Capítulo 56

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 Consegui afastar os pensamentos sobre a entrevista, e no dia seguinte comprei um cavalete e uma mesa de luz. Não demorou muito para que eu realmente montasse um ateliê no mais amplo dos quartos vagos. Livramo-nos da cama e da mobília supérflua e o local ficou mais espaçoso do que eu esperava que fosse.

Com as cortinas abertas, as janelas até deixavam entrar uma boa quantidade de luz natural. Voltei a desenhar com carvão. Lentamente, no início, porque já fazia um tempo. Mas logo eu já tinha alguns rascunhos e um desenho muito bom da minha casa de infância. Eu costumava desenhar natureza morta. 

Nunca gostei do desafio de tentar capturar as nuanças dos rostos das pessoas. Eu ia para a cama toda noite junto com lauren, mas ela nunca me dava mais que um selinho na boca. Não sabia se eu esperava que isso mudasse, mas acho que valia a pena tentar. Ela recebeu a ligação do INS algumas semanas depois. 

Após ter me contado, passei um bom tempo andando de um lado para o outro. Não havia mais nada que eu pudesse fazer. Eu tinha lido tudo que consegui encontrar na internet sobre como sobreviver a uma entrevista para investigar fraudes de casamento. Mas nenhum dos artigos era particularmente encorajador, porque cada um deles me alertava que se meu casamento fosse falso, não tinha absolutamente nenhuma chance de conseguir convencer o INS do contrário. Bem, eles provavelmente diziam isso apenas para fins legais. 

Era o que eu esperava. Foi um custo para conseguir marcar um horário que a lauren pudesse sair do trabalho, mas quando finalmente conseguimos, ainda faltava um mês. Não sabia como eu sobreviveria à ansiedade. Passei mais tempo ainda pesquisando andando de um lado para o outro. Lauren pegou seu bloquinho e revisamos tudo de novo, e de novo, e de novo. Ela ficava me dizendo que a coisa mais importante era parecer honesta e não soar como se tudo fosse ensaiado, mas eu tinha certeza absoluta de que cometeria algum erro terrivelmente óbvio e estragaria tudo.

 Na manhã da entrevista, escolhi a roupa que mais me deixava com um ar responsável e vomitei duas vezes no banheiro enquanto estava aprontando-me. Durante todo o trajeto, sentia como se todos os órgãos do meu corpo estivessem tentando arrastar-se para fora do meu peito. Coloquei a mão que estava em meu colo no banco, encostando à de lauren. Entrelacei seus dedos nos meus e apertei-os com força, e ela apertou de volta. Ela tinha, pelo menos, um pouco de confiança em mim.

 Eu só não tinha certeza se era justificável. Fomos para um prédio indistinto no centro da cidade, que poderia passar por um escritório qualquer. Após uma longa caminhada por diversos corredores, finalmente chegamos ao local da nossa reunião. A sala de espera era pequena e estava lotada de pessoas. 

A maioria delas tinha o mesmo olhar distante que eu certamente também exibia. Nenhum de nós queria estar lá. Podia-se praticamente sentir o cheiro do medo. Sentei-me ali, ainda agarrando a mão da lauren, até que seu nome foi chamado. 

"Sra. Jauregui?" Esqueci que eles conversariam conosco separadamente. É óbvio. Soltei sua mão e curvei-me em meu assento. Essa seria a espera mais demorada da minha vida. Após um tempo, eu comecei a considerar seriamente que ela poderia nunca mais voltar. Talvez eles já o tivessem prendido, e viriam me buscar em seguida. 

Claro que nossa história não iria sustentar-se. Por que iria? Fomos estúpidas em pensar que poderíamos enfrentar o sistema. Fiquei sentada completamente triste durante o que pareceram horas. Toda vez que a mulher voltava até a porta e olhava pela sala, eu esticava o pescoço, esperando que seria minha vez. 

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