-Me perdoe... -a voz da garota ressoava trêmula, na escuridão, enquanto as lágrimas escorriam pelos seus olhos azuis, fazendo-os parecer ainda mais cristalinos sob a luz da lua. -Eu fui fraca... Você não pode confiar em mim... Eu prometo... -Ela parou, seus olhos perdidos no brilho da lua que iluminava seu cabelo laranja, como se buscasse as palavras certas. -Eu prometo que serei forte! Não restará um único monstro sob minha vista!
Determinada, a garota se levantou, o som de uma lâmina cortando o ar preencheu o ambiente. Com um movimento firme, ela cortou o próprio cabelo, como um símbolo de sua decisão.-Ah... Esse sonho de novo? -murmurou Laika ao acordar, sentindo a energia estática percorrendo seu corpo. Ela se espreguiçou, ajeitando a roupa simples de algodão, enquanto tentava recordar os acontecimentos do dia anterior. Algo importante estava por vir, mas seus pensamentos vagavam por um momento antes de ela focar no presente.
Antes que pudesse se recompor completamente, a porta se abriu com força, e um jovem entrou esbaforido.
-Minha senhora! Os forasteiros ainda estão na cidade! Você vai protegê-los de novo?
Laika piscou algumas vezes, organizando seus pensamentos antes de responder.
-Não viaja... Se eles estão causando problemas, a gente tem que tirar eles daqui. -Seu tom era firme, mas havia uma pausa calculada entre as palavras, como se pesasse cada decisão.
-Vou preparar sua relíquia, minha senhora. -O rapaz recuou com um leve aceno, seus cabelos loiros reluzindo à luz do deserto que penetrava pelas frestas da janela.
-Faça isso... E diga para ninguém interferir. Prefiro lidar com isso sozinha. -Laika respondeu, com uma convicção que seu povo admirava, enquanto se alongava e se preparava para sair.Caminhando pelas ruas de arenito, Laika recebia acenos e sorrisos respeitosos. Ela era a chefe Laika Wingbell, líder da cidade e aquela que dominava o calor, um símbolo de força e autoridade. Seu cabelo laranja cintilava sob o sol abrasador, enquanto sua auréola azul neon girava lentamente sobre sua cabeça, crescendo e diminuindo em sincronia com sua respiração. Sua aparência era um misto de imponência e beleza, o que gerava comentários sempre que passava.
-Capitã Laika está deslumbrante, como sempre.
-Eu adoraria apanhar dela, talvez eu até roube para ter essa honra!
-Se meu marido me traísse com ela, acho que nem ficaria brava... Hihihi!
Esses sussurros chegavam até Laika, mas ela simplesmente os ignorava, focada na tarefa à frente. Seu povo a via como uma líder esperta e carismática, alguém que sempre sabia o que fazer, mas, na verdade, ela precisava dessas pausas para organizar seus pensamentos, um detalhe que poucos percebiam. Laika não pensava tão rapidamente quanto pensavam.
Ao chegar à praça, ela avistou os dois forasteiros. Um homem, sentado calmamente, vestia roupas pesadas e escuras, contrastando com a garota ao lado dele, que usava trajes simples e mal cuidados. Laika observou a dupla por alguns instantes, tentando avaliar a situação antes de falar.-Meu nome é Laika Wingbell. -Ela pausou, calculando suas palavras. -Peço desculpas por ontem em nome do meu povo. Não estamos acostumados com estrangeiros, tivemos experiências ruins no passado. Espero que entendam... -Mais uma pausa, enquanto sua mente corria para o próximo passo. -Gostaria que vocês saíssem da nossa cidade. Não queremos mais problemas. Principalmente com forasteiros.
O homem riu, cruzando os braços com uma confiança que irritou Laika.
-Não vai rolar, senhorita Wingbell. -Ele falou com desdém.
-Não é que a gente queira confusão... Mas aceitar injustiça? Não somos desse tipo. -A garota ao lado dele, mais ágil, não desfazia sua postura defensiva.
Laika suspirou profundamente. Já esperava por isso, mas ainda esperava resolver sem conflitos. Seu assistente chegou, carregando as manoplas de metal, e ela as equipou com um movimento firme.
-Quais são seus nomes? -perguntou, apertando os punhos. -Preciso saber o que escrever nas suas lápides.
-Christopher Astolf. -O homem se levantou, olhando para Laika com um sorriso confiante. -Mas não vou cair tão fácil quanto pensa.
A garota, entretanto, ergueu a mão, impedindo Christopher de avançar, e se apresentou com um sorriso suave.
-Meu nome é Stellarite III. É um prazer conhecê-la, Laika. Serei sua oponente.Sem hesitar, Stella desembainhou sua espada, uma lâmina azulada que brilhou ao sol, ecoando o brilho da auréola de Laika. A ruiva foi a primeira a se mover, avançando com um golpe certeiro. Stella bloqueou com habilidade, e as duas se encararam, a tensão aumentando a cada segundo.
