— You're just too good to be true... Can't take my eyes off of you...
Luciano, de braços cruzados e recostado à porta do banheiro, trajando apenas uma calça jeans (parecendo querer deixar que as gotas de água que caíam de seus cachos e escorriam por seu peito nu se secassem naturalmente depois do banho), quebrou o silêncio do quarto no qual os dois homens se arrumavam para a reunião com os outros hóspedes.
O moreno cantarolava devagar enquanto observava Martín escolher qual a calça que melhor combinaria com a camisa polo de um azul escuro que o loiro vestia. O argentino o espiou para além das extremidades do enorme espelho no qual ele se olhava, e sorriu levemente porque a última semana parecia ter destruído sua capacidade de evitar demonstrar um sorriso que sempre denunciava o quanto ele verdadeiramente adorava as aleatoriedades flertivas do outro homem.
— You'd be like Heaven to touch... I wanna hold you so much...
Luciano suspirou antes de ajeitar o corpo e dar passos tão vagarosos quanto a sua voz grossa que mais recitava a canção do que a cantava de fato.
Pôs-se a caminhar (também devagar) de braços abertos pelo quarto, até alcançar Martín.
E quando se encontrou frente a frente com o loiro, abriu ainda mais os braços, como se perguntasse se podia abraçá-lo – apenas para acrescentar ao charme de um cantor cujo público era uma pessoa só.
Martín desistia da calça branca que segurava, jogando-a por cima de uma mala aberta, abaixando os olhos agora um pouco envergonhados pela altivez do corpo masculino forte à sua frente, um corpo que exalava um cheiro refrescante do pós-banho.
— At long last love has arrived...
Luciano continuou, e Martín sorriu mais.
Perdeu-se tanto em seu próprio sorriso causado pela carícia afável da voz de Luciano, que mal teve tempo de impedir que sua própria voz completasse a letra da música que o brasileiro cantava:
— And I thank God I'm alive... – Martín murmurou.
Com os lábios impossivelmente abertos numa expressão brilhantemente sorridente, com dentes impossivelmente brancos, e com o olhar mais reluzente do universo, Luciano segurou o argentino pela cintura, puxando-o carinhoso para mais perto.
Movimentou a cabeça como se coordenasse o cantarolar das últimas estrofes, como se pedisse que Martín o acompanhasse até o fim.
E, como se o final daquela canção de amor só pudesse, de fato, ser alcançado com a participação dos dois, finalizaram juntos:
— You're just too good to be true... Can't take my eyes off of you...
Luciano soltou um risinho primeiro, escondendo o de Martín com um selinho demorado e barulhento.
O brasileiro não se satisfez enquanto não repetiu aquele selinho dado no namorado algumas vezes, só parando quando Martín o afastou levemente porque eles precisavam mesmo terminar de se arrumar.
O início do encontro com os outros hóspedes da ilha estava marcado para as quatro da tarde, e por mais que Martín não fosse adepto da pontualidade britânica, atrasar-se demais não estava em seus planos, principalmente considerando que se tratava de uma reunião com pessoas desconhecidas.
O argentino olhou com um sorriso de lado uma última vez para o homem à sua frente (que agora se recostava contra a extremidade do espelho, ainda carregando o mesmo olhar de admiração dedicado ao namorado), antes de virar-se para buscar outra calça (dessa vez, uma preta) dentro da mala.
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Private Dreams (BraArg) (PT-BR)
Fiksi Penggemar"Eu não acho que será possível para o Brasil conseguir se reerguer de todo o vexame futebolístico que ele tem enfrentado nas últimas décadas. Esse maluco deveria simplesmente desistir do papel de melhor do mundo, porque ele realmente não é mais". Es...