Eu num li, eu não assisti Eu vivo o negro drama

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Capítulo: Eu Vivo o Negro Drama

Eu num li, eu não assisti. Eu vivo o negro drama. É isso que define a minha história, a história de quem cresceu entre as vielas da quebrada, entre os ecos de risadas e os gritos de dor. A vida aqui é feita de desafios, e eu tô na linha de frente, respirando cada verso que é cantado nas esquinas, cada rima que ecoa nas paredes de barro e cimento.

O negro drama não é um filme, não é uma peça. É a realidade que me abraça todos os dias, é o peso que carrego nas costas. Eu vejo a luta da minha mãe, a batalha dela pra sustentar a casa, enquanto eu sonho em ser algo mais, em deixar a favela, mas sempre sabendo que ela tá dentro de mim. Cada dia é uma luta, cada esquina tem uma história que eu carrego.

Os meninos que jogam bola no campo de terra, eles têm o sonho de ser o próximo Neymar, mas a maioria só encontra o caminho do crime. A vida não é fácil, e a tentação tá na esquina, esperando. Eu entendo. Eu já estive lá. A brisa leve da madrugada não esconde a realidade dura que nos espera. É o negro drama pulsando nas veias.

Os professores que achavam que eu nunca ia chegar a lugar nenhum agora tentam me agradar. Querem que eu faça parte do sistema que sempre me excluiu. Mas eu sei que o jogo é sujo, e eu não caio nessa. Eu sou o mano que cresceu ouvindo que nunca ia ser nada, e agora que eu tô no jogo, eles querem meu respeito. Eu não esqueço de onde vim, nem quem ficou pra trás.

Meus parceiros de rap, esses sim, são a verdadeira família. A gente se encontra nos shows, nas batalhas de freestyle, trocando ideia e se apoiando. E, na real, quando eu subi no palco e vi a galera gritando meu nome, foi como se eu tivesse encontrado meu propósito. O negro drama é a minha voz, é a voz de quem não teve vez, é a voz que ecoa nas favelas e nos becos.

Cê vê, eu não sou só um rapper; eu sou a representação de um povo que luta diariamente. E cada rima que eu lanço é um grito de resistência. O som da minha voz é a lembrança de todos que vieram antes de mim, que lutaram pra eu ter a chance de viver e contar a minha história.

Eu vivo o negro drama na pele. Ele tá nas cicatrizes que carrego, nas memórias que me cercam. Ele é o eco da minha infância, os amigos que se foram, e os que ficaram pra ver a gente triunfar. O negro drama é o que faz a gente se levantar quando o chão tá pegando fogo, quando a pressão é intensa e a esperança parece escassa.

A vida na favela é como um filme, mas é um filme que a gente vive e não assiste. É no dia a dia, na luta pra fazer o certo, na escolha entre o caminho do crime e o sonho que pulsa dentro de cada um de nós. E, mesmo quando tudo parece perdido, a música continua a tocar. O rap é a luz que brilha no meio da escuridão.

No fundo, eu sei que o negro drama é mais do que uma narrativa; é um sentimento que nos une. É a música que embala nossas vidas, que transforma a dor em arte e a luta em poesia. É a resistência de um povo que nunca se cala e que sempre busca uma forma de se expressar.

E assim eu sigo, vivendo e respirando o negro drama. Eu não li, eu não assisti, porque a verdade é que eu sou parte dela. E, por mais difícil que seja, eu vou continuar lutando, cantando e contando essa história que é minha e de muitos que vieram antes de mim. É por isso que eu digo: eu vivo o negro drama.

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