Capítulo 1

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Aghata Harkness, 1997, Paris.

Não preciso de muito para entender as pessoas, depois de tantos séculos você consegue adquirir um novo poder mágico, a perspicácia.
Hoje, eu moro em um apartamento em Paris, em Île Saint-Louis, o coração de Paris, gosto desse lugar por sua tranquilidade, quase um oásis para a minha mente.
Depois de algumas décadas, ou, séculos, vivendo de forma agitada, tornei a finalmente apreciar a paz.
Esse ano, Paris está sediando uma feira mundial, a Exposition Universelle, e é claro que, como uma boa estudante da arte, irei comparecer.
Desde 1970, tornei a me interessar pela nova arte moderna, a forma como as pessoas estão evoluindo, apreciando melhor as coisas da vida me deixa intrigada. Então, decidi fazer algo de diferente, e comecei meus estudos a pouco tempo em uma universidade no centro de Paris. Não sei por quanto tempo morarei aqui, mas por enquanto me sinto bem neste lugar.

Estados Unidos, LA, 2018.

Me mudei para LA há pouco tempo, depois de Paris, pensei em modificar um pouco os ares, eu gosto daqui.
No momento, estou estudando mais minha magia, sempre a aperfeiçoando.
Faz algumas semanas que tenho sonhado com coisas específicas, e tenho medo do que isso pode significar.

LA, 2018, 4 de outubro.

Acordei com uma sensação estranha, faz alguns dias em que tenho sonhado com coisas, coisas do meu passado.
Eu enterrei o passado a sete palmos, por um motivo bem específico, e me causa arrepios em pensar nisso, pensar no meu passado se desenterrando e vindo bater na minha porta.

Westview, 2024, 6 de janeiro.

Nos últimos dias venho treinando um jovem bruxo, seus feitiços são fortes e sei que tem algo a mais em sua história o qual ainda não pude desvendar.
Faz dois anos em que comecei a namorar com uma bruxa, Victoria. Ela é doce e amável. Não sei se estou apaixonada, ou se sinto quaisquer emoções por ela, mas talvez o desejo seja o suficiente para manter uma relação, nem que seja uma mentira.

- Vamos lá, garoto. Você consegue mais do que isso. - Eu disse, motivando Billy, neste momento, estávamos treinando um feitiço de proteção. - Vamos. - Eu disse, esperançosa.

- Droga, Aghata, eu sou um fracasso. - Ele disse se jogando no sofá, derrotado. - Uma fraude. - Disse por fim.

- Ora, seu pequeno desertor, não ouse se dizer uma fraude estando aos cuidados da maior bruxa do planeta. - Eu disse me levantando e cruzando os braços, insatisfeita.

- Sinto muito, sou uma decepção, não sou?

- Definitivamente. - Eu disse, suspirando fundo, e me sentando novamente, ao seu lado. - Mas pode não ser, se esforçando mais, quem sabe. - Eu disse, com um sorriso falso e dando dois tapinhas de consolação no garoto.

- Obrigado pela motivação, Aghata. - O mais jovem disse, suspirando em frustração.

- Pour rien, querido. - Eu disse me levantando, precisava de um café urgentemente.

- Você nunca me disse onde aprendeu a falar em francês. - Ele se levantou, curioso, me seguindo pela casa.

- Eu deveria? - Eu disse, enquanto colocava o pó na cafeteira, olhando o garoto ao meu lado. - Pegue a água. -  Falei, esquentando a água com um simples estalar de dedos.

- Bom, eu sei que você é uma velha bruxa, mas só isso. - Ele disse, com um sorriso no rosto para me irritar.

- Ah, claro. - Revirei os olhos. - Eu morei em Paris. - Pude observar seus olhos curiosos se atentando para as minhas palavras. - Morei por alguns anos em uma cidade pacata, silenciosa. Também morei em LA, em vários cantos do mundo. - Fiz uma breve pausa. - Em Salém, já ouviu falar, pequena fraude? - Derramei a água no coador.

- Uau, que incrível! - Seus olhos brilhavam. - Me diz, como era em Paris, ou melhor, em Salém, você conheceu as bruxas de lá? - Ele disse de forma rápida.

Mais do que isso, eu as matei. Uma por uma.

- Não. Não as conheci. - Eu disse, de forma mais sombria do que gostaria. - Enfim, tive a oportunidade em estar em muitos lugares, garoto. - Peguei minha xícara de café, andando até o sofá novamente.

- Me diz, Aghata, eu tenho uma dúvida - Ele disse me seguindo.

- Diga, jovem.

- Você morou em tantos lugares, viveu tantas coisas, conheceu tantas pessoas. - Ele deu uma pausa.

- Sim? - Falei para o garoto continuar.

- Você conheceu o amor da sua vida? - O mais jovem falou - Tipo, o amor que você só tem uma vez, com uma pessoa só, ou isso é uma mentira? fico imaginando se o Tyler é - Eu o interrompi antes que pudesse continuar.

- Não. - Ele pensou em abrir a boca para falar mais alguma coisa, mas o interrompi. - Não toque nesse assunto novamente. - Falei, em um tom sério.

- Ah, tudo bem. - Ele ponderou por alguns segundos, mas desistiu de falar novamente. - Bom, acho que vou indo. - Ele se levantou.

- Claro, adeus fedelho. - Eu disse, mudando de tom. - Nos vemos na próxima quarta-feira.

- E a Victoria, o que ela é para você? - Ele disse, já de pé ao lado da porta.

- Nada. - Eu disse, bebendo um pouco do café. - Amor é uma mentira, jovem. - Confessei, suspirando.

- Claro... - Ele disse, em um tom de decepção o qual não entendi muito bem. - Tchau, Aghata. - Billy fechou a porta, me deixando presa e sozinha em meus pensamentos e lembranças doloridas.

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⏰ Última atualização: Oct 15 ⏰

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