10 de Abril de 2015 🔪

3 2 0
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.



Diário do Monstro:
10 de Abril de 2015.

O controle. Essa palavra, tão banal para tantos, carrega um significado profundo para mim. Cada movimento, cada decisão que fiz ao longo dos anos foi em direção ao controle absoluto. Não se trata apenas de controlar um ser vivo, mas de manipular a vida e a morte com precisão cirúrgica. Na adolescência, isso já estava enraizado em mim, mas foi quando dei o próximo passo que a verdadeira compreensão dessa arte começou a se desenhar.

O esquilo foi apenas o primeiro passo, uma introdução simplista. Mas, ah, a fome sempre cresce. E logo percebi que precisava de algo maior, algo que pudesse resistir mais, algo que me proporcionasse o desafio que eu tanto ansiava. Foi então que surgiu a ideia de testar minha habilidade em um gato. Não qualquer gato de rua imundo e faminto. Não. Isso seria fácil demais, sem graça. Queria algo que fosse importante para alguém. Algo que carregasse o peso do apego.

Ele era um gato de pelagem cinza e branca, bem cuidado, os pelos macios e bem tratados. Sua dona, uma mulher de meia-idade que vivia sozinha, o chamava de Tobias. Um nome ridículo, claro. Mas isso apenas adicionava mais uma camada de ironia à situação. Eu o observei durante semanas. Analisava seus movimentos, seu comportamento, até mesmo a forma como ele se enroscava aos pés da mulher, pedindo carinho como um servo devoto. Eles eram tão previsíveis.

Então, chegou o dia. O dia em que decidi que Tobias estava pronto para ser minha próxima obra. Tudo foi planejado. A mulher não estaria em casa naquela noite. Eu sabia disso, porque estudei cada detalhe da sua rotina. Ela sempre ia visitar uma amiga às quartas-feiras à noite, deixando a janela da cozinha ligeiramente aberta para que Tobias pudesse entrar e sair à vontade.

Entrei pela janela, e lá estava ele, sentado no sofá, encarando-me com seus olhos amarelos, como se soubesse o que estava por vir. Mas ele não sabia. Animais nunca sabem. Humanos também não, na verdade, mas isso... ah, isso é um assunto para outro momento.

Aproximei-me lentamente, calmamente, sem qualquer hesitação. O gato observava, curioso, até que, em um movimento rápido, o agarrei pela nuca. Ele se debatia, claro, seus miados ficaram mais altos, mais desesperados. Era fascinante ver o quão rápido o medo toma conta de um ser vivo. E naquele momento, não havia dúvida. Eu estava no controle.

Levei-o até a mesa da cozinha. Minhas ferramentas já estavam preparadas. Não era a primeira vez que faria aquilo, mas cada vez era como uma nova obra-prima, cada corte, cada movimento era uma evolução da técnica.

Primeiro, segurei suas patas, imobilizando-o. Seus miados ecoavam pela cozinha vazia, mas não havia ninguém para ouvi-los, além de mim. E eu queria ouvir. Queria sentir aquele som reverberar, como uma sinfonia macabra. A primeira incisão foi feita no abdômen. Pequena, superficial. Queria testar o quanto ele resistiria antes que a dor se tornasse insuportável. Seu corpo se contorcia, e eu apenas observava, frio, calculista.

A pele começou a abrir, expondo a carne. Ah, a sensação de separar as camadas, de ver a vida escapando aos poucos, é indescritível. O sangue escorria pela mesa, manchando o chão branco da cozinha. Os miados de Tobias diminuíram com o tempo, à medida que sua força ia desaparecendo, e logo ele parou de lutar. E então, o silêncio tomou conta.

Mas meu trabalho ainda não tinha acabado. Queria ver mais, entender mais. Continuei a dissecação, removendo órgãos, separando-os, estudando cada detalhe como se fosse um cientista em busca de respostas. Cada parte dele tinha um propósito, uma função, mas naquele momento, tudo o que ele representava era uma lição para mim.

Depois de algumas horas, o que restava de Tobias era uma pilha de carne e ossos no chão. E eu? Eu me sentia... realizado. Não havia culpa, arrependimento ou qualquer outro sentimento que as pessoas fracas poderiam ter. Havia apenas a sensação de controle absoluto. Era isso que me alimentava, a capacidade de decidir quem vive e quem morre. Eu era o mestre daquele pequeno universo.

Quando terminei, limpei tudo. Não havia vestígios, nada que pudesse ligar aquela noite a mim. A mulher provavelmente procurou por Tobias durante semanas, sem nunca imaginar o que realmente aconteceu. Isso foi parte do prazer, saber que ela nunca saberia o destino de seu amado gato.

Esse foi apenas um dos muitos testes que realizei ao longo dos anos. Cada vez mais preciso, cada vez mais confiante. Tobias foi o início de algo maior. E, à medida que o tempo passava, percebi que controlar a morte era apenas o primeiro passo. O verdadeiro controle... isso, eu descobri mais tarde.

Narrar isso é quase nostálgico, como relembrar o primeiro rascunho de uma obra de arte. Aos poucos, cada experimento me levou a compreender que a morte não era o fim. Era o começo de algo muito maior. Mas isso... bem, isso é uma história para outro momento.

Dentro da mente do Monstro ( Série Killer's, Livro 1 )Onde histórias criam vida. Descubra agora