Capítulo 46

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Não ousei. Mas olhei. Ela encontrou meu olhar e sorriu – de forma um pouco hesitante, mas sua intenção era obviamente encorajar-me a seguir em frente. Eu precisava reconhecer isso. Taylor estava radiante ao seu lado. Imaginei se sua consciência estava comendo viva, mentindo para ela desse jeito. A minha certamente estaria, se eu tivesse algum familiar que se importasse comigo de verdade. Forcei um sorriso quando cheguei à frente do salão. Lauren pegou minhas mãos e segurou-as gentilmente enquanto o oficiante falava. Felizmente, não faríamos votos complicados. Eu só precisava dizer "sim" quando fosse a hora. Tinha certeza de que conseguiria fazer isso. "

... na saúde e na doença... até que a morte os separe?" Droga, eu não estava prestando atenção. Com qual de nós duas ele estava falando? Esperei um segundo. Lauren estava olhando-me esperançosamente. Era comigo, então. Tudo bem. 

"Sim," falei num impulso. "Pode beijar a noiva." Eu mal senti quanto os lábios dela encostaram-se aos meus – brevemente, mas tempo o bastante para que o lugar todo irrompesse em aplausos. Demos as mãos e corremos, enquanto punhados de pétalas de flores jogadas pelos convidados caíam sobre nós – foi muito bonito.

 Lauren puxou-me para o lado, na direção do quarto onde me vesti, e fechou a porta. Não sei por que eu estava esperando que ela me segurasse pelos ombros e jogasse-me na parede, beijando-me apaixonadamente e dizendo o quanto ela me queria. Eu sabia que isso não aconteceria. Em vez disso, ela puxou uma cadeira e sentou-se, apoiando os cotovelos nos joelhos e massageando as têmporas. "Bom, sobrevivemos a isso tudo," comentei, solicitamente. "É," ela disse, aborrecida. "Mas ainda tem a recepção." 

"Com comes e bebes," lembrei- "Então... vamos ver pelo lado bom, né?" Ela soltou uma gargalhada. "Acho que eu não conseguiria comer agora mesmo se eu tentasse." "É, nem eu," admiti. "E... então? Você acha que a gente deve ir embora e deixar todo mundo pensando que queríamos começar a lua de mel mais cedo?"

"Eles já estão pensando isso," ela respondeu. "Todos me viram arrastando você para cá. Deixa eles pensarem isso mesmo. Eu só preciso de um minuto pra esfriar a cabeça." "Só um minuto?" sorri. "Acho que você deve esperar um pouco mais do que isso, pra manter as aparências." Ela lançou-me um olhar fulminante. "Desculpa, desculpa," sussurrei. "Eu estava apenas tentando deixar a situação mais leve." 

No final, acabamos indo à recepção. Meu estômago tinha se acalmado um pouco, então comi alguns minissanduíches e bebi uma boa quantidade de champanhe. Ri e conversei com todos que eu conhecia e com alguns que eu não conhecia. Reconheci várias pessoas do escritório (incluindo Lisa, que evitei cuidadosamente), mas lauren de alguma forma havia conseguido lotar o lugar todo e enquanto eu andava pelo salão, descobri que as pessoas eram de todos os tempos e lugares imagináveis – contatos de negócios, ex-contadores, até mesmo um de seus professores da faculdade. 

Lauren certamente era melhor em manter contato com as pessoas do que eu. Ou era isso, ou as pessoas estavam muito mais dispostas a largar tudo e correr para o casamento de uma bilionária que eles conheciam do que para o de alguma garota de quem mal se lembravam. Enquanto a noite passava e os convidados já começavam a segurar os bocejos, mudei para um vestido mais casual – um esportivo preto que pedi depois que lauren me deu seu cartão – e deixei minhas malas prontas.

 John estava nos esperando lá fora para levar-nos ao... aeroporto, provavelmente. Quem dera eu soubesse. Lauren estava com um humor melhor ao sentarmos no banco de trás do carro de luxo, enquanto os convidados gritavam seus desejos de felicidades para nós. Ela até sorriu quando coloquei a mão em sua nuca e puxei para um beijo. Pelas aparências, claro. Após pouco tempo de estrada, era óbvio que estávamos mesmo a caminho do aeroporto. Bem, eu logo saberia para onde iríamos. Ela não podia esconder isso para sempre. Tudo o que ela havia me dito até agora era para levar roupas de calor, o que não me ajudou muito a descobrir o lugar. Então, John passou do lugar onde geralmente fica o embarque e o desembarque, indo para uma rua por trás que dizia "SOMENTE FUNCIONÁRIOS DO AEROPORTO." Fui avisar, mas lauren balançou a cabeça. "Não se preocupa," ela disse. "Eu fiz planos especiais." 

Recostei-me no banco. Tudo bem, então. A rua era estreita e sinuosa, até que finalmente se abriu... direto na pista. Tinha um avião parado à nossa frente – pequeno, mas ainda de tamanho comercial. Então era assim que ela planejava manter a surpresa. Um avião fretado. Claro. A filha da mãe é esperta. "Acho que não tem nenhuma chance de alguém me dizer onde estamos indo," falei, enquanto cruzávamos a pista, com John carregando nossas bagagens um pouco atrás de nós. Lauren fez que não, sorrindo, enquanto John entregava as bagagens para alguém que estava no pé da escada que nos levava à entrada do avião. 

"Façam uma boa viagem!" exclamou John, acenando. O interior do avião era extravagante e espaçoso, com assentos de couro branco e todas as comodidades imagináveis. Depois que nos sentamos, uma atendente com cabelo loiro platinado anotou nossos pedidos de bebida e em pouco tempo estávamos acima das nuvens, indo para um destino desconhecido. "Você vai me dizer pelo menos quanto tempo o voo vai durar?" "Tempo o suficiente," ela respondeu, "Pode se acomodar." Ela não estava brincando. Só estive em aviões algumas vezes na vida, mas sempre tinha problemas em conseguir dormir durante o voo. Este avião, porém, era uma situação completamente diferente.

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