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- Pronto - Louis disse, depois de terminar de enfaixar o braço da garota. Ela tinha chegado com uma faca no ombro. Tinha quinze e disse estava em uma festa de praia qualquer á algumas quadras do hospital. Foi assaltada. A faca foi resultado de sua resistência.

Louis jogou as luvas que usava no lixo ali perto e se virou para a menina, que continuava sentada na cama hospitalar. A manga direita de sua blusa estava cortada para facilitar o procedimento, e seu rosto estava calmo, sem demonstrações de incômodo ou dor.

- Sua mãe já está aí? - ele perguntou e viu a garota assentir. Fez um movimento com a cabeça na direção da porta, indicando que ele já tinha terminado e ela poderia ir. Ela se levantou e foi em direção a porta, com Louis em seu encalço. Passaram pelos corredores cheios e enfim chegaram a sala de espera.

O médico diminuiu levemente o ritmo de seus passos, esperando a menina identificar sua responsável. A adolescente correu os olhos escuros pelas cadeiras até achar sua mãe. Foi andando em direção a mulher, e Louis parou alguns passos longe das duas. A mulher parecia ter quarenta e poucos anos, seus cabelos estavam soltos e suas roupas eram simples e básicas.

A mais velha se levantou de forma abrupta, tomando a menina em seus braços. Ao ouvir um pequeno resmungo da garota, logo tratou de afrouxar o abraço. Ficaram assim por alguns poucos segundos, até a mãe largar a filha e segurar apenas sua mão entre as suas. Se aproximaram de Louis, e a mulher sorriu agradecida e aliviada.

- Obrigada, mesmo, eu.. - sua voz estava embargada - Muito obrigada - Tomlinson apenas sorriu e balançou a cabeça negativamente - Pode agradecer a Harry por mim? - a mulher pediu, enquanto se virava e pegava sua bolsa na cadeira.

- Ah, claro. Sem problemas - o médico garantiu, e viu as duas cruzarem as portas automáticas de vidro do hospital. Com elas fora de vista, o homem deixou sua feição se tornar confusa e seu cenho franzir.

Com as mãos nos bolsos do jaleco, foi até o meio da sala de espera, onde a mesa de atendimento ficava. Se aproximou da estrutura de madeira e logo pode ver Niall, com seus olhos azuis atentos no computador. Seu amigo usava roupas largas e azuis, assim como os enfermeiros do lugar. Apoiou-se na bancada de madeira e esperou Horan notar sua presença. O homem o olhou e sorriu.

- Oi, Lou - disse, voltando os olhos para alguns papéis espalhados pela mesa, mexendo neles como se procurasse algo - Nada pra você ainda - Louis sorriu e negou com a cabeça

- Não vim por isso - suspirou - Pode procurar um nome nos arquivos do hospital pra mim? - perguntou, vendo a expressão do loiro oxigenado se tornar zombeteira e um sorriso debochado aparecer em seu rosto

- Harry? - perguntou, com as sobrancelhas arqueadas, um sorriso ladino tomava conta de seus lábios

- Como..?

- Zayn acabou de passar por aqui pela terceira vez e Liam veio no início da noite - citou os outros amigos. Zayn e Liam eram médicos, assim como Louis, e os três tinham se conhecido depois de um projeto em trio na faculdade. Se formaram e assim que entraram no hospital conheceram Niall - Os dois atrás desse mesmo nome.

- Falando do enfermeiro misterioso? - Louis ouviu a voz de Zayn e logo viu o moreno se posicionar ao seu lado no balcão, entregando uma pasta branca para Niall, que pegou e guardou em uma de suas gavetas.

- Engraçado - Louis franziu o cenho - Acabei de atender a garota de quinze anos, com a faca no ombro - explicou, alternando o olhar entre os dois e viu Niall assentir. Horan sabia de todos os casos. Ele os recebia e encaminhava para os médicos do PS - e a mãe dela me pediu para agradecer a Harry - disse - E eu nem ao menos sei o que ele fez.

- Parece que ele fica por aqui - Zayn disse, se referindo a sala de espera - E acalma as pessoas - a feição dos outros dois se tornou confusa - Eu não sei! Apenas tirei essa conclusão por que pelo menos umas três pessoas que me falaram dele disseram que se não fosse por esse tal de Harry elas teriam entrado em pânico de tanto esperar.

A conversa por interrompida pelo telefone, que tocou na mesa de Niall. Os médicos se calaram e esperaram até o loiro terminar a ligação. Ele fazia algumas perguntas e anotava algumas coisas, deixando claro que alguém estava chegando e o estado era grave.

- Estamos aguardando - e a ligação se encerrou - O helicóptero estará aqui em alguns minutos. Atropelamento - Horan disse, e os dois o olharam atentamente - Trem - concluiu, vendo o rosto dos dois profissionais franzir ao notar o quão séria era a situação. Niall se calou e esperou algum deles se pronunciar.

- Eu vou - Zayn suspirou e estendeu a mão, esperando o outro lhe dar o papel com as informações que foram passadas. O moreno foi andando e olhando o papel, enquanto alguns enfermeiros já se aglomeravam a sua volta.

- Vou comer - Louis declarou, vendo o loiro assentir e voltar sua atenção aos papéis e computador - Quer alguma coisa? - o amigo negou, e então ele seguiu em frente.

O médico cantarolava baixinho, com suas mãos nos bolsos do jaleco e os olhos azuis vagando por tudo que acontecia a sua volta. Os barulhos de vozes e choros no fundo, deixando os pensamentos de Louis inquietos. Não é possível que alguém trabalhe em um local sem ser visto por nenhum outro profissional.

Finalmente chegou ao seu destino. A cozinha ficava em uma área restrita, onde apenas funcionários podiam entrar. Quando chegou ao lugar, Louis pode ver um garoto, que parecia inquieto. Seu pé direito batia no chão de forma frenética e o corpo balançava um pouco. Ele olhava para os lados toda hora, e foi quando ele olhou para o lado contrário em que Tomlinson estava, que o médico aproveitou e se esgueirou por entre as prateleiras, parando a alguns metros atrás do menino, em um ângulo que ele não checava.

O garoto era baixo e magro, a pele branca e os cabelos cacheados e castanhos. Ele usava uma calça jeans preta, all-star branco e uma blusa de mangas branca, que cobriam um pouco suas mãos. O médico notou que ele esperava o micro-ondas, que estava alguns metros acima de seu rosto numa superfície de madeira presa na parede. Na bancada ali perto, Louis viu o pacote de pão de forma vazio, que ele sabia que estava guardado no armário a um certo tempo, apenas com a primeira e a última fatia dentro dele.

Uma ideia maluca se passou pela cabeça de Louis e ele semicerrou os olhos, vendo se podia coletar mais alguma informação com a situação. O médico entre abriu os lábios, respirou fundo, e decidiu tentar a sorte.

- Harry?

HarryOnde histórias criam vida. Descubra agora