0.1 Bilhete

48 5 9
                                    

Seus cabelos caíam sobre os ombros, seus olhos cor de mel e as pintinhas na bochecha. Ela parecia mais perfeita a cada olhar. Encostei nossos narizes e senti sua respiração ofegante. Passei a mão pela extensão do seu rosto e não pude conter um sorriso ao ver o dela. Eu amo essa garota, para mim ela é tudo. Enquanto nossos rostos se aproximavam da sua bochecha, dei um selinho demorado e senti seu sorriso. Abracei-a fortemente, sentindo seu coração acelerado.

- Any? - A voz de Noah se espalhou pelo lugar. Instantaneamente, fechei o livro enquanto olhava para ele.

- Sim? - Guardei o livro em minha bolsa, logo desviando a atenção para ele. De qualquer forma, eu não conseguiria terminar a leitura.

Ele segurava seu inseparável milkshake. Noah sempre tomava um milkshake de morango todas as manhãs. - O que você estava lendo?

- Nada, por quê? - Peguei o milkshake dele e dei um gole. Morango não é o meu sabor favorito, mas também não me desagrada. Prefiro mais a fruta do que o sabor artificial.

- Estranhei, você está lendo, deve ser algo bem interessante... - Ele arqueou a sobrancelha de forma sugestiva e terminou de tomar a sua bebida.

- Era um livro sobre João e Maria. Não é o João e Maria de crianças - esclareci com cuidado. - é uma história diferente, com toques macabros. Até o próprio Diabo aparece. - Tentei dar o melhor resumo possível, para que ele entendesse.

- Credo! - Ele riu enquanto se levantava indo jogar o copo no lixo que estava ali perto. - Vem, besta, vamos para a aula.

- Sim, senhor - respondi, colocando a mochila no ombro e saíndo junto com Noah. Agora bateu a vontade de tomar um milkshake.

Ele se aproximou e cruzou nossos braços durante caminho. Noah e eu somos amigos de longa data, vivemos grudados um no outro, a ponto de sermos considerados "casal que não é casal". Minha mãe o considera parte da família, mas a mãe dele não gosta de mim, pois acha que eu sou má influência. A mãe dele é conservadora, segura as rédeas dele e não deixa muito espaço para ele respirar livremente. E, em seu método de governo, ela até obriga ele a se relacionar com pessoas que ele não gosta. Entretanto, surpreendentemente, essa mãe autoritária criou um filho maravilhoso.

Coloquei minha mochila em cima da mesa, enquanto o professor entrava na sala. Sem sequer dar um "bom dia" , o professor foi direto ao quadro logo passando a matéria. Estudar é uma das atividades que menos me agrada, no entanto, por incrível que pareça, costumo tirar boas notas sem recorrer a colar. Enquanto estava concentrada, ouvi um som vindo de trás de mim e me virei para encarar a pessoa. Joalin estava fazendo alguns gestos que não consegui identificar.

- Minha filha - Passei a mão no rosto antes de começar - Já falei para não mandar sinais. Se for depender disso, teremos um apocalipse zumbi antes que você consiga se expressar. - Provoquei a mesma sendo respondida com um dedo do meio.

A mesma revirou os olhos e me passou um bilhete. Já Noah estava tentando rir discretamente ao meu lado, enquanto copiava o que o professor traçava no quadro. O mesmo me olhou curioso tentando ler o que estava escrito no papel.

- Está bisbilhotando a conversa alheia?- Provoquei, o que o fez revirar os olhos e sorrir levemente. Seu sorriso sempre me desarma, principalmente suas covinhas.

Com um olhar de curiosidade, abri o bilhete e notei que a letra não era de Joalin. "Oi Any, vai estar no jogo de hoje? Vi que esteve no treino, mas não consegui falar com você. É uma pena você não faça parte do time, mas adoraria ver como você ficaria naquele uniforme" Alguém estava flertando comigo.

- O que Joalin escreveu para você? - Perguntou inclinando-se para pegar o papel, porém eu não deixei.

- Não foi ela -respondi dobrando o papel, olhei em volta tentando descobrir quem poderia ser o remetente.

 Sweet Night - BeauanyOnde histórias criam vida. Descubra agora