Uma História A Ser Contada

Capítulo 11

Dim tem uma personalidade bem forte. Sinceramente eu adimirei isso.

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Fui para casa. Anoiteceu. Não aconteceu nada de interessante. A mesma rotina de sempre: chego, subo, tomo banho, desço, como e deito. Só que hoje, meus pensamentos estavam diferentes, tava pensando no Dim.

Ezerkian Dimitri...Dim..Marrento!

Me afoguei em meus pensamentos, quando Sofia aparece na minha porta.

-Pensando no Léo? -diz Sofia sorrindo
-An??? Do que você está falando?-disse quase a matando com os olhos
-Ai -disse Sofia assustada- Era só uma brincadeira - fez uma pausa -Mas pela cara..humm
-Cala a boca - disse lhe jogando um travesseiro na sua cara- Que motivos, ou circunstâncias trouxeram você aqui?
-Bem..
-Bem?
-Sabe o novato..Everton? É..eu acho que ele ficou me encarando... sei lá.
-Humm, Altas Pretas rolandooooo, Sofia a pegadora!
-Doida!

Ficamos conversando durante um tempo, até que quando nos damos conta, já era quase 10h da noite.

-Pai do céu! Olha a hora! Meu pai vai me matar!
-Nossa -disse lhe rindo - estranho, titia nem veio nos chamar..
-Queridinha, esqueceu que hoje ela ta no plantão?

Essa era a oportunidade perfeita para vê se a chave entrava na gaveta..

-É mesmo! To morrendo de sono! Tchau Sofia!!
-Ok!!

Deixei Sofia na porta, tranquei e subi para o meu quarto, peguei a chave e fui para o quarto da titia.

Sinceramente, minha consciência estava pesada, eu nunca fui disso...mas eu tinha que ver!

Entrei e fui direto na mesinha. Coloquei a chave. Girei.

-Entrou...

Abri a gaveta com cuidado, e vi..Cartas?! Sim, aquilo eram cartas!
Procurei o mais rápido possível o nome de quem a enviou..não dava para ver, estavam borrados os nomes, só estava aparecendo HORSYGOLD, meu sobrenome...e era destinada à mim..

-Ok..preciso levar e ler isso com cuidado..antes que
-Antes o quê?

Aquela voz, era a mesma que eu ouvi antes..

-Quem é? -disse assustada

Não respondeu.

-Não vai embora! Diz quem é?

Dizia tudo aquilo abaixada, com as cartas na mão e de costas.

-Não precisa saber quem sou eu Katherine HorsyGold.

Como? A voz sabia meu nome, mas eu não sabia a dela? Gente o que é isso..

-Como sabe meu nome?
-Não interessa.
-O Que quer de mim?
-Metúere quid fiet..
-Espera, isso é...Latim! Mas como pode ser possível?

Me virei e já não estava mais lá. Tratei de pegar as cartas e subir.

Abri ela imediatamente. Pra minha surpresa...estava tudo em latim..

-Que droga..

Latim é uma das línguas mais interessantes para mim. Uma parente minha, beeeem mais velha que eu, era professora de latim, mas essa é da família do meu pai, os Tatatatataravós dele eram dessas coisas aí..

Titia contava que eram bruxos, e que sabiam fazer todo tipo de magia. Isso é MUITA fantasia. Apesar de gostar, não acredito que existam. Sério.

Antes de dormir escondi as cartas. E coloquei meu livro de orações e meu Guia sobrenatural ao meu lado.

De manhã acordo com o sol todinho na minha cara. Acho que peguei até um bronzeado...
Desci para tomar café. Nem tive coragem de falar olho no olho com titia, apenas comi, tomei a bênção e saí.

Fui para a escola com a consciência mais pesada ainda. No caminho encontro Roger.

-Oi Kathy
-Ai..Oi.. - disse revirando os olhos.
-Calma, nao vim paquerar você...
-Não? -disse quase sorrindo
-Não, na verdade queria te agradecer, mesmo você não sabendo de nada...Obrigado

Roger deu uma piscadela e saiu dali muito feliz. O que será que eu tinha feito.. será que foi Léo? Bem ele disse que daria um jeito...

Entrei no colégio e logo dei de cara com Dim, literalmente.

-Aii
-Não olha onde anda?..A é você- disse Dim olhando para mim da cabeça aos pés
-Não, é a sua avó!
-Nossa vovó, tomou porção para rejuvenescer?
-Não vi graça
-E era pra ter?
-Para de ser ignorante!
-E se eu não quiser?
-Você só me responde com perguntas?
-Não - fez uma pausa - Algum problema?
-Você é muito marrento garoto!
-E você é muito desastrada!
-Você que é! -digo o empurrando
-Ei -ele pega no meu braço- quem pensa que é pra me empurrar assim?

Senti medo naquela hora, os olhos dele estavam cheio de ódio.
Uma lágrima escorreu em meu rosto amedrontado. Acho que aquilo o acalmou. Ele me soltou e parecia mais sereno.

-O que eu te fiz.. -lhe disse baixinho
-Só não se mete mais no meu caminho garota.

Ele saiu caminhando, e eu fiquei alí, parada, sentada no chão, com um rastro de lágrima em meu rosto.
Senti uma mão em meu ombro.

-Ei garota- não vi o rosto mas eu já tinha ouvido a voz- levanta do chão...

A pessoa me ajudou a levantar, buscou um copo de água, e se apresentou:

-Sou Everton, conhecido de Dim. Desculpa por ele, ele é muito grosseiro. O seu temperamento é forte, e quando ta muito irritado, ele trata as pessoas assim, sem pensar. Você infelizmente pegou ele em uma má hora...

Não falei nada durante um tempo. Fomos para a sala em silêncio. Sentei e abaixei a cabeça. Eu parecia estar ouvindo uma trilha sonora na minha cabeça... Dust in the wind.

Não queria me mexer. Aquilo havia me machucado. Não fisicamente. Nem sei como. Fiquei muito surpresa. Muito assustada. Só não entendo exatamente o porquê.

Ele ficou me olhando durante toda a aula. Tocou o sino para sairmos. Esperei todos saírem. Desabei. Não aguentei. Comecei a chorar. Pai, o que estava me dando?! Porque estava chorando?!

Como eu nunca faço um bom trabalho, ainda havia alguém na sala. Não sabia quem era. Eu só sabia que tinha alguém alí. Sentia a presença de alguém. Não quis olhar, queria somente chorar.

Todos haviam me abandonado. Onde estava Léo? Sofia? Everton? Michael? Todos sumiram. Estava só.

Metúere quid fiet.. Metúere quid fiet.. Metúere quid fiet..

Aquelas palavras estavam grudadas na minha cabeça.

Metúere quid fiet.. Metúere quid fiet.. Metúere quid fiet..

Metúere quid fiet..acabei por adormecer falando aquelas palavras. Metúere quid fiet..