deixado o diário no hotel, bufei de raiva, mas me lembrava bem de cada detalhe da minha lista inútil. A primeira coisa era encontrar o endereço de um dos nossos amigos, me levantei, paguei a conta e fui embora com o Google Maps aberto em busca do Rogers Garage, sabia que Jessy morava perto dali, então seria mais fácil encontrar - é o que penso.
Assim que encontrei o local, estava fechado, o óbvio, mas parecia que estava muito mais do que sem vida. Parei diante do mesmo sentido um arrepio percorrer por meu corpo, não era o vento gélido, não era o tempo frio, estava quentinha, era a história por trás de todo aquele imóvel.
Um aperto surgiu em meu coração, quis chorar, e eu assim fiz em silêncio. Um nó se fez em minha garganta, e uma onda de horror passou em minha mente, como um filme gore, onde tudo o que vivi, as ameaças, o sentimento de culpa, o desespero e o medo tivessem me bombardeado no mesmo instante.
Ao olhar para trás, a garagem de frente a floresta deixava um ar perigoso, onde a mesma sussurrava uma história perigosa, onde eu estava no meio dela. Engoli em seco, sentindo o cheiro da morte, voltei meus olhos para o local deixando as lágrimas derramarem mais um pouco, trêmula encarei meu celular por alguns minutos, onde a voz o GPS dizia " você chegou ao seu destino".
Então era isso, o meu destino era o túmulo de uma pessoa que significou muito pra mim. Era o findar de toda a existência de vida? Uma tragédia? Era assim que era o meu destino final? Ignorei meus pensamentos levantando meus olhos para frente, onde um senhor surgiu, ele calejava e me encarava com um olhar triste e vazio. Paul Roger, o pai do Richy, a semelhança é absurdamente igual.
— Ei você — o chamei me aproximando em passos largos.
— O ferro velho não funciona mais, se encaminhe aos TT's, eles estão com uma oferta — ele respondeu rapidamente tentando se livrar de mim.
— Não. Não é isso — parei diante dele na qual se encontrava de costas para mim. Não tinha notado a casa ao lado.
— Se for algum daqueles jornalistas enxeridos, você pode dar o fora daqui. Não vou dizer nada sobre o meu filho! — ele resmungou, ignorando minha presença e continuando a andar. A frustração crescia em mim, mas eu precisava dele.
— Por favor — implorei, tentando me aproximar — Eu não sou uma jornalista.
Ele manteve-se indiferente, os passos firmes e rápidos como se estivesse fugindo de algo mais do que apenas uma conversa desconfortável.
— Eu... me chamo Mia. Mia Green — fechei os olhos ao dizer meu nome, como se isso pudesse me proteger da avalanche de emoções que vieram à tona.
O silêncio pairou entre nós por um momento, e então percebi que ele hesitou, mesmo que por um breve instante. Ele sabia tanto quanto os outros o peso deste nome; não havia ninguém naquela região que não soubesse quem eu era. E eu sabia mais do que ninguém que dizer este nome doía em cada parte do meu ser. Era um nome carregado de uma história dolorosa, com pontas soltas que insistiam em se entrelaçar com meu presente.
— Olha — continuei, a voz trêmula — só quero entender o que aconteceu. Não estou aqui para julgar ou fazer perguntas incômodas sobre seu filho.
Ele parou então, finalmente me encarando com um olhar carregado de desconfiança e dor. O tempo pareceu congelar enquanto eu esperava pela resposta que poderia dar início a tudo.
•••
Olá eu estava escrevendo essa história em outra plataforma mas migrei para o wattpad, peço perdão pelos primeiros capítulos serem curtos e pelos erros ortográficos ☕
Tiktok: evduskmoon.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Promessa do Jake
FanfictionApós o tumultuado desfecho do caso de Hannah Donfort, Mia Green decide ir para Duskwood, determinada a cumprir a promessa que Jake fez: "Eu vou te encontrar, não importa o que aconteça." Carregando consigo a esperança de reencontrar Jake, Mia também...