Problemas na Estrada

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Após aceitarmos o convite para a festa de Halloween, lá estávamos nós: o grupo de oito que se aventuraria naquela noite. Eu, Maressa, Nataly, Nina (que só veio para nos calar), Gael, Diogo, Luca e Thomas, todos reunidos na caminhonete de Luca. A atmosfera era carregada de empolgação e uma pitada de caos.

Era apenas dez da noite, mas Luca já estava em plena euforia. Dirigia sua caminhonete recém-comprada como se fosse dono da estrada, alternando entre goles de vodka e buzinadas agressivas, exigindo que os outros motoristas saíssem de seu caminho. O sorriso no rosto dele não escondia o quanto estava curtindo cada segundo daquilo.

Thomas, sentado no banco do passageiro, ria descontroladamente enquanto fumava um baseado. Não tinha ideia de quando ele havia preparado aquilo, mas o cheiro da erva se espalhava pelo veículo. Seus olhos, normalmente de um azul vibrante, estavam agora avermelhados e semicerrados, evidenciando o efeito da droga.

Nos bancos apertados da parte traseira da caminhonete, a situação não era menos caótica. Maressa estava sentada no colo de Gael, os dois completamente absortos um no outro. Era uma cena tão melosa que chegava a ser ridícula.

— Você vai me proteger, amor? — Maressa perguntou, piscando seus cílios exageradamente.

Gael apertou os quadris dela com firmeza, seu olhar carregado de um desejo possessivo.

— Nada vai te acontecer. Vou garantir isso... — ele murmurou antes de inclinar-se e depositar um beijo longo no pescoço dela.

Eu, Nataly e Nina trocamos olhares de puro constrangimento e desgosto.

— Isso está me dando vontade de vomitar — Nina declarou, o tom deliberadamente dramático.

Luca, atento ao comentário, olhou rapidamente pelo retrovisor, sua expressão carregada de preocupação.

— Pelo amor de Deus, Nina! Se você vomitar no meu bebê, eu te jogo na estrada! Posso parar na mata se realmente precisar pôr algo pra fora. — A devoção de Luca por sua caminhonete era quase cômica.

A resposta arrancou risadas de todos, até de Nina, que normalmente mantinha uma postura mais séria.

— Relaxe, Luca. Cedo ou tarde, algo vai acabar no seu carro... e eu não estou falando de vômito. — Nataly comentou, sua voz carregada de malícia enquanto apontava discretamente para Maressa e Gael.

As risadas ecoaram mais uma vez pelo veículo, quebrando a tensão crescente. Estávamos a caminho da festa, e apesar do toque de recolher em Esperança, o clima de excitação nos envolvia.

Maressa interrompeu sua sessão de beijos com Gael para fazer uma pergunta que claramente estava em sua mente há algum tempo.

— Nós realmente vamos pra essa festa vestidas de garçonete? — perguntou, olhando para o próprio uniforme com desdém.

— Sério? Você acha mesmo que eu deixaria vocês entrarem numa festa dessas parecendo que acabaram de sair do trabalho? — Nataly retrucou com uma sobrancelha arqueada.

Com um sorriso travesso, ela puxou uma pequena bolsa e, para nossa surpresa, começou a tirar peças de roupa, saltos e acessórios, como se estivesse sacando magia de um coelho de dentro de um chapéu.

— Como você conseguiu enfiar tudo isso numa bolsa tão pequena? — perguntei, impressionada.

Nataly apenas deu uma risadinha e lançou um beijo no ar.

— Poder feminino, querida.

Eu não pude evitar rir e balançar a cabeça, apreciando o jeito leve com que Nataly enfrentava qualquer situação.

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