15 - Odeio Cliches.

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— Obrigada pelo dia — Sana abraça o corpo de minha mãe se despedindo — Mas agora eu preciso ir — Fala checando o horário em seu celular, que já sinalizavam 23h da noite.

— Tem certeza, minha querida? — Mamãe olhava para Sana preocupada, e como se fosse um sinal divino começa uma forte ventania — Não acho uma boa ideia você sair agora, fique conosco, você pode dormir no quarto da Tzuyu e usar um de seus uniformes emprestado — Escutei a risada baixa de Ning logo atrás de mim quando Mamãe falou que Sana poderia dormir comigo. Confesso que meu corpo enrijeceu com aquelas palavras, dormir com a japonesa? Só se eu quisesse amanhecer morta no outro dia — Tudo bem para você Tzu? — Mamãe perguntou balançando meu braço, fazendo eu voltar a órbita e balançar a cabeça concordando. Eu estava ferrada.

A japonesa ainda parecia receosa em aceitar, olhando seu celular mais uma vez quando a tela se acendeu e um alerta tempestade apareceu em letras garrafais. Okay, o que era isso? Até o tempo quer me fuder?

— Tudo bem... — Sana fala hesitante, procurando pelo meu olhar quando os braços de minha mãe a agarraram, caminhando consigo escada acima, desaparecendo logo em seguida.

Escuto novamente a risada de Ning atrás de mim, só que dessa vez mais alta e estridente. Essa menina devia trabalhar no circo. Respiro fundo a ignorando e também subo as escadas, escutando sua voz falar ironicamente — Boa noite Yoda — seguido de barulhos de beijo.

Subo as escadas lentamente e paro no batente da porta do meu quarto, vendo Sana olhar confusa para todos os cantos, como se estivesse perdida, ou muito, muito deslocada.

— Oi... — Falo baixinho fazendo o corpo da mais baixa saltar em um susto, desviando sua atenção do quadro que eu havia ao lado de minha cama — Desculpa, não queria te assustar — Ela balança a cabeça assentindo enquanto mordia o interior de suas bochechas, voltando a observar meu quarto.

— Você é fã? — Pergunta apontando para um grande pôster pendurado acima da minha cama. Balanço a cabeça afirmando — Nunca imaginei que você fosse fã da Beyoncé — Fala sorrindo — Mas também era óbvio, você sugeriu que dançassemos lose my breath na apresentação, e parecia saber os passos de cor e salteado — Sorrio envergonhada, olhando para o chão, nunca antes havia compartilhado meus gostos com alguém, ainda mais algo tão íntimo em minha vida que era a minha paixão pela cantora — Qual sua música favorita dela? — Sana se vira para me encarar. Penso por um tempo, eu definitivamente não tinha uma favorita e facilmente poderia falar a discografia inteira da cantora.

— All night — A mais baixa franze o cenho e coça a nuca.

— Não conheço essa, desculpa... — Ela sorri amarelo, o que me faz sorrir para ela. Como podia ser tão adorável? — Você pode me mostrar ela? — Fico um pouco surpresa com o interesse da mais baixa pela música que eu gostava, mas levo minha mão ao bolso e alcanço meu celular, colocando a música para tocar. Me sento na ponta da cama e a chamo para sentar ao meu lado.

Ela escutava a música atentamente enquanto sorria, ela estava sentindo cada melodia e eu podia ver isso por suas expressões. Seus olhos permaneceram fechados até o último instrumental soar, os abrindo e encontrando os meus que a encaravam admirada.

Estávamos presas em nosso mundo, nossos olhares grudados, nossos sorrisos se completando, era quase como se estivéssemos hipnotizadas. Uma onda eletrizante passou por todo meu corpo quando senti ela repousar sua mão em minha coxa. Engoli seco quando percebi que nossas faces estavam cada vez mais próximas, como um ímã sendo puxado.

A realidade me atingiu quando escuto uma forte trovejada lá fora e uma lufada de ar quente vinda da boca da mais velha atingiu minha face. Me afasto tentando recobrar minha consciência, lembrando que Sana já havia alguém, e essa pessoa também era minha amiga. Eu não sabia qual relação as duas estavam construindo, mas eu não queria ser a culpada por acabar com aquilo.

GOOD LUCK, BABE - SatzuOnde histórias criam vida. Descubra agora