Capítulo 59

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 "Eu devo receber uma carta em alguns meses," ela disse. "Se a gente não souber de mais até lá, podemos presumir que tudo está indo bem. O que eu tenho certeza que vai acontecer." "Fico feliz que você esteja tão confiante." 

"Olha." Ela colocou as mãos nos meus ombros. "Está tudo certo. Sei que não é a coisa mais fácil no mundo, com toda essa espera, mas tudo vai ficar bem." Sorri e então desviei o olhar por um instante. Eu queria, muito mesmo, dizer algo sobre a lua de mel. Sobre o fato de que não havíamos mais nos tocado desde então. 

Sobre o fato de que eu queria, mais do que tudo, que ela me agarrasse e me pegasse do jeito que eu sabia que ela também queria muito. Eu sabia que ela queria, mesmo que ela não estivesse demonstrando. "A gente se divertiu bastante na lua de mel," falei, finalmente. "Não foi?" "Foi," ela disse, de forma um pouco hesitante. 

"E eu não estou falando sobre a caminhada na lua." Sua boca contraiu-se. "Camila," ela disse. "Acho que a gente não deve-" "O que – falar sobre isso?" Toquei a lateral do seu rosto. "Fazer isso? Que diferença faz?" Ela engoliu em seco. "Camila," ela disse, um pouco rouca. Então eu estava atingindo, pelo menos. "A gente vai sentir isso,"

 falei. "Demonstrando ou não." Ela lambeu os lábios. "É tudo a mesma coisa." "Tudo a mesma coisa? Que tipo de contra-argumento é esse?" sorri. "Para de agir como um personagem de algum romance vitoriano sobre perda de virtude." Ela riu, e então se inclinou para beijar-me. "Você é muito persuasiva, sabia?" ela disse quando se afastou. "Isso é muita maldade. Ficar me tentando. Você sabe que eu não consigo resistir."

 "Por que eu ia querer que você conseguisse resistir?" Enrolei os braços em seu pescoço, sorrindo. "Não sei se você percebe o que desencadeou." Ela tinha um sorriso tão malicioso no rosto. "Vai lá para cima e me espera."

 Franzi um pouco as sobrancelhas. "Por quê?" "Porque eu mandei." Ela ainda estava sorrindo. "Tudo bem. Mas é melhor você fazer meu tempo valer a pena." Virei e subi pulando as escadas, dois degraus por vez. "Ah, eu vou fazer,"

 ela gritou para mim. Fiquei no meio do quarto por um momento, tentando decidir como apresentar-me para ela. A coisa óbvia seria despir-me completamente – ou ao menos parcialmente. Mas ela estaria esperando por isso. Ela queria castigar-me, não era? E de forma bastante estranha, eu também queria ser castigada. 

Então eu deveria ser má, certo? Eu deveria fazer o oposto do que ela estava esperando. Do que ela queria. Fui até a pequena estante de livros perto da porta. Não tinha prestado muita atenção nela; a maioria eram coisas sobre negócios ou guias financeiros, nada que realmente me interessasse.

 Mas havia alguns romances na prateleira de cima, então escolhi um ao acaso e sentei-me na beirada da cama. Parecia algo que se compraria no aeroporto por impulso. Abri e comecei a ler. Os minutos passavam, e eu não havia virado a página.

 Eu não conseguia mesmo processar as palavras. Estava nervosa e excitada, meu coração palpitava furiosamente em meu peito, mais ainda do que na entrevista. De repente, ouvi umas leves batidinhas. Olhei para cima. 

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