Stella avança agora, sua lâmina carregando convicção pressiona Laika com golpes rápidos, onde ela se vê pressionado a defende-los. Laika não há tempo de revidar, onde Stella ganha cada vez mais pressão e espaço para agir.
-Você é boa... -Laika diz com sua auréola ficando amarela e girando levemente mais rápido. Ela defendia agora os ataques de Stella com som dos metais ecoando pela praça da cidade. Um medidor de calor nas manoplas indicavam que seu próximo golpe séria um golpe forte, mas não estavam maximizados.
Stella, ainda com sua estratégia de pressiona-la, e surpreendida com um soco seco contra sua espada, que quase desarma Stella, o que faz a mesma recuar e reanalisar sua estratégia.
-Você é uma daquelas pessoas sem poderes né?
-Percebeu rápido, o que entregou? O fato de eu usar uma katana e não ter aberto a luta com poderes?
-Não, não, foi uma intuição mesmo -Diz Laika sorrindo e já carregando seu próximo ataque -Boa sorte em despertar eles, já ouvi histórias de gente que desperta eles quase no fim de sua vida.Sem mais palavras, Laika concentrou-se e carregou um soco devastador, energia cinética acumulada pulsando em seu braço. Ela avançou com a força de uma avalanche, o impacto ecoando pela praça quando Stella mal teve tempo de erguer a espada para bloquear. A força do golpe empurrou-a para trás, seus pés escorregando e deixando marcas profundas na estrada de pedra, onde ela finalmente se estabilizou com uma expressão determinada, mesmo com um fio de sangue descendo pelo canto da boca.
Num piscar de olhos, Stella avançou, contra-atacando com precisão feroz. A lâmina da katana se chocava contra as manoplas de Laika, mas seus golpes eram repelidos, o som de metal contra metal ressoando no ar, atraindo olhares da multidão ao redor. O suor escorria pelo rosto de Stella, enquanto Laika apenas ria com uma confiança inabalável.
-Foi mal, lindinha, mas relíquias são indestrutíveis! -zombou Laika, girando o corpo para desferir um gancho de direita, carregado de energia térmica. O soco atingiu Stella com força brutal; ela cambaleou, mas manteve-se em pé, apenas cuspindo sangue e devolvendo um olhar intenso e desafiador.
Vendo a determinação da oponente, Laika retirou suas manoplas e ergueu as mãos nuas, o brilho da auréola intensificando-se em tons de azul-claro, girando tão rápido que parecia um anel de fogo ao redor de sua cabeça.
-Você atiçou minha curiosidade! Me mostre até onde brilha sua estrela! -exclamou Laika, seus olhos agora faiscando com eletricidade acumulada.
Sem perder um segundo, Stella se lançou com um ataque horizontal preciso. Laika interceptou o golpe com as mãos nuas, faíscas azuis irradiando entre as duas, a energia elétrica crepitando em torno de seus braços. Stella, sem hesitar, largou a espada por um momento e girou o corpo para acertar um chute lateral potente. O golpe pegou Laika desprevenida, fazendo-a cambalear alguns passos para trás, mas ela rapidamente revidou com um soco direto no chão. O impacto foi tão intenso que o solo da praça rachou, e o calor gerado transformou a areia ao redor em vidro, formando uma cratera.
Stella recuou, os olhos fixos na espada caída alguns metros à sua frente. Respirando fundo, ela deu um salto rápido para recuperar a lâmina. No instante em que a empunhou novamente, Laika liberou uma descarga elétrica direta, tentando paralisá-la. Mas a relíquia de Stella brilhou suavemente, repelindo a energia, e ela avançou sem hesitar, superando o poder de Laika.
Antes que a ruiva pudesse reagir, a ponta da katana de Stella pairava rente ao seu pescoço. Laika piscou, surpresa, enquanto o público ao redor explodia em aplausos. A vencedora, ofegante e coberta de suor, mantinha seu olhar afiado e determinado, intocável pela eletricidade ou pelos choques que haviam tentado freá-la.
-Então... Eu perdi? -Diz Laika com um sorriso de satisfação no rosto. -Tudo bem, podem ficar na cidade, eu não vou impedi-los, eu quero saber mais sobre vocês, se me permitem. -A garota finaliza olhando para eles com uma expressão de curiosidade, como se tivesse visto algo que a agradasse.
YOU ARE READING
Carnaval do Rei
AdventureReliquias, tão valiosas e tão perigosas... O que tem de especial no Rei querer todas elas para si? Neste mundo, Stella está determinada a coletar mais que o Rei, para assim, evitar seu fim.