Capítulo 43

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Ela não conseguiu perceber como eu estava excitada? Como eu o queria muito? Ela foi uma idiota por ter ido embora daquele jeito, não importa o quanto aquilo pudesse tornar nosso acordo complicado. Na manhã seguinte, bem cedo, meu telefone começou a tocar. Esperei um pouco ates de atender. "Eu vou chegar aí em meia hora com o caminhão," ela disse, sem me cumprimentar. "Se estiver tudo bem pra você." 

"Claro," respondi, friamente. A caixa de pizza ainda estava no chão quando fui até a sala. Amassei-a com raiva e enfiei no lixo. Quando abri a porta, ela parecia mesmo um pouco envergonhada. "Sobre a noite passada," 

ela começou, e eu o interrompi, levantando a mão. "Não se preocupa," falei. "Eu perdi a linha. Não precisa de explicação." Ela pareceu aceitar o que eu disse, mas enquanto empacotávamos o resto de meus pertences, podia senti-la olhando  cuidadosamente. Depois que ela me deixou de volta em meu apartamento quase vazio andei em silêncio pelos cômodos, que já não pareciam mais tão familiares assim e então desabei na cama. Era uma das poucas coisas que não precisaria levar comigo – é claro.

 Mas se ela pensava que eu dormiria na cama dela depois do que aconteceu ontem, ela estava louca. Não tinha nem certeza se isso alguma vez tinha sido uma opção. Eu já tinha pensado sobre isso, é claro – diversas vezes e muito detalhadamente – mas a não ser que eu quisesse que as coisas acabassem como ontem, obviamente era melhor nunca mais ficarmos tão próximos. Quando atendi a porta, ela nem olhou para mim. Entrou em silêncio, pegou uma caixa, e saiu de novo. 

Tudo bem. Então é assim que vai ser. Na última viagem, segui-o até o caminhão da U-Haul e sentei-me no banco do passageiro. Ela olhou para mim rapidamente, mas não disse uma palavra. Imaginei que deveria começar a arrumar as coisas e estabelecer-me assim que chegássemos.

 Foi um pouco impactante ver o apartamento com minhas caixas espalhadas por todo o lugar. Não parecia mais um candidato a uma revista de decoração de interiores. Ela deixou a maior parte das coisas no andar principal, mas notei que algumas das caixas estavam lá em cima. Podia chutar o balde agora mesmo. 

"Por que as minhas coisas estão lá em cima?" apontei. Ela olhou para mim como se tivesse brotado uma segunda cabeça em mim. 

"Você não está pensando que eu vou dormir no seu quarto, né?" esclareci. Ela piscou. "Você leu mesmo o contrato?" Isso realmente estava lá? Ah, cara. Eu deveria mesmo ter contratado um advogado. "Você já viu a cama," ela disse, secamente, começando a subir as escadas. "É uma king size. A gente mal vai ter que olhar uma pra outra."

 Rapidamente considerei pegar o vaso de bambo da mesinha de entrada e jogar na cabeça dela. Comecei a vasculhar as caixas no andar principal. Eu já esperava que minhas coisas fossem parecer desleixadas e deslocadas, mas agora que eu estava mesmo tirando-as das caixas, tive um impulso louco de jogar tudo no lixo e começar de novo. O que eu estava pensando ao trazer algumas dessas porcarias? Canecas cheias de canetas?

 Um cachorro de cerâmica da minha viagem para a Inglaterra quando eu tinha onze anos? Eu deveria pelo menos colocar tudo num depósito. Não tinha nada que estar aqui. Olhei por todas as caixas, procurando em vão por algo que não seria constrangedor. Clipes de papel? Três caixas de clipes de papel? Por que eu tinha isso? E uma dúzia de notas adesivas. O que será que eu estava pensando que era, uma loja de material de escritório com um funcionário só? Quando lauren voltou lá para baixo, eu estava sentada com as pernas cruzadas no meio da sala,cercada por jornais amassados. Eu tinha manchas de tinta nas mãos e estava examinando um pacote fechado de marcadores multicoloridos.

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