silêncio hospitalar

112 8 4
                                    

A luz vermelha de emergência, piscava lentamente, mas sem parar, no meio do corredor daquele grande hospital quase que silencioso, com almas cansadas e feridas, com tanto risco a morte que nem o diabo, ou deus, aguentaria essa maldição; médicas e enfermeiros corriam para lá e cá em qualquer canto e quarto, os corações e mentes preocupados com as situações que aconteciam naquela madrugada chuvosa, em pleno começo do ano, acostumados com a difícil vida.

Em um dos quartos com cinco ou dez leitos hospitalares, estava no meio deles mais uma daquelas almas e corpos quase que mortos, e que apenas um milagre os acordava. Christopher Bangh, vinte e seis anos, totalmente hospitalizado, deitado naquela cama e imóvel, com vários tubos, a camisola hospitalar e algumas partes de seu corpo engessadas, seus olhos castanhos não eram tão mais vistos enquanto estava adormecendo; isso tudo, por causa que ele que bobo era nem sequer olhou para os dois lados ao passar pelas ruas, um caminhão empurrando e impulsionando sua grande figura no chão, que o desastre lhe aconteceu. Mas uma pequena alma viva estava lá em seu lado, ansioso, batendo rapidamente seu pé no chão como se seu tique nervoso iria travar sua perna a qualquer tempo instante, sua mente culpada, preocupada com seu amado; Kim Seungmin, namorado de Chris, vinte e três anos, seus cabelos castanho escuro passando pelas sobrancelhas tensas, como o corpo todo, os olhos escuros não parando de olhar para aquele rosto tão mais adulto que ele mas não parecendo tanto.

Uma enfermeira abriu a porta da frente do grande quarto suavemente, com uma prancheta na mão, e seus olhos calmos lendo o diagnóstico de Chris que demorou alguns minutos para sair, mas Seungmin já estava bastante tempo lá dentro; com sua figura gentil, se aproximou com passos breves, com um pequeno sorriso, disse para o rosto desesperado de preocupação de Seung as seguintes palavras:

- Ele está bem, fique tranquilo, ele só machucou algumas parte do corpo como as costas e as coxas, mas nada grave - As palavras fluíam como uma tranquilidade eterna, fazendo Seung derreter num suspiro de alívio; menos preocupação agora.

- Você...acha que ele ficará muito tempo no hospital? - A voz tímida e curiosa do jovem adulto só se tinha ouvidos para ela, já que, a maioria nesse quarto dormia profundamente;

- Ele terá de ficar aqui por alguns dias pra se recuperar, mas você pode vir visitá-lo mais pela tarde - A enfermeira foi muito doce com ele desde quando ficou na recepção esperando com nervosismo;

Seungmin ao ouvir apenas acenou lentamente com a cabeça, perdido em seus pensamentos enquanto voltava a olhar para Chris, seu cabelo bem escuro tão bagunçado, fazia ele parecer mais fofo do que doente. Seung queria ficar o maior tempo possível, não se podia ficar tanto tempo, mas com o drama que ele fez, decidiram deixar ele como visita até 3h00, e já eram 2h40 da manhã. A enfermeira disse palavras de conforto, fazendo com que ele apenas desse um leve sorriso, mostrando ainda preocupação do que suavidade e alívio; ela saiu daquele lugar com a mesma doçura de quando entrou no quarto, fechando a porta lentamente e deixando tudo silencioso novamente, apenas a chuva lenta lá fora de fundo, deixando a atmosfera preocupante mais confortável.

Durante esses pequenos minutos de silêncio, Seung ficou pensando e se culpando sobre oque aconteceu com seu querido Chris, porque ele apenas pediu no final da tarde chuvosa para que  trouxesse um cheesecake de conveniência, era seu favorito, achava melhor dos que se fazia em restaurantes chiques, e como bom namorado ele era, foi rapidinho, nem precisava de carro, apenas suas pernas já bastavam, e na verdade, aproveitou para pegar mais coisinhas bestas - uma revista antiga, chicletes e balas (aqueles com sabores esquisitos), máscaras faciais descartáveis, 2L de coca-zero, e claro, o cheesecake; e quando saiu daquelas portas automáticas, com pressa pela chuva, aconteceu oque aconteceu. E Seung que estava no aconchego dos lençóis na cama, naquele apartamento compartilhado, assistindo Natsume Yuunjichou, já que começou a ver mais anime por causa de Chris, e teve de sair de lá após uma ligação do hospital, que já tinha o socorrido, seu coração disparando a milhas por segundo, e agora estava ali, esperando seu amado acordar para, pelo menos, ter uma conversa decente.

Aquele corpo doente e cansado, lentamente, bem lentamente começou a se mexer e despertar, murmurando palavras que nem sequer podia-se entender, os olhos fechados se apertando com a dor no corpo, com dificuldade pra mexer. Os olhos de Seungmin se alargaram e brilharam de tanta descompressão, suas mãos pálidas se aproximando do manto que o cobria, apertando com força, querendo trocá-lo e abraçá-lo, mas não podendo totalmente;

- M-meu bem? - A voz soava meio trêmula, e baixa para não assusta-lo, mas seus olhos não paravam de brilhar, era quase como se ele estivesse chorando;

Christopher que abria os olhos devagar, de meia pálpebra, olhou ao redor com muita curiosidade e confusão, demorando pra perceber Seung até ouvir aquela voz de anjo que...era familiar para ele, o apelido de anos contados, mas, sua mente se forçava a se lembrar de quem lhe era a voz, sua cabeça se inclinou até onde Seung estava sentado, que era perto dele, suas mãos apertando o manto ainda, os nós de seus dedos ficando brancos. Chris olhou com a testa frangida, os olhos desfocados, sua mente em desordem e dor.

- Desculpe, mas quem é você..?

Blank Heart - chanminOnde histórias criam vida. Descubra agora